Alexia / Miniconto
Alexia é uma agente secreta dos filmes que ainda não foram feitos.
Ela ainda não conseguiu o destaque do James Bond e nem do Maxuell Smart.
Em busca do sucesso, decide descobrir a origem do coronavírus.
Conhece Xing Ling, um homem que é bom vendedor, pois ela tem um defeito de estilo e gosta de quinquilharias baratas.
Alexia vai à loja de produtos baratos e se encontra com Xing Ling.
_Olá, senhor Xing Ling. Com essa máscara que usamos ambos, o senhor permite que eu lhe faça uma pergunta?
_Freguês deve perguntar para não comprar e depois se arrepender.
Alexia, perspicaz, pergunta:
_O senhor me desculpe perguntar, mas o sr. acha que o coronavírus foi fabricado na China?
_Ah, só se foi encomendado, senão, não.
Alexia, se entusiasma e pergunta:
_Encomendado? Por quem?
_Por qualquer um que tenha dinheiro suficiente para encomendar um vírus, esse produto é muito caro, tem que ter muito dinheiro.
Alexia se torna maliciosa:
_Não seria algo feito por um governo, sr. Xing Ling?
_Ou uma empresa holding, dona Alexia.
Alexia acha que o sr. Xing Ling usou da mesma malícia que ela na resposta.
_Por que uma empresa holding faria uma coisa dessas, sr. Xing Ling?
_Porque a minha experiência diz que tudo se vende aqui na loja. O coronavírus vende ideias, vende produtos de limpeza, vende serviços de desinfecção, vende muita coisa. Eu não sei quem lucra, mas sem lucro não há negócio. Se alguém fabricou esse coronavírus, está mais rico do que antes.
Alexia provoca o sr. Xing Ling:
_De que adianta o lucro se não há vida?
O sr. Xing Ling sorri.
_Se alguém fabricou o vírus é porque sabe a cura, ou pensa que sabe, mas se o possível fabricante do vírus for virulento, ele não deixa a cura do vírus ser fácil, porque o fabricante também quer dinheiro, e a essa altura deve estar bem longe dos produtos mais vendidos para combater a pandemia, mas algum lucro ele conseguiu.
_Sr. Xing Ling, o senhor pensa que o mundo gita em torno de dinheiro, mas e o sofrimento das pessoas com esse número altíssimo de mortes, como é que o senhor vê essa questão?
O sr. Xing Ling fica sério:
_Essa é uma questão ecológica. Não é para quem tem loja de produtos bons e baratos. Eu não me atrevo a dizer do que não sei. Eu cuido do meu lixo e colaboro com a cidade limpa.
Alexia retorna a questão:
_Sr. Xing Ling, um governo não lucraria com o vírus, acho que poderia pensar em dominar o mundo todo.
O sr. Xing Ling meneou a cabeça negativamente:
_ Dona Alexia, a senhora acha que governante não pensa em lucro, mas todo governante pensa que um dia pode não ser governante, e para isso quer dinheiro. Governo não financia a criação de um vírus a menos que tenha uma empresa holding patrocinando essa criação.
Alexia ficou sem perguntas para fazer e desabafou:
_Eu queria descobrir de onde veio o vírus, mas pelo visto não conseguirei.
O sr. Xing Ling a confortou:
_Eu sei que não posso descobrir. Eu sou lojista. Eu não sou da área das ciências. Como é que eu vou descobrir? Mas eu vendo máscara e garanto que é de boa qualidade, fabricada aqui mesmo e bem barata. A senhora continua usando máscara e eu também. Nós somos os chamados pequenos, e o vírus é coisa de grandes.
Alexia, incapaz de ser cinematográfica, se despede do Sr. Xing Ling:
_E os outros sr. Xing Ling? E os outros?
_Os outros entram para as estatísticas infelizmente ou felizmente, dependendo do veículo com o qual saem dos hospitais.
O sr. Xing Ling, ao ver a cliente estar se dirigindo para a porta cabisbaixa, a chama:
_Eu não gosto de ver cliente saindo triste da minha loja. Pegue no pote uma gelatina embalada de fábrica e sem vírus, e volte sempre.
_Voltarei sr. Xing Ling, eu gosto de vir aqui.
_Pelo menos conversa eu tenho.
Era verdade, o tempo havia passado e ela ainda tinha o que fazer, comprar desinfetantes.
Assim acabou a apagada história da Alexia.
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