Quando o Elogio Cai Bem
Os elogios não são bem recebidos pela grande maioria das pessoas. Elas ficam desconfiadas e já presenciei gente perguntando o porquê da boa vontade.
Não é natural que esperemos dos nossos semelhantes às reclamações e as críticas, mas o comportamento sincero não exige tanto de nenhum de nós. Afinal, aborrecer aos outros não traz bem estar a ninguém e evitando comportamentos desnecessários, a convivência se torna melhor. Às vezes é absolutamente necessário que as reclamações sejam feitas, mas esse não é o ponto da reflexão.
Elogios são recebidos como eufemismos e ironias quando nem sempre o são.
Estamos na época adequada para reflexões, pois a época do final de ano se aproxima, aproximando todas as pessoas; são aglomerações em todos os locais.
Hoje, entrei numa loja e, a vendedora, gentilmente cedeu cadeiras para que aguardássemos os atendimentos sentados.
Nós nos organizamos e sentamos nas cadeiras e, naturalmente nos dividimos por idade e sexo, ficando a fila composta de uma senhora nos seus setenta e poucos anos, eu, na idade madura, a jovem e o cavalheiro, também maduro.
Descreverei um pouco mais: a senhora mais velha estava com o cabelo no tom louro acinzentado, quase branco; eu, bem, a foto do blog diz tudo; a moça de tez ligeiramente morena e o senhor maduro; louro de olhos azuis.
As vendedoras suavam para atender todo o público e nós conversávamos amenidades.
De repente, uma delas ficou aflita com as cadeiras ocupadas na sala de espera, sabendo ela que demoraria uma hora para chegar a nossa vez.
Nervosa com a fila, a vendedora chegou até nós, para nos convencer a ficarmos na fila. Sem saber como se explicar pela demora, me olhou e disse de boa vontade:
_Vocês formam uma linda família. A senhora está de parabéns pela educação e gentileza com que mantém a família unida.
Todos nós rimos.
A senhora de idade logo disse que não formávamos uma família, embora a conversa estivesse agradável e as companhias excelentes.
A moça despediu-se da avó e disse que tinha um compromisso urgente e inadiável.
O homem maduro olhou para mim e disse que não seria uma má ideia.
Eu disse com um sorriso envergonhado que não era essa a ideia ao entrar na loja.
Moral da história: passei a minha vez para a senhora, uma obrigação minha para com ela. Ela foi terna e disse que eu era muito querida, agradecendo o gesto.
A moça me chamou, mas o produto estava no estoque e eu teria que esperar até que o encarregado fosse pegar o produto.
Passei a vez para o homem maduro.
Ele foi ao atendimento sorrindo com aquele ar maroto.
Eu até sorriria, não fosse adentrar no recinto um casal francês com dificuldades para se expressar.
O marido talvez desejasse perguntar se eu estava na vez porque ele, mui gentilmente, não gostaria de ser atendido antes de uma senhora que estivesse na fila.
A vendedora, ao ver a situação correu para atendê-lo, mas ele não quis o atendimento sem a minha resposta.
Eu fiquei desesperada, não sei nada sobre o idioma dele.
Fiz a única coisa que poderia fazer:
Olhei para o casal igualmente e disse em inglês:
_Sorry, I don’t speak French. Please, take your chance.
Ainda bem que ele entendeu. Ficaríamos mais uma hora na fila se ele esperasse pela minha resposta em francês.
Que sufoco! Que delícia.
5 comentários:
cotidiano bem observado querida..
beijos e boa semana..
Que lindo conto, sempre gosto de ler seus contos minha amiga, prendeu -me a atenção!
Abraços e tenhas uma linda semana!
Esse dia a dia que só você, Yayá, tão bem sabe contar!
Coisas simples que observa e transforma em lindas mensagens.
Um abraço.
Sempre muito bom te ler.Mesclas o cotidiano sabiamente!beijos,chica e linda semana!
Estamos sempre propensos a querer melhoras um dos outros. Sempre olhamos para nossos filhos por exemplo e vemos o que precisam melhorar e esquecemos de elogiar....sempre esquecemos.Somo acostumados a criticar, a corrigir, e esquecemos que todos nós temos qualidades. Precisamos melhorar nossas avaliações e vermos com os olhos da alma e não os olhos carnais. bjos.
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