A deusa espera sentada
Que o jovem faça um pedido,
E atenta, se ergue à calçada
E acena ao pobre mendigo.
Descrente e triste, mal dada
A esmola aos pés do encardido,
Cancela o olhar à sacada.
Acima, o véu branco estendido
Que roga à crença versada
Ao sol, manhã do sofrido
Luar vivido, noitada
Imprópria de um desvalido.
Se erguesse o olhar, procurava;
O chão, por certo, é varrido
No tempo seco, sem água.
A deusa o espera, cansada.
Quem crê, vê e pede a chamada,
Mas pede. O orgulho ferido
Impede a ajuda cordata,
Amparo de hora e juízo.
Um fato triste, esse nada
Negado, um rasgo vencido
Que ilude a vista cansada
De dó e se apena um vestígio
De fel à mente fechada;
Cilada e dor sem fascínio
Na crua infância furtada
Dos sonhos desse menino.
17 comentários:
A Deusa e esse Menino... ainda nesse mundo... esperam cansados, migalhas mal dadas para sobreviverem com seus milagres!
Profundo cordel! Abraço, Célia.
Uma ligação muito frágil. Uma ligação de cordel.
Todos somos mendigos. Todos precisamos de pedir à Virgem com fé e esperança o milagre do pão de cada dia e a nossa salvação.
Uma cena tão comum
horripilantemente comum
Um beijo Yayá
Yayá
É lindo o cordel
Um lindo dia para você.
bjs
UM ÓTIMO DIA PARA VC!!!
Yayá, que belo cordel!
A vida nos mostra a cada dia essa cena de pessoas sem "sonhos", cansados da vida, e a Vida sempre acena, mostra, sim, de todas as formas como somos filhos valiosos do mesmo Pai Supremo!!!
Abraços amiga,como sempre, lindo texto!
Ivone
Belo acorde poético.
Gde abraço , em divina amizade.
Sonia Guzzi
Mais uma vez, gostei. Um poema aparentemente sacro, mas que concretamente expõe um problema social.
Abraçcos.
me lembrei das canções do RAPPA
lindo
lindo
muita alma nas silabas
bjus oia eu aqui d evolta
mi querida Yayá, hoy el traductor me dice barbaridades, lo poco que pesco de tu idioma no cuadra con el traductor y pierdo el sentid de lo que me quieres transmitir.
Mas te puedo dejar mi ternura con un beso
Sor.Cecilia
deixo com um beijinho
Cirianças
Crianças lindas...
Crianças sozinhas...
Sem pai nem mãe...
Sem nada...
Crescem ao abandono...
Ao frio e à chuva...
Com fome e sem escola...
Sem saber o que é o mundo...
E,nós sabemos que elas existem...
E continuamos a sofrer...
Continuamos a lastimar...
Mas continuamos...
Sem nada fazer!...
LILI LARANJO
Sor. Cecília: Cordel é uma história contada em versos. A primeira estrofe trata de uma “deusa” (modo brasileiro de chamar uma senhora distinta e caprichosa) disposta a ajudar, mas espera o pedido do menino e o menino não pede. Ela, muito triste, retira algumas moedas e as joga aos pés do menino maltrapilho. Ela não olha para o alto, embora o manto divino continue no céu recebendo as orações de todos os necessitados. Se o garoto erguesse os olhos procuraria o divino, muito melhor daquele chão que o acolhe. Mas nem dela, com as moedas ao alcance das mãos, ele sente vontade de pedir. Quem crê, pede a chamada, ou seja, pede mesmo estando dentro de uma lista de inúmeros pedidos e esperando não obter o atendimento. Porém, o garoto está tão magoado que não vê que há pessoas dispostas a ajudá-lo. Agindo assim, ele mesmo se nega a algum auxílio e se torna um vencido pela rudeza; o que amarga a bondade da senhora. É uma infância furtada nos sonhos desse menino que o mantém na cilada da dor sem esperança.
Querida Yayá.
Não precisa se desculpar.
Você sempre é muito gentil e delicada.
Observando o texto percebi que precisava mesmo melhora-lo.
Gde abraço, em divina amizade.
Sonia Guzzi
Tu voz me vence de frutos. Imagenes y metaforas fueron bordando tu profundo pensamiento. Muy. muy hermoso.
é uma imagem que sempre inspira poesia!
Minha querida
Terno e doce este poema...uma oração de esperança...intenso.
Deixo um beijinho com carinho e desejo um fim de semana cheio de paz e amor.
Sonhadora
Deusa...máe e filho...
Beijo Lisette.
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