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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Em Busca de Contação de História

Em Busca de Contação de História / Filosofando...

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A esta altura estou com mais um livro escrito após o Movimento Modernista de 1.922.

Não encontrei nenhum traço de saudade dos tempos anteriores. Criaram-se estilos regionalistas, linguagens diferenciadas, numa bem sucedida estratégia de modificar a cultura em busca do hoje real, com as suas mazelas. Era uma literatura com teor jornalístico, embora romanceada. Os chamados pré-modernistas tais como Monteiro Lobato e Olavo Bilac, escreviam antevendo esse modernismo como movimento literário.

Entre a classe média, também chamada de burguesia, não se falava do passado. Reparo algumas vezes num certo comportamento padronizado dessa burguesia, também chamados de remediados; não abastados.

De norte ao sul do país a roupa era igual para a juventude, nada muito diferente do hoje, onde nominam de geração Coca-Cola (liberais) ou geração Guaraná (conservadores). O comportamento, os passeios, os footings e as sorveterias determinaram o padrão daquela época.

Os livros, ainda que comprados pelos pais desses jovens, tratavam do hoje. Foi, de fato, uma época rica em diversidade ideológica presente no seio dessa juventude. Os autores entravam nas casas de acordo com a corrente de pensamento do universo familiar.

Outro padrão familiar era a ausência de contação de histórias dos mais velhos aos mais novos. As leituras para os mais novos eram baseadas nos clássicos universais aconselhados e lidos com prazer por toda a família.

Parece-me que alguns anos de história baseada na vivência dessa mesma sociedade entre os anos de 1.900 a 1.920 foram desprezados. Todos quiseram ser modernos, mas há essa lacuna a ser preenchida. Esse período de tempo de experiências não contadas certamente faz falta a sabedoria de toda a população.

Eu me pergunto o porquê da aceitação desse silêncio imposto pela modernidade, se bem que esta imposição tenha sido feita via propaganda e todos queriam o novo.

Creiam-me que a palavra saudade era tida como pejorativa nos meios sociais e chegava-se ao ponto de se perguntarem mutuamente de que valeria saber da vida dos mais velhos quando o que importava era o moderno. Os mais velhos comodamente aderiram e se sentiram desobrigados de ter que contar das experiências vividas aos jovens.

Daquela opressão ao sentimento de saudade, sobrou o ensinamento óbvio que o que interessa é o daqui em diante. Essa opressão ao sentimento de saudade tinha como valor que a saudade era um sentimento que levava a tristeza e de que dela nada se aproveitaria a não ser que se quisesse um acréscimo à monotonia do tédio. E mesmo a saudade boa, aquela que se poderia traduzir em alguma gulodice, não era bem vinda.

Às vezes, tem-se a impressão de que se não fosse Elvis Presley, não existiriam namoros e finais felizes, pois o positivismo, as guerras mundiais e o modernismo transformariam aquela juventude numa juventude sem parâmetros afetivos. As famílias torceram o nariz, mas foram modernas e deixaram os filhos e as filhas naquele som originário do chamado swing americano. À medida que se ouvia Chiquinha no rádio, valeu ouvir Elvis alguns anos depois.

Como não se sabe exatamente como foram esses anos entre 1.900 e 1.920, fica-se com a imagem de que era tudo monótono, tudo igual (o que se duvida quando se lê a história dessa época) ; enfim uma época de tábua rasa na cultura ao passado.

Deixe estar, foi um período devidamente retirado da história do conhecimento humano. Por favor, me contestem!

2 comentários:

Unknown disse...

Yayámiga

Tema controverso este que abordas. Em todos os momentos históricos a contradição e a "guerra" inter-geracional foi uma constante. Já os filósofos gregos - Paramédis, Platão, Sócrates, Arquimedes entre muitos outros - dissertavam sobre ele, já, passados séculos, Freud se referiu também a eles.

E, não nos podemos esquecer dos novos pensadores, por exemplo Sartre, Kafka, Bernard Show e etc.... O assunto é realmente muitíssimo interessante e - importante.

E a propósito de jovens...

Na nossa Travessa há um artigo de um tal Vicente Antunes Ferreira (meu neto, 14 anos) sobre o tema candente – pelo menos para os amantes do futebol – que é a telenovela do jogador-maravilha, o Bruma, cujas andanças entre o Sporting e os muitos pontos de ??? a qual tem posto ao rubro o período de férias do chamado desporto-rei e não só… Se quiseres lá dar um saltinho, verás das habilidades do moço, muito melhores do que as do avô babado…

Qjs

Henrique

Jossara Bes disse...

Oi Yayá,

Instigante!
Não falar do passado é um tanto estranho, ao menos na nossa cultura, nos dias atuais. Para mim então, seria impossível respirar, sem a palavra "saudade"!
Tenha um ótimo dia!
Beijos!