Alexia se sentia mal ao se dirigir ao ponto de ônibus e saber que se encontraria com Noêmia, conhecida que morava a algumas quadras da sua casa. Elas se cumprimentam e não dizem uma palavra uma à outra durante o trajeto que as leva para o bairro onde moram. Ambas têm a mesma idade, 22 anos e se conhecem desde pequenas e, no entanto, nunca se falaram. Hoje ela acaba com qualquer mal entendido que possa haver. Chega ao ponto de ônibus e puxa conversa com a Noêmia:
_Oi, Noêmia. Eu te conheço há tanto tempo, mas nunca conversamos. Eu preciso conversar com você, eu preciso descobrir o porquê não somos amigas e mal nos falamos se jamais houve nenhuma discórdia entre a gente. Somos semelhantes em alguns aspectos e, sinceramente, eu não entendo o que há e me sinto mal com isso.
Noêmia disse que sabia e perguntou se poderia dizer sem que ela se magoasse. Disse que também se sentia mal por não revelar o que a incomodava.
Alexia disse a Noêmia para que dissesse.
_Está bem. Somos bonitas, cada uma ao seu modo. Somos corretas, somos sinceras e temos famílias estruturadas.
Alexia concordou com Noêmia e ela continuou a explanação:
_Mas eu sou competitiva e você é cooperativa; eu faço o tipo conectada e você, desligada. Eu não consigo conviver com toda essa cooperação e união para atingir um objetivo. Geralmente, eu alcanço o meu objetivo e depois o compartilho; eu prefiro o antagonismo e você, o protagonismo. Eu descubro sobre você e o que você faz; eu me importo com tudo o que acontece a minha volta e, você com o seu jeito pacifista, que respeita a minha atitude e as minhas decisões, e não procura saber de mim, a menos que eu esteja precisando de ajuda para você providenciar essa ajuda.
Alexia disse nesse momento que o comportamento da outra não era da sua conta e não a irritava não saber da rotina dela.
_Essa sua boa disposição com o próximo, digo e peço desculpa antes de o dizer, é insuportável. Sou sincera e até gosto de algumas das suas qualidades, mas não consigo conviver e não quero mais me sentir culpada por isso.
Alexia concordou:
_Gostei de saber. Pensava que não éramos amigas porque éramos muito iguais. Agora sei que, embora tenhamos pontos de vista comuns, seremos mais felizes distantes uma da outra.
Tanto Alexia quanto Noêmia, se sentem mais leves e seguem felizes por não serem amigas, mas pegam o mesmo ônibus e não puxam conversa.
13 comentários:
Eu sou a pacifista...rsrsrs...
Menina, é isso. Respeitar os olhares, eu vejo colorido o outro em preto e branco e daí. Somos seres humanos Jesus nos ama.
Bóh poderia fazer outro post comentando a maravilha que vc escreveu.
Sábias palavras, como sempre.
Abraço
Tenho vizinhas assim, mas ja tentei puxar conversa e so respondem secamente sem seguir com o dialogo, e acabei por desistir, tenho colegas de trabalho que frequantamso juntos o mesmo espaço, ja tentei puxar assunto, ate de mesmos momentos no trabalho, sao curtas e grossas, pensam que sabem mais e que sao melhores, pois em suas falas, passam isso...Sou amigavel e tento de um tudo para ser pelo menos uma pessoa aceitavel, mas e muito dificil, o ser humano esta sempre com um pé atras, desconfiado, se voce e boa demais, acham que e puxa saco, se e isolada, acham que e anti social, sei la....tudo muito doido...mas e dai vamos tocando, fazer o que ne? Bjin
interessante este texto, ate pq sempre ouvimos dizer que pólos opostos se atraem.
leitura divertida.
beijinhos
Aceitar o outro em sua totalidade, com suas qualidades e defeitos... dar a outra face... saber ouvir e contemporizar é uma arte. Vejo que na diversidade está a beleza desse planeta. Não precisamos ser "samaritanos", mas no mínimo éticos. E, não há necessidade de buscarmos exemplos muito distantes, pois dentro de um lar, de uma família... quantos não se falam, não se olham, não se ouvem!! Contradições humanas? Talvez! Beijo da Célia.
Muito legal esse texto, Yayá! Ousadia à parte, respeitar a individualidade do outro é sempre a melhor forma de se viver...sabe, tipo: cada um no seu quadrado...
Abração Yayá!
Cada um tem seu ponto de vista, as opiniões nem sempre são as mesmas, ninguém é obrigado a aceitar o jeito do outro, nem se fossem amigas teriam que aceitar, teriam sim que passar a respeitar e a conviver com as diferenças, lindo texto, beijos e boa noite!
Por mais que as pessoas tenham afinidades, o modo de lidar com os sentimentos pode, realmente, afastá-las. Foi o que depreendi de seu excelente texto.
Bjs.
Ótimo texto, e que nos leva à reflexão.
Yayá, obrigada pela visita e pelo carinho.
Tenha um lindo e feliz restante de semana.
Fique com Deus.
Beijos,
Cid@
Vim ver o seu blog recomendado pela Wal do Céu Aberto.
Amei o primeiro post - fica na sua que eu fico na minha, cada uma no seu quadrado respeitando suas diferenças.
Volto depois para ler mais.
beijos
Bom dia,Yayá!!
Belo texto!
Acontece muito...uma questão de sintonia, muito mais que diferenças...
Beijos!
rsrs
Gostei muito, realmente a gente passa por situações semelhantes em nossa vida, sem entender o porque de não conseguir se relacionar com determinadas pessoas.
Mas nesse caso, é bem melhor não ser amigos mesmo.
Beijos de uma deliciosa sexta pra ti.
CLAP CLAP CLAP,
muito bom, gostei muito da capacidade de construir tão claramenteo os personagens com tão poucas linhas.
JOPZ
Encantador esse seu jeito de escrever sempre com ilustração adequada. Fico a meditar no assunto exposto.
Postar um comentário