O Turismo de Melissa
Brasileira, vinte e cinco anos de idade, sem namorado, quis viajar ao exterior.
Melissa queria algum país diferente e pegou o avião mais barato, sem se importar com o destino da viagem.
Camelo para cá e camelo para lá, aproveitava cada momento dessa aventura.
Quando se aproximou o dia da volta ao Brasil, a moça quis comprar lembranças para a família e os amigos com o dinheiro guardado para esse fim.
Melissa entrou na loja de presentes e conversava com a gentil dona do estabelecimento, uma mulher adulta de olhos verdes e amendoados, colar de ouro e bastante atenciosa.
Enquanto escolhe os presentes, elogia a atenção dispensada pela lojista.
A lojista cai na risada e pergunta:
_A moça quer se casar com o meu marido?
_Como assim, perguntou Melissa estranhando a pergunta.
_A poligamia é permitida nesse país e quando eu vejo moças bonitas e casadoiras, eu pergunto se ela quer se casar com o meu marido.
Melissa, menos sorridente, disse que não conhecia o marido dela, a lojista.
_Não tem problema, eu te apresento para ele. Vamos até a caixa da loja.
O marido gargalhava junto com a esposa. A esposa perguntou se ele era bonito na visão de Melissa.
O homem era bonito. Olhos grandes e castanhos, cabelos castanhos quase ondulados. Ele era alto e tinha uma voz bonita, nem magro nem gordo, apenas a barriga ligeiramente saliente que completava a figura de bom marido.
Melissa disse que o marido da lojista era bonito, mas ela não estava interessada em se casar; queria voltar para o Brasil com os mimos comprados na loja.
A mulher disse que era uma pena, mas se a vontade dela era fazer compras então ela faria as vendas de boa vontade.
Melissa respirou aliviada e disse que no Brasil nenhuma mulher ofereceria o seu marido para se casar com outra mulher.
A lojista pediu que a moça escolhesse os presentes enquanto ela contava a sua história.
_Está bem.
“_Quando eu nasci, a minha mamãe e o meu papai me prometeram, em casamento, para a família dele. Eles me ensinaram que eu iria me casar com ele desde que aprendi a falar. Enquanto eu era criança eu achava essa história de não ter que procurar marido uma história linda.
Mas, quando eu cresci e cheguei perto da idade de conhecê-lo para me casar, eu fiquei muito triste. Uma amiga da minha mamãe ensinou-me como agir em caso de desgosto e me deu um roteiro a seguir: eu me casaria, teria um filho em seguida e, depois da criança desmamada, eu arranjaria uma segunda esposa para ele. O marido é obrigado por lei a manter casa para todas as esposas e filhos no meu país e, até é sinônimo de posição social manter uma dúzia de esposas, é sinal de riqueza.
Eu estava prometida e aceitei todos os conselhos porque não queria desagradar o papai e a mamãe, muito menos as nossas tradições.
Fizeram uma grande festa no dia das apresentações. Eu estava contrariada, mas conformada, pensando na segunda esposa.
No momento em que eu o vi, no entanto, eu o achei o jovem mais lindo com o qual jamais sonhei. Eu o olhei mostrando o quanto ele me encantava e, o melhor aconteceu: ele correspondeu ao meu olhar.
Casamos-nos fazendo juras de amor. Quando eu tive o meu primeiro filho, eu não me contive e pedi perdão a ele por ter pensado em arranjar uma segunda esposa. Ele riu-se porque tinha planejado ter várias esposas e não conseguiu sequer olhar para qualquer mulher depois que me conheceu.
Mas, como marido, podia mandar em mim e tinha que me dar um castigo; são os nossos costumes.
O castigo que ele me deu foi esse de perguntar a qualquer mulher bonita que, porém, não fosse do nosso país e não tivesse os nossos costumes, se ela se casaria com ele. Ele não queria nenhuma outra mulher na vida dele além de mim.
No começo, eu fiquei aborrecida, mas a cada vez que eu perguntava para uma estranha se ela se casaria com ele, ele considerava uma prova de amor e me presenteava com safiras e correntes com jades e rubis”.
Melissa ouviu a história encantada com o carinho de um para com o outro. Mesmo assim, perguntou para a lojista se, por acaso, tivesse acontecido o contrário, ela não gostasse dele ou, ele não gostasse dela.
_Somos um povo sábio, temos a poligamia para as questões matrimoniais.
Melissa sentiu saudades do Brasil, não se acostumaria por lá.
Comprou os presentes, pagou e para surpresa, recebeu um abraço afetivo e um beijo no rosto e o marido disse que era sinal de gratidão por ela não ter querido se casar com ele. Pelos costumes deles, se ela aceitasse, ele teria que se casar com ela, querendo ou não.
Melissa disse que ela não era dali e que anteriormente ela tinha dito que ele não poderia se casar com gente de fora.
_Mas você é tão bonita! Tenho certeza que você será feliz.
Sem saber o que dizer, Melissa agradeceu a consideração e gentileza, mas caiu fora dali o mais rápido possível.
3 comentários:
Nooooooossa, que horror.Tem mesmo Melissa que cair forra de um lugar assim,rs beijos,chica
Oi Yayá,
Costumes e tradições são a marca de cada região e de seu povo!
Bonito conto!
Felicidades para você!
Assim beleza,esse turismo!
a vida é bela para se viver
nas coisas belas acredito
o que você escreveu, gostei de ler!
Um abraço.
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