De Todo Gênero / Crônica de Supermercado
O supermercado me conta do que se passa, e as pessoas das suas respectivas situações.
Pensei ter conseguido um horário calmo, mas que nada, o supermercado estava lotado e os medos são muitos.
O primeiro medo é o do coronavírus, uma epidemia realmente perigosa.
A televisão mostra uma tela com meia tela com pessoa e meia tela com o olho do gato piscando. Eu achei adequada a tela, porque nas horas em que as pessoas estão reunidas com um objetivo comum, seja durante as compras de final de ano, seja nos feriados ou em momentos tristes, o que as autoridades, nesse caso, especificamente a polícia e os seguranças advertem para que se cuidem dos pertences, concordo que é hora de tomar cuidado.
Passa um moça no corredor, com máscara e retira a máscara para espirrar com o rosto voltado aos consumidores, é o tipo de atitude que mereceria que ela fosse retirada do local.
Observa-se parte dos consumidores comprando entre quatro a cinco dúzias de ovos, mas esses consumidores têm uma boa justificativa, pois são profissionais que vendem serviços como manicure, e sem clientes não poderão comprar comida. Existem locais onde obriga-se o fechamento desse tipo de prestação de serviços, pois cada região se comporta e decide de maneira diferente sobre a prevenção contra o vírus.
Caixas de leite também estão saindo muito, e também há um motivo, pois quem tem crianças em casa, não quer muita bagunça na vida das crianças, e muito menos levá-las ao supermercado, onde poderão ter contato com o vírus.
Alguns clientes estocam comida por não terem ideia do dia de amanhã, se vão poder sair de casa, ou se será necessário uma autorização para ir ao supermercado.
O comportamento que se observa, ao menos por enquanto, é o de uma maré humana que se revela nas prateleiras, que se esvaziam e se repõe.
Outro problema é que nessa maré, às vezes não se consegue comprar tudo o que se precisa, e se tem que voltar noutro dia para terminar a compra.
Não se pode culpar um ou outro político, porque, conforme disse ontem, eles estão cuidando da turbulência, coisa que facilmente se pode observar nos noticiários dos jornais nacionais, mas também nos jornais estrangeiros, para quem tiver interesse.
Nem mesmo a China é a culpada, mas parece que a culpa é do marsupial morcego, que conseguiu transmitir a sua zoonose para um humano, que coincidentemente morava na China, e sem saber que era um transmissor, contaminou o mundo inteiro. O Conde Drácula ressurgiu nessa personificação malévola de um homem-morcego que, sem querer, acabou por pertencer ao pior lado da humanidade, mas um parasita ganhou o Oscar do cinema, que tragédia!
Também observou-se gente que não tem dinheiro para os ovos a mais, e carregou no arroz, no feijão e na farinha.
O moço do caixa observou que no Brasil não pode acontecer o que acontece na Itália, e justificadas são essas medidas.
Voltei abismada e estupefata com a situação que se atravessa mundo afora, ou pelo menos nos países onde os supermercados contam ao dia a dia.
Liguei o rádio para espairecer, e pareceu-me uma risada cínica a que ouvi após as notícias informativas da situação. Não digo isso para criticar uma jornalista, mas para dizer do perigo que é uma pessoa considerar-se mais inteligente e esperta que toda essa gente que não sabe e não tem como se defender, porque ninguém sabe dos próximos capítulos. Ninguém de bom senso escreveria uma novela dessas para determinar um final pessoal objetivamente claro, e se tiver alguma novela que permeie o que acontece no momento, não se sabe o autor e nem o final.
Certa vez eu ouvi uma história na qual algumas pessoas morreriam, mas que o final seria bom para a humanidade, mas eu retruquei que não existiria tal história porque a história, embora que se repita em parte, é dinâmica e os fatos se sucedem independentemente da vontade de um ou outro pensador.
Sei que a situação é complicada, e que escrever me permite desabafar, fazer uma catarse do nervosismo ao presenciar tantas histórias convincentes, e é bom poder compartilhar esses momentos com alguns leitores que tenham a paciência de ler esse texto.
Grata a quem ler, porque a leitura ajuda a pensar os problemas da humanidade.
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