Sem Conversa Fiada / Crônica do Cotidiano
Parei no Shopping para fazer lanche. Muita gente frequenta os Shoppings Centers nessa época.
Na mesa ao lado, dois vendedores, também consumidores. Eles conversavam sobre estratégia de vendas.
A vida deles é diferente de tudo aquilo que estamos acostumados a ouvir quando o assunto é emprego.
Compartilho as curiosidades sobre o modo de vida deles.
Vendedores ganham o salário fixo mais uma porcentagem sobre a comissão nas vendas. Os meses de janeiro e fevereiro são os mais difíceis porque os compradores são escassos nas cidades. Eles têm novembro e dezembro para fazerem a comissão de janeiro e fevereiro.
Eles conversavam sobre não oferecer aos clientes os produtos mais caros, mas os produtos de médio preço para sentirem o quanto o consumidor está disposto a pagar pelas compras. A partir da reação do consumidor, eles ofereceriam produtos mais sofisticados ou mais baratos, contando que todo consumidor quer o melhor produto pelo menor preço, eles querem o maior número de consumidores possível no espaço físico nas lojas.
O que observei de interessante é que eles fariam comentários dentro da loja para impedir que nos anúncios estivessem os produtos mais caros. Eles chamaram de anúncios “espanta freguês”. Aos vendedores do mercado voltado para a chamada classe média não interessa vender poucos produtos sofisticados.
Clientes especiais se dirigem às lojas especiais e diferenciadas voluntariamente, não precisam de anúncios com ofertas. As indicações de amigos frequentadores do mesmo ambiente é a melhor propaganda para esse público.
Jamais pensei que os vendedores são os melhores amigos dos consumidores, levando o preço para baixo e deixando as parcelas acessíveis para os consumidores.
O comerciante tem que ser bom negociador, ele ouve as sugestões e os comentários dos subordinados ávidos pelas comissões.
Os comerciários sabem que o cliente gosta do desconto no final da compra, quando possível. Eles ficam atentos aos preços e aos descontos oferecidos pela gerência.
A conversa não os cansa, eles possuem desenvoltura no diálogo com o seu cliente. O cliente é que tem que saber a hora de sair da loja e a quantidade de produtos que deseja comprar.
No caso específico da conversa, aprendi muito.
O dono da loja colocou um produto no anúncio com a prestação de R$900,00. Os amigos combinaram boicotar esse produto. Segundo eles, quando o freguês compra algo que cabe no orçamento, ele volta; mas, quando ele sente dificuldades no pagamento das parcelas, ele não volta à loja.
Os vendedores podem fazer com que o cliente se deixe levar pela emoção, mas esses que eu tive o prazer de ouvir eram absolutamente contra essa opção. Querem ter preço, qualidade e um consumidor que possa confiar nas suas indicações.
Eles conseguiram em poucos minutos de conversa substituir um professor de vendas. Eles eram a prática bem sucedida.
Eles terminaram o lanche antes de mim. Saíram às pressas e dali em diante seria o bom tempo da oferta, da procura, da competição leal e das pressões sobre o dono da loja.
Sorte do consumidor que os encontrar.
Um comentário:
Tenho isso dentro de casa... muito papo de filho vendedor - de emoções, de sonhos, como você descreve!
Beijo.
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