Aristotélica Senhora / Filosófica crônica
Eu estava em lazer quando a senhora sentada Na fila da frente do cinema, disse sobre Aristóteles.
Frases e mais frase que ela havia decorado através dos seus estudos de filosofia.
Não sei quem ela era e não perguntei, não ousaria interromper o monólogo brilhante com o qual ela desenvolvia aquele raciocínio.
Quando ela disse a conclusão sobre tudo o que havia lido, senti uma vontade imensa de conversar com ela, mas me contive porque a minha maneira de ver a espiritualidade é diferente da dela e ela estava derivando a conclusão esplêndida por caminhos que faziam com que o pensamento se diluísse.
A conclusão eu decorei e compartilho:
“Ninguém toma decisões sem que essas decisões sejam fruto do conhecimento adquirido ao longo da sua existência”.
Lembro-me das citações várias dos livros de filosofia lidos, mas o desenvolvimento do pensamento foi interessante, pois disse ela que desde o seu nascimento o ser é impregnado de cultura.
Mesmo sem ter consciência da cultura que o envolve, o bebê aprende comportamentos e, segundo ela, aprende também o conhecimento das pessoas que o rodeiam mesmo com a consciência em desenvolvimento.
Segundo esse raciocínio, todas as atitudes e decisões tomadas pelo ser humano tem um grau de sabedoria desconhecida da aprendizagem efetiva, seja aquela aprendizagem familiar ou a escolar.
Para Aristóteles existem seis formas ou grau de conhecimento: sensação, percepção, imaginação, memória, raciocínio e intuição.
Nesse caso a aprendizagem e contínua durante toda a existência, mesmo para aqueles que não estão nos bancos escolares, mas que convivem em sociedade. Ela discursa também sobre a aprendizagem virtual, aquela que se obtém pelas redes sociais, cuja mudança comportamental ainda está a ser observada.
Mesmo amando Aristóteles, disse da necessidade que ela tem de ler outros filósofos.
Não contente em contar de Aristóteles, coloca Descartes em desconforto.
Disse que Descartes engessa o pensamento filosófico do conhecimento o colocando em linhas cartesianas como se fossem caminhos de aprendizagem.
Eu, pessoalmente, gosto dos filósofos matemáticos pela exposição e confirmação das suas teorias na prática.
Quando ela derivou o seu raciocínio dizendo que a filosofia da existência não se contém em cartesianas, a minha atenção se dispersou.
Comecei a divagar sobre todo o raciocínio matemático envolvido nesse mesmo plano aristotélico de conhecimento.
De onde concluí que a tomada de decisão consciente vem da lógica do indivíduo formada também através de toda a aprendizagem empírica das percepções, imaginações, intuições e ideações.
As conotações sociais das quais ela disse, eu relevo ao segundo plano, embora em parte concorde que haja um engessamento nas ideias do conhecimento à medida que se bitola e se restringe o pensamento a apenas uma determinada corrente filosófica, a corrente filosófica das épocas em sua cronologia ambientada.
Nesse texto, retiro totalmente a conotação das espiritualidades envolvidas na filosofia pelo fato do tema discorrido ter sido deveras interessante e enriquecedor.
E, lamento não ter anotado todos os outros filósofos que corroboram os ensinamentos.
O filme era de aventura e o bem se saiu bem, conforme o esperado.
Posso dizer que se eu a encontrar novamente, a convidarei para uma conversa. Mas, aí me veio o seguinte pensamento que me deixa em dúvida: discorreria ela tão brilhantemente se não estivesse à vontade para falar, sabendo-se ouvida?
Para mim, foi ótimo. Pena que a amiga que estava com ela, adormeceu durante o filme.
2 comentários:
As bitolas.
Sistema de medida esclerosado de pensamentos.
Penso eu.
Certo, no infindavel procurar o certo, se socorrem da coisa vivida de outrora.
Falei de modo ligeiro, mas...
Obrigado Yaya por este sinal.
Ler filósofos é interessante e instigante. Dialogar sobre os mesmos aproximando-os ao contexto século XXI - é uma arte.
Abraço.
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