Café Espresso Della Mamma / Crônica do Cotidiano
Espresso com dois esses porque está escrito em italiano, a moça do café me explicou quando eu perguntei se não seria um xis ao invés de dois esses.
Entre o xis e os dois esses conversados no balcão, chegou ao atendimento a senhora de quase setentas anos de idade, dizendo:
_O seu café não é barato, embora seja de qualidade. Estou com o meu filho à mesa e ele gosta do café espresso com uma pitada de leite para quebrar o amargo característico desse tipo de café.
Estava no balcão, num banco digno de um designer de móveis e olhei para ver o filho da senhora. Afinal, qual seria o problema dele para que precisasse que a senhora fosse ao balcão providenciar o café para ele.
Fiquei pasma. Um homem bem vestido, com calça social e camisa social esporte, de boa aparência e encabulado. Nem pálido e nem corado, encabulado. Quarenta anos.
A mãe verificava o café enquanto a moça o preparava, mas ainda disse:
Quero-o numa bandeja adequada e eu mesma o levarei para a mesa. Por certo que não existem proibições das mães levarem o café para o filho nesta confeitaria.
A atendente disse que não.
Enquanto a mãe falava, olhei para a mesa mais uma vez.
O homem balbuciava baixinho, mas deu para ler o que os seus lábios diziam:
_Mamãe não tem jeito.
Ao perceber que eu olhava para a mesa, a senhora olhou firme nos meus olhos.
Eu tomei o último gole de café e desejei uma linda tarde para as moças da confeitaria.
O café sempre vale a pena, mas eu prefiro o clássico. Hoje tomei espresso.
Ele que aproveite a companhia da mãe, seja ela carinhosa como quiser.
5 comentários:
Olá Yayá, e que tudo esteja bem!
Pois é prezada Yayá, existem mães que jamais deixam de serem mães, não importa onde estão, ou a idade dos filhos, ela é a mãe e pronto!
Uma bela escrita esta que compartilha por cá, aliás, sempre que cá venho eu encontro belos textos cá compartilhadas, fico agradecido por isto!
E eu agradeço também pelas gentis visitas e comentários e também pela amizade, e assim deixo meu desejo para que seja sempre tão intenso e feliz o teu viver, um grande abraço e, até mais!
Liberdade, por favor! Imagino a cara de desencanto desse filho com a atitude dessa supermãe! Sutilmente, sua crônica abre-nos os olhos, Yayá!
Abraço.
Fiquei imaginando se o 'menino' não quisesse fosse um conhaque àquela hora, e a 'mamãe', que não tem jeito...
Grande abraço.
Gilson.
Não bebo café, mas aceitaria de bom grado esse gesto materno.
Seria também capaz de depois lhe retribuir com outra coisa socialmente para que ela se sentisse envaidecida .
Mãe não tem jeito...mas tem amor sem limite.
Filho tem respeito e aceita porque sabe quanto isso dá alegria e prazer à mãe.
Tomara ainda ter mãe e todo esse carinho que se bebe com café ou até com um chá e torradas.
Buona domenica...ciao
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