Coisa de Mulher / Crônica do Cotidiano
Este ano, pelo menos nos lugares aonde vou, o Dia Internacional da Mulher está atípico.
Resolvi arrumar o cabelo, cortar e deixa um pouco diferente. O que aconteceu? Fila. Entrei na fila e, para um dos melhores anos do Dia Internacional da Mulher para a cabeleireira, seis cortes de cabelo no período. Durante o dia inteiro, provavelmente, a quota de cortes de cabelo seria maior.
Rimos e alguém perguntou, com gaiatice, se o Dia da Mulher era o dia da mulher cortar o cabelo?
Estávamos rindo quando o cabeleireiro disse que ele, apesar de lidar com a estética feminina, pensava em assuntos mais sérios naquele momento. Nenhuma mulher continuou a conversa e continuamos a festejar o Dia da Mulher em meio aos xampus e cremes condicionadores.
Parecendo um movimento representativo da antítese dos direitos da mulher, conversamos sobre cozinha e alimentos, a marca de arroz preferida e o jeito de cozer, seja no fogão convencional ou no forno de micro-ondas.
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Estava olhando vitrine quando entraram mãe e filha desesperadas para trocar o vestido por um número menor. O detalhe divertido eram as horas: três horas da tarde. O casamento seria às cinco horas da tarde. Houve um corre-corre na loja e, trocaram o vestido na hora. De cabelos e unhas feitas, faltava um vestido e as maquiagens. Se bem que elas chegaram à loja com a base, o pó e o blush faltavam sombras, rímel, lápis e o batom. Não era desculpa para não irem ao casamento, ao contrário, tinham muita pressa.
Eu, que não queria comprar nada, me divertia com a pressa das duas.
Ainda observando as duas, a vendedora pergunta se eu quero algo. Fui objetiva, estava olhando os preços da liquidação e vendo se, realmente, algum produto poderia vir a me interessar.
_Olhe com carinho, alguma boa oferta, por certo, a senhora encontrará. Eu já volto aqui para mostrar as melhores peças em oferta. Estou atendendo àquelas senhoras.
Aquelas senhoras eram uma brasileira e outra europeia.
A senhora estrangeira disse que não sabia que no Brasil havia produtos de qualidade. Estava admirada com a qualidade do produto e iria levar algumas peças de vestuário e calçado para mostrar que, afinal, não somos tão subdesenvolvidos quanto ela esperava. Tenho que admitir que ela não errou uma palavra em português.
Subdesenvolvidos? A vendedora teve um chilique educado. Contou dos nossos produtos e disse que o único produto que ela considera inferior é o café industrializado e embalado. Nascida, segundo ela, na terra do café, disse que subdesenvolvido é o café de pacote embalado à vácuo. Na terra dela o café é moído e torrado na hora e tem um sabor inigualável ao café industrializado.
Enquanto as senhoras brasileira e europeia finalizavam as compras delas, eu desisti das minhas compras.
Preparei-me para sair e ela perguntou se eu não aguardaria mais um pouco.
Não era hora para compras. Somos todas especiais. Volto outro dia.
2 comentários:
Afinal, temos muitos outros atos e fatos para demonstrarmos que não somos tão subdesenvolvidas... como pensam... Somos mulheres atuantes!
Abraço.
Olá, Yayá.
Adorei a crônica. Quantas histórias temos para contar sobre coisas de mulher, não é mesmo?
Parabéns pelo Dia da Mulher.
Abraços.
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