Duas mulheres foram ao clínico geral pelo mesmo motivo: halitose crônica.
Chega a primeira paciente, de estatura média, rechonchuda, trajando calça jeans e camiseta sem mangas. Devido á roupa justa, as gordurinhas ficavam a mostra por sob a blusa de algodão, embora não fosse decotada e o colo estivesse bem coberto. Sentou-se na sala de espera, aguardando a vez da sua consulta.
A segunda paciente, também de estatura média, também trajando a mesma roupa, com a diferença de que era uma mulher de belas formas, sentou-se na sala de espera.
As duas mulheres tinham a mesma idade. A primeira trabalhava numa empresa de informática e ela ficava sentada o dia inteiro em frente à pilha de computadores, verificando os defeitos e os consertando. A segunda era professora de educação física esse exercitava o dia inteiro.
Ambas compravam as suas roupas na mesma loja, eis o porquê da semelhança nas roupas. Trabalhavam em bairros diferentes e tinham vidas diferentes.
O médico chama a primeira mulher. Faz a consulta, prescreve uns exames para descobrir a causa da halitose, além de limitar o consumo de alguns alimentos provocadores do estômago. A mulher agradece a atenção dispensada e ele leva a mulher até a saída, sorrindo e dizendo para ela não se preocupar que a questão estaria resolvida na próxima consulta.
A primeira paciente esperaria a segunda para irem até a loja de roupas e fariam algumas compras porque era o seu dia de folga e da outra também.
O médico chama a segunda mulher. Repete o procedimento com o qual tratou à primeira, as mesmas prescrições. A segunda mulher agradece a atenção dispensada. Mas, à saída, pede à segunda mulher que procure outro médico porque ele era um homem de respeito. Ele mesmo indica o colega da clínica para atendê-la.
A segunda mulher, em respeito à primeira, fica quieta até irem ao ponto de ônibus.
_Eu achei estranho o modo como ele tratou você, mas você sabe que isso faz parte do código de ética deles? Eles não podem se sentir constrangido com a presença do paciente. Eles não podem ter vínculos afetivos ao tratarem, ou, ao menos, não deveriam. Não se ofenda, antes entenda que você causou um impacto que prejudicaria o seu tratamento. E é difícil este aceitar. Eu mesma, mal comparando, quando levei o meu cachorro ao veterinário, tive que mudar de profissional. O veterinário disse que eu o lembrava de uma garota que estourava o saco de pipocas em frente à casa dele todos os dias e provocava o cachorro.
A segunda mulher preferiu não comentar. Seguiram juntas sem tocar no assunto até a loja de roupas.
11 comentários:
Obrigado pelo comentário no meu blog!
Estou aqui retribuindo a sua visita, sendo um seguidor e muito encantado com tudo que vi aqui!
Um grande beijo no seu coração!
Engraçada a forma de captar, conforme conseguiu expor no texto. Ou no que dá fazer ou não exercício físico.
Quando duas mulheres se juntam há fofoca e desentendimento.
Com os homens vai na mesma....
Só o pormenor da loja das roupas é diferente...
Na próxima paragem bebiam uma fresquinha para aliviar a tensão.
... de gordo, de médico e de louco... todos temos um pouco... e haja, hein! Vamos à caminhada?
Abraço, Célia.
Para muitos, as aparências se traduzem em uma essência (mesmo com halitose).rsrs. Estranho mundo, Yayá! Grande abraço. Paz e bem.
Yayá, como sempre seu texto é inteligente.
Imagine só a de "boa forma" atrairia o médico, seria com isso uma ameaça?!
Pois é amiga, adorei a sua estória, bem assim, acho que é preconceito sim, abraços e beijos em seu coração!
Ivone
Nossa puro preconceito! beijos carinhosos
acontece…ainda, sempre!
Uma realidade, infelizmente.
BeijooO*
Há médicos ...e médicos...
Faltou saber, que "desrespeito"
a segunda cometeu...
Agora, fiquei curiosa, Yayá rsrsrs!!
Um abraço,
da lúcia
Seu conto é interessante.Tem preconceito sim.Tomei o hábito de ler primeiro nos últimos parágrafos e depois voltar ao início.
bjs
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