Círculo, Compasso e Estrela
Encontrado o formato,
O desenho, com tato
Segue desestressado
Naquela aula, de fato
Nessa aula d'um contato,
"Meu dez" vai relembrado
Da estrela até o estrelato,
O compasso vem girado.
É um blog com artes e contos, crônicas, comentários, imagens e, arteiros em geral
Círculo, Compasso e Estrela
Encontrado o formato,
O desenho, com tato
Segue desestressado
Naquela aula, de fato
Nessa aula d'um contato,
"Meu dez" vai relembrado
Da estrela até o estrelato,
O compasso vem girado.
Forma
Ter algo que fazer
Nesse tempo e estudar
E no estudo escolher
O formato de ser,
E querer melhorar,
Sem ao tempo se ver,
Porque o tempo a fazer
Não fica, é o caminhar.
Compensação
Compensação
É uma maquiagem
No coração,
Move a tensão
A outra paisagem
Com boa intenção,
Gira a emoção
E traz bagagem.
Ideal Compartilhado
O ser possível,
Essa criação
Verossímil
Tornar se á crível
Quando a ideação
Pensa o factível
Sobre o impossível,
E faz menção.
Num Canto Qualquer
Estruturar a agenda
E obter uma merenda,
Espírito e vontade
Que consegue uma tenda,
E que nele se entenda
Porque nele há deidade,
Sua infinita lenda,
Por vezes, realidade.
Realização
Poderia estar,
E a alegria é ser
E realizar,
E a se anotar
Em cada obter,
Recomeçar
A acreditar
E ao bem, querer.
Humano e Pasteurizado
Desconectado
E natural,
Modificado
E conceitual,
Tudo está ao lado,
Mas com manual,
Que num folheado
Sabe-se o usual,
Não o caminhado
Ou o dito dual
Do humano, igual,
Pasteurizado.
Enfeites
A surpresa,
Luz acesa
Que se enfeita
Na beleza
Da certeza,
Desta feita
Singeleza
Celta e enfeita.
Deu Problema no Cinema / Crônica
Falta de problemas é pensar no cinema.
O enredo e o filme são problemas de quem fez o filme.
Crônica de outro tempo e até tema de jornal foi a sessão de um filme, daqueles que fazem fila na bilheteria, e filas de bilheteria até hoje existem.
Aconteceu que num desses filme com grande público, no meio da exibição, arrebentou o rolo do filme.
Passaram-se cinco minutos e as pessoas, sentadas na poltrona, comentavam sobre a fila na bilheteria para a devolução do ingresso, pois algumas pessoas já se levantavam para sair da sala de exibição.
As luzes são acendidas. Lá de trás, da sala de onde o filme era projetado, houve o anúncio que o rolo havia se rompido e necessitaria de uma emenda, a qual, se bem feita, não tiraria mais do que uns dez segundos de filme.
O homem ainda aconselhou ao público a comprar pipoca enquanto aguardassem o remendo e o reinício do filme.
As luzes ficariam acesas conforme era a norma do cinema fora do horário de exibição.
O público, ou seja, as pessoas, tiveram reações diversas: uns foram embora, outros foram comprar pipoca, outros comentavam sobre o filme e que não o perderiam, pois os críticos haviam dito que era bonito de se ver.
No nosso caso, viramo-nos na cadeira, e observamos a correria na sala de exibição com fita adesiva e cola. Vimos as duas bobinas de filme, uma que ficaria enrolada na bobina e a outra que retrocedeu ao início do filme. Além do ruído das bobinas, vimos aquele pedaço do filme voltar até ao início rapidamente na tela branca e grande com as luzes acesas.
Depois da colagem feita, eles precisaram rebobinar aquela parte do filme num único rolo, pois o filme era composto de alguns rolos, que vinham na sequência certa, e sairiam de bobina chei para a bobina vazia.
Meia hora depois o filme recomeçou, o qual assistimos para não ter que voltar na próxima sessão.
Até hoje, ver omo eram as bobinas de um filme, a máquina de projeção, e a equipe que proporcionava a diversão de uma sala de cinema cheia valeu o ingresso, mas o filme ficou em dois capítulos: antes do problema com a bobina e depois da bobina, correndo livremente pela máquina de projeção.
Tais acontecimentos eram de outra época. Hoje, a única observação a fazer, e que presenciei, é a de que o filme não começa antes de um mínimo de ingressos ser vendido.
A moça do shopping já aconselhou a fazer um pequeno lanche enquanto aguardaria que os bilhetes fossem vendidos.
Acreditei que os ingressos seriam vendidos, e foram. Assisti o filme com um mínimo de ingressos vendidos.
O tempo é um contexto, e até mesmo os problemas do cinema são outros.
No entanto, pela televisão, aprendi a procurar as reprises e assistir filmes no horário que me sobra. Aquele filme Multiverso, ganhador do Óscar, passou no dia seguinte da premiação num canal de televisão. Nem sei se chegou a entrar em cartaz nas salas de exibição. Assisti na tv.
O problema do cinema hoje é a televisão, mas também a solução, pois quando não há público, a propaganda televisiva cobre o prejuízo.
Penso que linearidade cinematográfica passa por acompanhar toda a evolução, independente do filme ao qual se queira assistir.
Assistir um filme é uma boa ideia para um fim de semana.
Grata pela leitura.
Recanto
Um espaço,
Este canto
Que refaço
Passo a passo,
Um recanto
E o compasso
Que ultrapasso
Por encanto.
Edição Rara
A edição da partitura
Com detalhes na figura
Transformaram a noção
Musical numa pintura,
Como se fosse a doçura
De ler a composição,
E no entanto se afigura
Na alma essa transformação.
Contatos Diversos / Crônica do Cotidiano
Questão de personalidade, pessoas boas melhoram o ânimo e a vontade de ser melhor.
O fato é que muita gente faz a diferença na vida da gente.
De fato, Deus está na alma de muita gente, que aconselha, ou simplesmente é sincera e não desperdiça o momento de ser quem é.
O que uns fazem pelos outros causa admiração.
Resta agradecer a toda essa gente cujo espírito é autêntico e fala conforme pensa.
Responder a toda essa gente, não somente com palavras, mas com a autenticidade do espírito que nos move é fator de realização.
São frases que ecoam e nos obrigam a atitudes, e algumas delas impedem que o coração da gente endureça.
"Eu devo favor para aquela família, quando eu fiquei sem serviço, eles não me deixaram na mão". Eles pedem que eu acompanhe os seus passos".
O homem rústico deu o nome daqueles a quem ele devia favor.
_Obrigada. Vou para outro canto, respondi.
"A senhora sorriu ao ouvir a canção. Quer ficar e ouvir o show com a gente? É só pedir algum petisco e ficar enrolando na mesa. Pega uma cadeira e fica até o final do show na tv."
A jovem foi extremamente gentil, mesmo negociando lanches e refrigerantes à venda.
Infelizmente foi-me impossível não rir da letra da canção que se queixava da traição dizendo que havia deixado de ser "galinha" por causa dele.
Contudo trouxe o lanche sem ouvir o show, uma questão de autenticidade do meu espírito. Ri por engano.
Um outro moço perguntou se eu havia assistido o último capítulo da novela, e eu disse que não. Ele me contou com boa vontade o final da novela. Deus o abençoe.
Outro me contou do seu ofício com um tal entusiasmo, que foi perceptível a autorrealização profissional de alguém que já concluíra a universidade.
Se alguém assistiu ao filme no qual Deus dizia um homem que, se ele encontrasse dez pessoas boas, a humanidade seria salva do Seu extermínio.
Começo a semana com essa sensação, a de ter encontrado dez pessoas que valeram conhecer, e que a humanidade continuará existindo.
Desejo que cada um de vocês tenha tal sensação.
Grata pela leitura.
Brisa do Tempo
O argumento do tempo,
Chama-se prioridade,
Prioridade "cata-tempo",
Trocadilho e deidade
De todo dia e momento,
Sua necessidade.
Sem querer vem o vento,
Brisa da eternidade
Que pede desse tempo
A melhor prioridade,
E seu contentamento
Em fazer-se vontade.
Letra
Quem canta, entende
O vento a soar,
E a voz surpreende
Quando se estende
A sustentar
Ao que pretende
Se ouvir, mas tende
À letra, ao orar.
Discussão sobre Arte / Crônica do Cotidiano
Daquelas raridades no meu cotidiano, o que não é bom, hoje fui a uma exposição de arte com conhecidos.
Dali a pouco ouço a discordância e a indignação com a exposição.
Não havia nada chocante ou impactante.
A reação veio através da percepção que a arte trouxe ao visitante. Sentou-se num jardim e não se levantou antes de exprimir todo um conceito avesso àquela arte sob o ponto de vista ideológico e filosófico.
Discorreu os seus conceitos e os pontos observados na exposição que lhe trouxeram contrariedade.
Depois de ouvir a tese sobre a contrariedade, respondi que o artista era excelente.
De pronto veio a resposta:
_Um lixo.
Disse que se o artista havia conseguido tal estupefação em decorrência de sua obra, foi porque a exposição era provocativa, ou seja provocava um gosto ou desgosto ao visitante.
Sob o meu ponto de vista, ou percepção, achei a exposição intencional, pois pedia um posicionamento sobre a mostra.
Juntos calculamos o incalculável: o material, a taxa de exibição, o tempo de execução de cada peça, o marketing, a entrada franca, mas mais do que isso, a possibilidade de conseguir uma reação do público que por ali passava e observava.
Metade das salas me bastou, quando entendi que o local tinha mais possibilidades artísticas, e subi escadas e desci escadas, e me deparei com outras artes que aliviaram a mostra provocativa.
Refletimos que, mesmo numa exposição, não devemos estar colados uns aos outros, porque as sensações diante da arte diferem de indivíduo a indivíduo.
Gastei alguns minutos do dia nessa discussão profícua.
As conclusões sobre a exposição ficaram sem conceito, porque o dia continuaria e havia o que fazer depois da arte.
Cada um dos passantes voltou para casa com uma sensação diferente, afinal, ninguém é obrigado a ver quadro por quadro, mas que quer ver, pode e deve formular a sua teoria a respeito.
A crônica também fica sem conclusão, a não ser a de que ir a uma exposição de arte é um bom passeio.
Grata pela leitura.
Ao Ensinamento
Tempo de refletir;
Ao acordar e ao dormir
Deve-se agradecer
Que todo dia vem fluir,
Com sol ou chuva a cair,
Mesmo sem o saber
Caminho de luzir
Nesse vão compreender.
Criação
Intelectual
Ou conceitual,
Segue o exercício
Que é desigual
E nada usual,
Porque não é físico,
E desse qual
Se cria um início.
Pensar, Encontrar
Caminhar,
caminhei,
Sem parar.
Nesse andar
Planejei
Continuar;
Por pensar,
Me encontrei.
Aprendendo a Passear/ Crônica do Cotidiano
Preciso aprender a passear. Pensei que sabia, mas vejo que não.
As famílias estão comemorando este dia de forma inovadora, são pais, mães e filhos, ou mesmo famílias recompostas por outros motivos, cuja imaginação ou essa outra geração, superam as expectativas.
Essas famílias mudam de bairro e de rotina e aproveitam o dia junto a seus filhos.
Percebo algo que fez todos felizes. Os pais levam os filhos ao shopping, enquanto as mães se arrumam para lanchar, e pedem aos pais que o shopping não contenha muitos lanches porque elas querem lanchar e se divertir também. Outras famílias, aquelas que não passaram por modificações estruturais saem juntas o dia inteiro.
Enfim todos os quais estão com boa saúde, tiveram essa possibilidade, e participam dessa motivação, a qual não deixa de ser uma forma de conservar a criança que mora dentro deles, se divertiram.
Nenhum deles saiu da cidade, mas escolheram um lugar repleto de comodidades, sanduíches e sorvetes a preços razoáveis.
Este dia foi planejado o ano inteiro, um dia sem obrigações além daquela de ficar com as crianças e se divertirem.
Um senhor com a esposa e a filha, enfim eles passaram e disseram que valia e muito esse passeio feito na própria cidade. Segundo eles, com a economia feita, alugaram um cômodo com duas camas, e a filha dorme com a mãe na cama de casal, e o pai na cama ao lado, faz as contas do gasto e compartilha com elas, avisando o quanto podem se divertir. A esposa riu muito, mas disse que iriam lanchar. O marido disse para ela não se preocupar, que a conta era dele e que ninguém daria palpite no pedido dele para o lanche. Todos riram.
Ainda existem famílias felizes, com criatividade, e que podem ter algum passeio e não perder a esperança na futura humanidade.
Aprendo que passear pode ser na mesma cidade onde se mora, mas tem que ser num outro bairro, com padaria e supermercado, praça e possibilidade de comer algodão doce ou pipoca doce e salgada, e nada que possa ser perigoso para os pequenos.
Interessante é verificar que eles ficaram distantes dos demais familiares, do amigos, e dos conhecidos do dia a dia. Todos com a fisionomia de criança num dia de criança, a que eles, muito embora responsáveis por todo um planejamento, se divertiram igualmente.
Esse é um jeito novo de pensar, e vivido por algumas famílias, mas apreciei essa ideia sobre a qual escrevo de bom humor.
Grata pela leitura.
Enfeite
O dia pensado
Dorme acordado
Ao se deitar,
Que a noite é ao lado
E o sonho é alado
Sem se importar;
Vem enfeitado
Até acordar.
Outros Planos
Conforme o tempo sobra,
Alonga e se desdobra,
Segue o planejamento
Porque Deus o manobra,
E o ânimo se recobra
A cada pensamento;
E a gente colabora
E não sabe o talento.
Louva-a-Deus
Resgata essa boa gente,
Deus. Gente decente
Que é por ti, Senhor.
Por mim, vou contente
Em busca de gente
De quem és Criador,
E porque é premente
Prestar-te um louvor.
Notações
Espremo a agenda
Por querer tempo,
Tempo é uma prenda,
Brinde da agenda,
Divertimento
Que se faz lenda.
Numa legenda
De apontamento.
Sutileza
Desafio
A cansar,
Tricotar
Todo fio
Num dia frio,
E encantar,
Esquentar
Fio por fio
Nesse anil
De céu e mar,
De leve ar,
Ser sutil.
Microcrônica Tudo de Bom
Pela manhã, converso com Deus, e sei o que fazer no dia.
Hoje veio a pergunta:
_Como foi que se deu esta iluminação de hoje?
Respondi que esta é uma tarefa diária.
_Com você é assim que o dia funciona?
Respondi que sim.
_Resolva!
Tudo bem, disse.
Ainda ouvi que essa história de conversar com Deus funciona, só que tem que fazer o que é para ser feito.
_Faça! Concordo com Ele!
Tudo bem, disse.
Assim a semana começa.
Grata pela leitura.
Licença Poética
Semana intensa
Que se compensa
Ao deixa estar,
Quando se pensa,
Numa licença,
Poetizar
Toda a presença
Do caminhar.
A Nave do Universo Paralelo
Magie está fazendo o seu melhor, disse Joan para Archie.
Magie é engenheira e tenta fazer a nave do Universo Paralelo pousar.
A nave era para ser um teste espacial, mas abduziu pessoas comuns sem que os cientistas pudessem evitar. O teste de fazer uma nave para viajar através do Universo Paralelo fugiu ao controle da base espacial, pois lidavam com uma energia experimental, e foi então que aconteceu das consciências se unirem e passarem a experimentar o Universo Paralelo como parte da sua realidade.
Assim, aqui no Brasil, alguém pede para que o automóvel espere para sair da garagem, o motorista respeita o pedido, e, ao invés de gente, dois cachorros passam em frente ao portão. O homem agradece. Os cachorros não eram dele, mas o seguiam. Após passarem pelo portão aberto, foram em frente, e ao final da rua, esperam o semáforo abrir para pedestres e atravessam a rua. Tanto o motorista que esperou a passagem dos cachorros quanto o homem que era seguido por eles observam: um dobrando a esquina e o outro parou para observar a direção que os cachorros tomariam.
Nos Estados Unidos, dois músicos, ao ouvirem, que quando os caminhos cruzavam, era amor, por amor a música, um ano após ouvirem o gracejo, um cede um copo com água ao outro. Estado de consciência pura que era amor pela música: One-two-one-two.
Tudo o que acontece, acontece em segundos, e todos agem sem nenhuma crítica à razão pura.
Todos são absolutamente verdadeiros entre si nesse Universo Paralelo.
Poderia se dizer que seria medo, mas todos estão tranquilos sabendo-se participantes dessa nave.
Magie avisa que assim que conseguir trará todos de volta ao estado da consciência humana, e que os passegeiro precisam saber dessa modificação na vida deles. Eles estão na nave da consciência pura.
Quando voltarem a realidade estará modificada, pois houveram interações entre as consciências abduzidas pela nave do Universo Paralelo.
Magie mostra os planos e pede a colaboração e a compreensão entre eles sobre a existência vivida nesse Universo Paralelo.
Será outro o tempo, muito embora para eles, enquanto humanos, a forma física estará envelhecida, segundo os cálculos dela, em aproximadamente três anos.
Não se sabe ainda as consequências dessa experiência que fugiu ao controle científico, e todos devem ter consciência disso.
Distribuídos os avisos aos passageiros, ela os prepara para o pouso, para a dimensão não racional-emocional humana.
Deseja bom pouso, mesmo sendo ela uma das passageiras.
Archie e Joan se entreolham e aguardam o pouso.
Histórias de Viagem / Crônica
A viagem se repete enquanto penso.
O rio, o lanche, a picada da aranha. Ser picada por aranha em local diferente do nosso habitat é algo completamente diferente.
No dia seguinte, passeio de barco.
O auxiliar do barqueiro, que conversava com os turistas, perguntou o que havia acontecido com o meu braço e eu contei a ele.
Extremamente atencioso, enquanto atendia outros turistas, pesquisou nos órgãos oficiais o catálogo das aranhas e pediu que eu a reconhecesse.
Ao reconhecer a aranha, uma passageira pediu para ver a foto. Era médica e disse que eu precisaria ir até a farmácia comprar uma pomada.
Agradeci.
Nesse ínterim, alguns passageiros do barco olhavam para o senhor que atendia os turistas, porque ele tinha apenas um dente superior, posterior, e único.
Ao observar que alguns passageiros observavam o seu único dente, ele disse que era o único dente que lhe restara, e que todos eles tiveram um significado, e que quando fosse necessário, ele o extrairia, o que não era o caso.
Fui até a farmácia obedecendo a médica passageira do barco, e guardo a pomada como lembrança.
Cada vez que eu penso nessa viagem, eu reflito, parece que novos dias mágicos acontecem.
Impossível não rir com as frases ouvidas, mesmo sendo para levar a sério, mas pela espontaneidade e o medo ou espanto que causam pegam a gente de surpresa.
Que protesto maravilhoso:
_É o meu primeiro dia nesse emprego e eu não vou enfiar a faca (bisturi) em ninguém. Sabe o que procurar um bom emprego? Mandar currículo atrás de currículo e esperar uma resposta positiva de um profissional de saúde?
Apoio essa moça incondicionalmente, por razões óbvias,
Resolvida a questão do bisturi, caminho para sentir o vento e a vida enquanto vou até a farmácia.
Muito provavelmente picada de inseto, o que justificaria esse tempo todo depois da picada de aranha me incomodando com dois furinhos.
Enquanto caminho, estou no barco, o barco joga mansamente pelas águas de um rio.
Chego até a farmácia para as compras de rotina.
A atendente da farmácia disse que o que eu queria estava em falta. A diferença no atendimento foi que ela olhou bem e disse:
_Mais duas quadras e a senhora consegue comprar. Ensinou o caminho e assobiou, ensinando:
"Vira aqui, gesto, assobio, depois vira ali, gesto, assobio, e pronto, achou."
Obedeço a atendente da farmácia e consigo o que preciso comprar.
Ao caminhar sinto como se tivesse saído de um mundo de andróides e encontrado seres humanos.
Humanos, como um barco que navega num rio devagar e com boa vontade, com um velho marinheiro com histórias pra contar, como a juventude dessas moças querendo ser prestativas, como a brisa leve que trouxe exercício e alívio.
Semana cheia de história, cheia de gente, que faz pensar que a humanidade está nesse barco, e que podemos esperançar as pessoas.
Grata pela leitura.
Grata pela leitura.
Boa Questão / Crônica
Questão de saúde, igualmente, mas diferente, com um final que permite questionar.
A semana está boa para conversas diversas, e com a temperatura amena, a gente sai como se o verão tivesse chegado.
Num ambiente lotado de mulheres, as conversas, os telefonemas, as avós e bisavós, enfim, todos estavam animados pela quantidade de gente com tempo para se sentar e conversar sobre temas diversos, e observei que algumas delas já compram presentes de Natal, a fim de não salgarem o preço da festa.
Em meio a multiplicidade de conversas, disse que uma amiga faria falta neste final de ano.
O que aconteceu, perguntou a outra mulher.
Aquela mulher contou que a amiga havia falecido.
_Como? Do que? Ela tinha só cinquenta e poucos anos.
Conforme ouvi, conto para vocês.
_Bem, a Maria tinha artrite reumatóide e tomava remédios para as dores constantes.
A outra antecipou-se:
_Os remédios fizeram mal?
A resposta foi não, mas ela ficou com gastrite devido aos remédios, mas precisava dos remédios porque as dores da artrite eram muitas.
Assim continuou:
_Nesse vai e vem aos médicos, ela fez um exame e descobriu que tinha ruptura de um ligamento e foi obrigada a se submeter a uma cirurgia para corrigir a situação.
A outra, antecipou-se novamente:
_Ah, a cirurgia não foi bem sucedida.
A resposta foi não novamente. Fez um gesto que pedia para a outra ouvir a história até o final.
Continuou dizendo que a cirurgia foi bem sucedida, que a Maria foi para casa e teve o repouso que precisava.
A outra, agora, ficou impaciente.
_Foi tudo bem, mas ela morreu. Quer contar de uma vez, exclamou.
A outra disse que contaria.
_Durante o retorno ao médico, que refez os exames e relatou que a Maria estava liberada para exercícios rotineiros, mas leves. A Maria perguntou ao médico se ela poderia ir para a praia, pois era um lugar plano e poderia caminhar pelas manhãs e se exercitar sem fazer muito esforço. O médico gostou da ideia e a liberou para viajar.
A essa altura, todos em volta estavam ouvindo a história para saber como a Maria tinha falecido. Toda a atenção do lugar era para a história contada.
_Maria fou à praia e fez dois dias de caminhada pela manhã. No terceiro dia, teve um desarranjo intestinal forte e foi até o posto de saúde local para verificar do que se tratava. No posto de saúde foi constatado que Maria havia contraído "Zica". Fora picada por um inseto contaminado.
Para terminar a história, Maria ficou desidratada, foi levada ao hospital da região e não resistiu e faleceu na cidade aonde havia o hospital.
Eu poderia questionar infinitamente os problemas do litoral, mas creio que é mais útil ao leitor saber de tal risco.
O calor e as chuvas, o mosquito, a falta de higiene com a água parada e, por que não, água parada nas latas de lixo.
Ao escrever, pensei que seria uma boa questão, e que os veranistas não deixem de usar os repelentes, essenciais na bagagem.
Grata pela leitura.