Argh / Crônica de Supermercado
Eu não gostei da conversa ao lado na fila do supermercado. Faziam orçamento de peças de caminhão por telefone.
Eu olhei com jeito de quem não gostou, afinal, não se deve rodar quando a máquina está com problemas.
A resposta conclusiva entre eles foi:
_Vamos ver se podemos pagar.
Esta seria a hora para dizer que sem conserto, não rodam. Mas estávamos na fila e ele não estava com o caminhão estacionado por ali. Provavelmente o caminhão estava na garagem.
Eu não sei o que a minha fisionomia demonstrou. Sei que o senhor que verificava o orçamento não era o motorista e riu-se do meu jeito.
Melhor do que rir, ele começou a me questionar com gestos. Escondeu o rosto sobre o casaco e espirrou.
_Argh!
Ele me olhou como quem perguntasse se levar na brincadeira o conserto do veículo era repugnante.
Eu olhei para ele e repeti a fisionomia de argh...
Ele espirrou com o rosto escondido dentro do casaco dele de novo para confirmar a resposta.
Confirmei o argh.
Assim fez ele e assim eu confirmei o argh até que ele sorriu dizendo que iria consertar o veículo.
Eu também sorri. Consegui a boa vontade com o orçamento por parte dele.
A esta altura das perguntas em forma de espirros e das respostas em forma de careta, cinco moças haviam se afastado da cena.
Valeu! Útil e divertido.
Um comentário:
Com tantos espirros... cuidado com o H1N1 ...
Bjs. Célia.
Postar um comentário