As Amigas
Era uma vez duas amigas cuja amizade equivalia as de irmãs. Cresceram, casaram e trabalhavam. As duas amigas tiveram uma filha cada uma.
Renata e Roseana eram os nomes das meninas.
Ainda estavam na tenra infância, ambas por volta dos seus quatro e cinco anos de idade, quando mostraram às suas respectivas mães que não queriam brincar juntas.
À medida que cresceram os problemas das mães chegava a ser divertido e até mesmo ridículo para as mães.
No dia do aniversário da Renata, a Roseana dizia à mãe que ficaria em casa, preferia dormir a ter que encontrar-se com a Renata e a turma de amigos que iria à festa da outra.
No dia do aniversário da Roseana, a Renata dizia que iria ao aniversário da Roseana porque era melhor que a filha da amiga da mãe, estudava na melhor escola e gostaria de apreciar as simplicidades da outra.
As coisas e os assuntos não andavam bem entre as garotas, mas as mães obrigavam as duas a serem amigas.
A tragicomédia aconteceu no dia em que as mães quiseram que as duas estudassem juntas. Na prova, Roseana tirou uma nota alta e ficou entre as primeiras alunas na escola.
A Renata não se conformou, tinha usado o nome da sua escola para irritar a filha da amiga da mãe durante toda a infância. E, naquela hora em que as duas mudaram de escola e ingressaram na mesma escola, a Roseana tirou a melhor nota.
A Renata teve que procurar outros meios para se autoafirmar perante a sua turma em posição contrária à Roseana.
A Roseana, também em autoafirmação, usou e abusou das cores nas roupas e no jeito diferente de ser.
O mundo adula as divergências, estimulando a competição, criando as torcidas adversárias e, lucrando com elas. Tanto é que os jogos esportivos são fonte de sobrevivência para muita gente, até mesmo a sorte grande na vida de alguns poucos.
O jogo das meninas, como todo o jogo, teve uma vencedora. A mais preparada para o jogo era a Renata.
Renata exultou e, Roseana, também, à sua maneira, porque o que ela queria mesmo era ficar longe da Renata.
Renata foi em frente e seguiu o seu caminho com mérito.
Roseana, não. Enquanto as mães lidavam com as divergências, Roseana foi cercada por gente que a ajudava a enfrentar o prejuízo que o seu futuro escolar havia sofrido.
Algumas irmãs de caridade do antigo colégio onde a Renata estudara encontraram uma maneira de conversar com a Roseana e disseram a ela que a sua mãe estava equivocada. Haviam sido professoras da Renata e sabiam os métodos de autoafirmação da menina, diziam que eram métodos pouco cristãos. Contaram que colocaram como colega de sala de aula da Renata uma menina órfã, para ver se ela amenizava aquele jeito de ser, mas que de pouco adiantava.
Os pastores evangélicos não foram omissos após saberem dos prejuízos escolares, pois Renata havia conseguido deixar Roseana em má situação dentro da escola, fazendo com que ela aprendesse menos, com o objetivo de que a Roseana aprendesse a nunca mais tirar notas mais altas do que ela, e os professores colocaram como colegas de sala de aula para a Roseana meninas luteranas, com as quais Roseana conviveu harmoniosamente.
Ainda hoje há uma bonita amizade entre um padre da paróquia da Igreja Católica com o pastor de uma Igreja Luterana, as igrejas conversam.
Renata é uma empresária de sucesso e Roseana é pintora de quadros e ambas são felizes, separadas.
Onde não há amor, não existe motivo para relacionamentos.
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3 comentários:
Lindo conto e com uma bela reflexão e constatação ao final! beijos,chica
Yayámiga
A Amizade é uma das coisas melhores que o Mundo tem. Por vezes chega por caminhos invios - mas chega.
Se já temos o Mundo que lamentavelmente temos, que seria ele sem a Amizade?...
Qjs
Começo por onde termina:
- Onde não existe amor não existe nada
Uma boa amiade é o caminho para uma vida colectiva equilibrada no respeito e na diferença.
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