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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

A Fada Madrinha

A Fada Madrinha

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Dois homens de negócio passavam pela Avenida Paulista, com pressa, quando um deles virou-se para o outro e disse:

_Tudo o que eu quero na vida é passar o dia em cima de um piano.

O outro se riu da ideia, mas o homem disse que esse fora o seu desejo de infância, mas que nem sequer passou próximo de alguma escola de música. Agora, com certa idade, os negócios eram a música dos seus dias.

Ao ouvir o amigo contar da sua vontade musical, o outro não mais riu da ideia.

A Avenida Paulista é muito frequentada e, aconteceu de naquele dia haver uma fada-madrinha caminhando ao lado deles. Ela conhecia a cidade e aquela era uma Avenida simpática com seus prédios bonitos e modernos. Ao ouvir o pedido, sentiu que os seus poderes eram chamados, poderes precisam ser revelados para se cumprirem como poderes.

A fada voltou ao hotel, pegou a varinha de condão e realizou o pedido do executivo bem vestido e bem postado, mas agitado com a sua correria para não perder nenhum dos negócios.

No dia seguinte, Tomás acordou, tomou o desjejum e chamou o motorista para levá-lo à sua rotina.

O motorista levou até uma escola de música e disse que ficaria à disposição para o que ele precisasse.

Tomás pensou que fosse gozação da parte do seu motorista e o avisou para não mais fazer aquele tipo de gozação porque ele não gostava:

_Leve-me ao centro financeiro da cidade imediatamente!

O motorista disse que não poderia levá-lo ao centro financeiro naquele dia enquanto ele não realizasse o sonho de infância e passasse o dia inteiro ao piano, mas sem se deitar sobre o mesmo.

Com ar de seriedade, ele perguntou ao motorista:

_Quem disse isso ou te deu esta ordem?

O motorista disse que fora ordem da fada-madrinha dele e que ele não desrespeitava as ordens de nenhuma fada-madrinha.

Tomás questionou:

_Desde quando eu recebo ordens de fadas-madrinhas?

O motorista disse que ele recebia ordens de fadas-madrinhas desde que os empresários que o pagavam como seu representante acreditavam em fadas.

_Com o apoio dos seus financistas, hoje o senhor passará as suas oito horas de batente diárias, ou seja, o dia inteiro conhecendo o piano e aprendendo a tocar músicas.

Tomás, ao saber dos contatos da fada-madrinha, entrou na escola para assistir a todas as aulas.

Na primeira aula recebeu o material didático com o carimbo da financeira, aprendeu a desenhar as notas com os seus respectivos valores, as claves de sol e de dó além de aprender a sentar-se corretamente sobre o banco em frente ao instrumento e posicionar as mãos por sobre as teclas.

Na segunda aula, vieram as lições práticas com as lições melódicas específicas para iniciantes.

Na terceira e quarta horas de aula, estudos sob a supervisão de um professor especialmente contratado para resolver as primeiras dificuldades.

Chegou a hora do almoço e ele estava ansioso para saber dos negócios e, assim, almoçou em frente ao estabelecimento escolar para conversar à vontade usando o seu telefone celular. Ligou para o amigo para o qual confidenciara a sua vontade, mas perguntou dos negócios.

_Não se preocupe com os negócios no dia de hoje. Você toca piano e eu cuido da Avenida Paulista.

Tomás perguntou quem era a pessoa que havia levado o assunto musical com tamanha seriedade.

_A fada-madrinha!

Tomás perguntou sobre quem ainda acreditava em fada-madrinha na Avenida Paulista.

O amigo respondeu:

_Todos nós acreditamos em fadas-madrinhas. Ou, pelo menos a maioria de nós. Os sonhos existem para serem realizados porque eles não têm preço ou cotação.

Ele pergunta ao amigo se, por acaso, ele tem algum sonho realizado e que não pudesse ser cotado no mercado de ações.

_Eu tenho. Você conhece o jardim da minha casa no Morumbi e volta e meia você se encanta pelo fato dele florir o ano inteiro. Quem cuida do jardim sou eu. Não temos jardineiro e gasto muitos dos meus finais de semana pensando nele, planejando onde colocar as sementes e nas épocas certas para plantá-las.

Depois dessa resposta, Tomás desligou o telefone e almoçou com tempo de voltar à sala de aula.

A primeira aula vespertina foi para verificar a aprendizagem matinal com as correções das cópias das notas no caderno de anotações musicai, acrescentando-se exercícios teóricos em conjunto com o mestre.

A segunda aula acrescentou repertório e exercícios para serem feitos em casa.

A terceira aula foi específica para a prática a quatro mãos, aluno e professor tocando em conjunto as melodias iniciais.

A quarta e quinta aulas foram novamente para os estudos do aluno sob uma supervisão adequada e a consequente correção dos problemas que se mostravam aparentes à medida do estudo.

A sexta aula: teste para verificação do aprendizado durante o dia.

À noite chega o motorista para buscá-lo.

Tomás pergunta pela fada e ouve que ela se encontra na Avenida Paulista. Ele pede para conversar com ela porque deseja voltar a ser o homem de negócios que era no dia anterior.

Depois de meia hora de espera, ele consegue que a fada o atenda em seu pedido. Eis porque ela é chamada de fada, tem bons sentimentos.

No dia seguinte ele volta aos negócios. Está caminhando na Avenida Paulista ao lado do seu amigo quando se encontram com um empresário.

_Tomás, por favor, me responda: O que o dia de ontem significou para você? Houve alguma transformação pessoal após esse episódio cultural?

Tomás respondeu que, de fato, havia experimentado sentar-se ao piano e arriscar algumas canções singelas e bonitas, mas mais importante do que aprender como se aprende a tocar um instrumento musical, foi o fato de que voltou a acreditar que os sonhos podem se realizar e é uma sensação inexprimível quando eles são bons, cansativos, mas reais.

O empresário contou a ele que a fada-madrinha era sua amiga. Disse que, para todo e qualquer negócio é importante saber de experiência comprovada que os sonhos podem ser reais. Disse a ele que através do sonho possível ele havia se tornado humanamente mais responsável e que este fato conferia a ele uma maior capacidade para desenvolver o seu talento natural e o ajudaria a solucionar os desafios que costumam aparecer naquelas bandas financeiras, porque, se os negócios parecem pertencer dentro de um âmbito inóspito à civilidade, eles possuem a capacidade potencial de transformar em realidade os sonhos de milhares de pessoas que precisam de conforto para conseguir alguma qualidade de vida.

5 comentários:

Mariazita disse...

Bom dia, Yayá
Obrigada pela visita e comentário na minha «CASA».
Achei muito interessante a mensagem contida neste seu conto - a realização dos sonhos é possível - ainda que seja necessária a intervenção da fada madrinha:)))

Bom fim de semana
Beijinhos
Mariazita

chica disse...

Puxa, que maravilhoso conto e inspiração. Fadas madrinhas podem fazer bem e essa mostrou, de forma a atender o seu sonho, um nova forma de olhar pra vida. Lindo! beijos,chica

Anônimo disse...

Para tudo haverá sempre um tempo.
Um bonito conto em jeito de ensinamento.
Parabéns.
Visite http://umraiodeluzefezseluz.blogspot.com

XicoAlmeida disse...

Oá Yayá, adorei!
Afinal se não tivessemos a esperança em os sonhos se tornarem reais, qual a razão ou interesse em os ter?
Abraço grande.

Célia disse...

Anjos! Fadas! Bons presságios! Fé! Ainda que utópicos são elementos mágicos na esperança de realização de nossos sonhos.
Bjs. Célia.