Pesquisando História / Crônica do Cotidiano
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Há mais ou menos dez dias sem encontrar uma fila, hoje consegui fila e história.
Contas miúdas não esperam o feriado terminar, fui à casa lotérica.
Logo chegou uma senhora no caixa ao lado. Daquelas cheias de vivacidade, antigas e perspicazes.
Puxou conversa da maneira usual, se bem que o calor torna Curitiba diferente e traz consigo roupas frescas nesse outono recém-chegado e ainda com temperaturas agradáveis.
Mudou o assunto para a política, mas eu desconversei porque estamos em época de Páscoa e feriado.
Ela se apresentou contando que era sobrinha de Manoel Correa de Freitas, o idealizador da bandeira do Paraná.
Que honra conhecê-la!
Eu fui sincera e disse que pesquisaria a seu respeito.
Tudo o que eu pude conversar foi sobre a referência bibliográfica da história do Paraná, comentários mais antigos que os dos meus pais.
Perguntei quase que sem perguntar, sugeri a questão:
_Getúlio Vargas, pai dos pobres?
A resposta foi aquela que eu esperava:
_Ele criou os direitos trabalhistas. Todos os direitos do trabalhador de hoje foram estabelecidos por ele.
Tristemente, eu não sabia nada sobre Manoel Correia de Freitas.
Por puro experimentalismo, sugeri outro nome: Manoel Ribas.
_Interventor no Estado do Paraná e amigo da escola. Foi durante o governo dele que se criaram muitas escolas.
Ela percebeu a minha insegurança no tema e discorreu sobre a bandeira do Paraná e as suas modificações.
Eu lembro vagamente da discussão sobre as modificações na bandeira do estado. Bandeira de estado é assunto sério e eu lembro que a minha mãe proibia qualquer compra de bandeira para torcer por futebol. Diferentemente dos Estados Unidos, a bandeira do Brasil e dos estados brasileiros não deve ser utilizada em qualquer circunstância. Assim como ela aprendeu, ela me ensinou e obedeci.
Ela insinuou como é que se muda a história.
_Você lê jornal?
_Sim, eu leio jornal.
Aquele logotipo de bandeira estampada na capa é um meio para se mudar a bandeira.
Essa frase me fez pensar na importância da imprensa, no seu conteúdo e ideologia. Essa frase dita por aquela senhora seria tema de profunda reflexão, qual é o papel da imprensa escrita no mundo de hoje?
Ela voltou ao assunto político. Não, não disse do governo federal. Perguntou-me sobre os nossos políticos e as suas intervenções na bandeira estadual.
Eu repeti que iria pesquisar sobre Manoel Correia de Freitas. Eu fiquei sem saber o que dizer e fiquei numa situação difícil para continuar o assunto.
Ela viu a minha perplexidade.
_Observe como um político trata a sua bandeira e saberá muito sobre ele.
Nisso, a moça do caixa da casa lotérica pediu o pagamento. Eu entreguei as contas, mas não o dinheiro.
Ela deu-me o troco e mandou a freguesa que estava na fila entrar no meu lugar.
Disse à senhora ao lado que foi uma honra conhecê-la e desejei Feliz Páscoa!
E nessas entrelinhas, mais de cem anos da História do Paraná estão ditas inclusas os dias de hoje.
É justo que eu deixe nesta crônica algumas linhas pesquisadas na internet sobre Manoel Correa de Freitas:
Acrescento à crônica, uma pesquisa de fonte séria e muito interessante, a qual não ouso copiar, mas deixar o link para a sua apreciação, querido leitor (a):
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