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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

domingo, 22 de março de 2020

Como Lidar com Ficar em Casa / Crônica

Como Lidar com Ficar em Casa / Crônica


     Ficar em casa e em família pede algo: que ninguém fique pensando muito, porque não é sábado e nem domingo, e a gente está em casa.
     Paro para pensar nesse momento, porque a semana pede mais, inclusive jogar o lixo lá fora e respirar por um e dois minutos o ar fresco com um vento levemente frio que começa a aparecer.
     Observar a casa e verificar algo que possa ser feito, como trocar a torneira do filtro da água.
     Disciplinar-se quanto ao uso da internet, pois se forem muitas horas, uma sensação de tédio e cansaço aparecerá.
     Pregar um botão ou trocar um zíper de uma roupa que se gosta, mas que precisa um pequeno reparo.
     Polir os cds, ou para quem tem prata, a prata, ou passar aquele produto ótimo que deixa toda e qualquer maçaneta de porta com jeito de nova. Passar óleo ou cera nas portas.
     Agora, se tiver um ataque de nervos, compre um quilo de cimento para rejunte, uma faquinha de plástico e um potinho de geladeira, igualmente de plástico e refaça o rejunte dos azulejos com muita calma. Depois escute:
     _A senhora quis decorar o banheiro com rejunte?
     Nem sempre se recebem elogios por um banheiro quadriculado.
     Há muito que fazer dentro de casa.
     Na última vez que fui ao supermercado, o atendente me contou que passou a noite lidando com água sanitária e pano de chão e que a casa dele estava totalmente limpa. Ele tinha ido dormir às quatro da manhã, acordou às seis da manhã e foi trabalhar, segundo ele com a sensação de morar num hotel de primeira, porque embora fosse pequena a sua casa, ela estava brilhando. Contou também que a família ficou de bronca com ele, mas ele disse que estava sendo útil para toda a família e, enfim ninguém dormiu na casa dele porque não quis porque pano de chão e água sanitária não fazem barulho.
     O fato é que se tem que ocupar o tempo com coisas úteis e que ajudem toda a família, ou seja, aqueles que moram na sua casa.
     Outra atitude que pode ajudar nessa obrigação de ficar em casa em prol da saúde mundial, é não obrigar quem está próximo a gostar das atividades que você gosta. Cada um que faça o que achar melhor, mas sem obrigar quem está ao lado a participar da atividade. O atendente do supermercado passou a água sanitária pela casa inteira e não pediu para ninguém ajudar, mas ele ajudou todos.
     Essa pode ser uma atitude de devoção ao outro que está perto de você, assim como todos recebem sugestões de todos.
     Trocar mensagens com os demais ajuda muito nesse período, e não digo da internet, mas alguns poucos diálogos à distância são profícuos, mesmo que se fale em voz alta, afinal o momento permite.
     Organizar as bugingangas, tais como, fita veda-rosca e fita isolante, chaves de fenda e congêneres é uma ótima sugestão para os homens.
     Esse tempo é uma oportunidade para se melhorar a casa e os diálogos dentro de casa.
     As mamães e os papais podem aproveitar esse tempo para conversar e ouvir as histórias dos filhos, algo que no dia a dia com muitas tarefas é difícil, mas também aproveitar para contar as suas histórias e ensinamentos que teve quando era criança.
     No tempo da terrível Peste Negra, as pessoas fugiam dos locais com muitos doentes e se dirigiam a regiões menos afetadas, e se alguém tem planos de ir para o interior, esse agora pode ser interessante para quem quer mudar de vida.
     Do tempo da Gripe Espanhola, lembro de ter conhecido um médico, já com oitenta e poucos anos, que trazia consigo um vidrinho de álcool. Essa é uma história a ser contada, pois eu deveria ter uns seis ou sete anos, quando o meu pai o encontrou na rua XV de Novembro. Ele , o médico, o cumprimentou com bastante entusiasmo, mas depois pegou um lenço, colocou um pouco de álcool e esfregou nas mãos. Meu pai observou o meu jeito de estranhamento e, na hora, ele ajudou o médico:
     _Ainda?
     _Para o resto da vida. Quem trabalhou no período da Gripe Espanhola não esquece o que aconteceu naquela época, onde os mortos eram empilhados em carroças, pois nós médicos, tínhamos famílias e visitávamos os doentes como podíamos. Graças a Deus, aquilo passou.
     _Graças a Deus e ao médico!
     _Não é fácil ser médico.
     E foi assim que eu aprendi a lidar com esses dias.
     Boa semana!       
       

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