Etc. E Tal / Crônica do Cotidiano
Esse meu defeito de acrescentar, sempre acrescentar, acaba por se transformar em mar, em barcos de navegação, e não é de hoje que convivo com tal mania.
E, quando percebo, tenho músicas, livros e imagens, seja em fotos ou filmes. E o dia fica curto para tudo aquilo que tenho vontade de fazer sem me esquecer da rotina, há qual muito prezo.
Os meus relógios se dão no tanque e no ferro de passar roupas, ponteiros que indicam que está tudo bem.
Há uma sensação dizendo que há algo bom a ser feito e, essa sensação acaba por resumir, por exemplo, minha visita aos blogs, sem que resuma leituras.
E largo tudo para passar roupas, com ou sem o rádio ligado, com ou sem a televisão ligada. Eu me passo a limpo todas as semanas através das roupas que passo. O que eu poderia ter dito, feito, ou onde posso ir desse ou daquele jeito.
Não é média ou demagogia e estou numa busca do que pode ser bom. Bom para todos os demais que, por acaso, encontro.
Porque as histórias que me contam fazem sentido.
Outro dia, parei para ouvir o outro lado da história e, tão atenta, para ver o que poderia ser mudado, que eu me dei conta de que, nada pode ser mudado.
O outro lado da história é o chamado lado mau do ser humano.
Contaram-me de uma mulher, cuja vida até pouco tempo atrás era um rol de perfídias.
Bem sucedida em todos os seus objetivos humanos, o que poderia lhe faltar?
Contaram-me que essa mulher tem um único problema. Ao deitar-se, dorme, como qualquer pessoa boa. Pela madrugada, vêm os sonhos. Parece que ela mesma confidenciou a história num momento de perplexidade.
Ela sonha com essas perfídias feitas a outras pessoas, todas elas, uma a uma. Dizem que ela acorda e se pergunta o porquê de cada uma das suas más ações e não encontra respostas. Ela parece ter chegado à conclusão de que tudo o que fez foi perda de tempo, desnecessário para ela atingir os objetivos que almejava.
Ela parece se acostumar com a presença de todas aquelas pessoas nos seus sonhos. Acorda e se questiona, relembrando o passo a passo do que fez.
Não, ela não cometeu crime algum. É a história dela que é essa, pensar que o bem é tolice.
Eu ouvi a história até o final. Parece e muito com o conto de Dickens: O Avarento. Não o supunha possível na vida real, mas é.
Pensei comigo: desse mal eu não sofro.
Continuarei com os meus defeitos de fazer da vida um navegar, procurando buscar o lado bom, etc. e tal.
Um comentário:
E, há coisa melhor? Procurar viver o lado bom da vida? Consciência tranquila, imagino!
Abraço.
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