As Três Moças do Internato
Num evento beneficente, numa conversa informal, três senhoras que compram queijos descobrem que estudaram no mesmo colégio e contam as suas histórias umas às outras.
Quem começa a contar é Vanessa, logo interrompida por Elizabeth:
_Os meus pais estavam bem posicionados financeiramente e me mandaram para o internato para que eu tivesse a melhor educação. Aprendi boas maneiras, tive passeios programados pela coordenação e voltava à minha cidade todo final de ano. As refeições eram a suficiente para que crescêssemos de maneira saudável. Meus pais não me davam um centavo que não fosse para as despesas na escola, então eu não mandava o uniforme para a lavanderia do internato e ficava com esse dinheiro para comprar prendedores de cabelo, bombons, etc. Minhas mãos se ressentem até hoje da pedra de sabão, são mãos ressecadas, pelo menos eu não as vejo de outra maneira.
Vanessa pegou essa divagação como gancho para contar a sua história no colégio interno:
_E eu que morava no bairro onde era o colégio? Estudei lá porque ganhei o concurso de bolsas de estudo, a minha família jamais poderia custear aqueles preços. Todas as noites eu chorava de saudade de casa. Cheguei a travar amizade com a cozinheira para tentar umas escapadas, mas ela me preveniu que eu perderia a bolsa e deixaria a minha família muito triste por ter perdido a bolsa. Era do regulamento do colégio das moças este aprendizado fechado. Sofri todos os dias durante os doze anos que estudei lá.
Joseane, que prestava atenção no que as outras duas diziam, continuou:
_O meu pai era fazendeiro e naquele tempo as escolas eram raras no meio rural. Ingressei no colégio e senti a dor da falta de liberdade. A diferença entre um e outro modo de vida foi brutal. Estranhei a comida pouca e a rigidez da disciplina. Eu, que percorria a fazenda do meu pai todos os dias, fiquei com um bosque arborizado e um anfiteatro para palestras.
Elizabeth mudou o assunto para amenizar a conversa.
_E depois? Comigo foi um roteiro de filme leve. Saí com amigas, fui a festas, viajei para o exterior, fiz o curso superior, casei, tive filhos, vivemos bem. O importante foi que eu saí de lá preparada para a vida adulta.
Vanessa atravessou a conversa:
_Fiz Educação Artística, casei com um colega de faculdade, casamento esse que durou um ano e meio. Não me prendo a nada ou a ninguém. Pego carona, viajo e exponho os meus quadros, eu não tenho e não quero roteiro a seguir. Sou bem formada, mas dispensei o roteirista.
Joseane é engenheira agrônoma. Não vê nenhuma possibilidade de sair da sua fazenda. A sua fazenda é o seu mundo e a sua liberdade. As suas emoções ficaram no meio do caminho entre a Vanessa e a Elizabeth.
_Vocês querem passar uns dias na fazenda? Pergunta ela interrompendo a conversa.
_E por que não? Então é sim, vamos.
Neste momento três colegas são companheiras no arado da vida por um curto período de tempo, mas aproveitam para rever os fatos e abrem portas para as novas amizades..
9 comentários:
Blogarei amanhã por motivo de festa. Um abraço a todos aqueles que passarem por aqui, Yayá.
Me gustó la manera en que la unidad alcanza relevancia en el relato y aunque mi tocaya no coincida del todo conmigo tomó una decisión plausible. Besos.
Três mulheres com começo de vida idênticos mas que seguiram por caminhos diferentes.
Beijinhos
Lourdes
Surpresas da vida continuam toda uma história! Belo tema!
Abraço da Célia.
Bello , interesante y original blog.T sigo.T invito a seguir mi blog.Saludos poéticos.
Yayá,como sempre, lindo post, texto reflexivo sobre a vida, nem todos seguem o caminho planejado, tudo depende mesmo da vida que toma seus rumos inusitados!
Abraços amiga linda!
Ivone
Cada um com seu destino, hora cruzamos a vida um do outro, somos parceiros, nos separamos e voltamos a nos encontrar, um dos seus escritos que mais gostei, bjussss
ha tantos caminhos para inicios identicos
Moças com um M maiúsculo ,grandes senhoras ,
Yayá vim agradecer pela visita que fez ao meu blog ,deixando uma marca de ti
um beijinho em teu coração
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