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Que gente ingênua! Como foi que não entenderam como eles se casaram?
O pai e a mãe da noiva, instrumentistas amadores. A moça cantava na voz soprano em todas as festas familiares.
O pretendente era distinto, mas de nacionalidade diversa. Durante um ano ou mais, eles se encontravam nas reuniões, conversavam e o namoro não acontecia, para decepção de ambos.
Foi uma festa o começo de tudo. A música parou, mas um parente dele, com um violão na mão, o acompanhou, sem imaginar que estava modificando toda uma resistência pré-concebida.
Com toda a coragem do mundo, ele postou-se em frente aos convivas e cantou, dirigindo o seu olhar àquela soprano:
A Casinha Pequenina
Tu não te lembras da casinha pequenina
Onde o nosso amor nasceu, ai ?
Tu não te lembras da casinha pequenina
Onde o nosso amor nasceu ?
Tinha um coqueiro do lado {
Que coitado de saudade {bis.
Já morreu. {
Tu não te lembras das juras, oh, perjura,
Que fizeste com fervor, ai ?
Tu não te lembras das juras, oh perjura,
Que fizeste com fervor ?
Daquele beijo demorado {
Prolongado que selou {bis
O nosso amor. {
Não te lembras, ó morena, da pequena
Casinha onde te vi, ai ?
Não te lembras, ó morena, da pequena
Casinha onde te vi ?
Daquela enorme mangueira {
Altaneira onde cantava {bis
O bem-te-vi. {
Não te lembras do cantar, do trinar
Do mimoso rouxinol, ai ?
Não te lembras do cantar, do trinar
Do mimoso rouxinol ?
Que contente assim cantava {
Anunciava o nascer {bis
Do flâmeo sol. {
Ele cantou, ela sorriu. Esperou o sogro, a sogra, os futuros cunhados e os acompanhou até em casa, pegando na mão da moça de vez em quando. Se não cantasse, não receberia a aprovação!
Tem dias que penso que a malícia dos dias de hoje é mais que viseira, a malícia cega e contamina os corações.
13 comentários:
Yayá, amei a letra e a melodia.
Quanto a malícia, ela "contaminou" os corações, ficou perdida a inocência que tão bela sempre foi.
Beijos com carinho.
Minha mestra,como é bom encontrar ,ler e entender , como é bom sentir,como é bom viver e sonhar e viver. Tudo isso faz parte da vida e bem ao coração.Um abraço doamigo Iderval Tenório
Linda História. Também concordo e aprecio que a pureza de outros tempos faz falta hoje.
Oh muito obrigada!!! :D
Pois aquilo está através do facebook, tenho pena, mas muito obrigada por lá teres passado ;)
Beijinho, Cris.
Yayámiga
Foi em 1906 que esta modinha foi gravada em disco pelo Mário Pinheiro e depois se tornou... universal. Em Portugal, nos anos 40 e 50 era um sucesso; antes, não sei, ainda... não tinha nascido: Mas creio que sim.
A rádio passava-a vezes sem conta durante o dia:
Tu não te lembras da casinha pequenina
onde o nosso amor nasceu (...)
Tinha um coqueiro do lado
Que coitado de saudade
já morreu...
Em Angola, nos finais dos anos 60 e princípios dos 70, perante os coqueirais, entoei-a. E em Goa, a primeira vez que lá fui com a minha goesa Raquel, em 1980, aconteceu também assim.
Penso por isso que é intemporal, não tem prazo de validade e pode ser usada em qualquer ocasião. Até num casório... rsrsrs
Qjs
Gostei muito daqui! Que palavras lindas... Quando tiver mais tempo passarei aqui pra ler tudo com calma.
Tô te seguindo!
Se puder passa no meu e segue, vai ser muito bem-vinda!
http://leilakruger.blogspot.com
Também escrevo poemas e tô lançando um romance.
Bjo!
Uns chamam-lhe viseira e outros oportunista.
hoje a maldade das pessoas é descaradamente aberta e sem vergonha nem arrependimento.
Quando o amor acontece saibamos guardá-lo e geri-lo o melhor possivel
A pureza dos sentimentos faliu... como tantos outros valores sentimentais! Recordações, apenas!
Abraço da Célia.
Lindo! Que saudade dessa linda melodia, você me fez lembrar!
Abraços amiga linda e sensível!
Ivone
Que lindooooooooo, lindoooooooo....
Adorei recordar.
Bom fim de semana
Beijinhos
Maria
Voltei no tempo com você.
Bom domingo.
Bjs, em divina amizade.
Sonia Guzzi
Seu curta ficou romântico. Não vi malícia a ser repreendida. Mas sua conclusão tem grande verdade.
Bjs.
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