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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

domingo, 5 de janeiro de 2020

Toda a Diferença

Toda a Diferença

     Gaia, filha de imigrantes italianos, um dia conseguiu visitar o país de onde vieram seus ancestrais.
     Esperou a fila para pegar a condução que a levaria ao hotel. A ambientação da fila, com latinos conversadores começou a descontrair a emoção de estar na Itália, Roma.
     Em seguida saiu para comprar água, depois saiu para comprar biscoitos, e no caminho aproveitou para comer pizza, e sentiu-se bem.
     Depois comeu macarrão com conchinhas, mínimas ostras que possibilitam um jantar de quarenta minutos ao abrir uma a uma para comer com uma garfada de macarrão.
     No dia seguinte foi a vez do metrô e a caminhada de seis horas ao Palatino, escolhendo palmo a palmo o que conhecer sem se emocionar. Tanta história, tanta história.
     Pinocchios às centenas, mas divertidos e dizendo que a mentira não vale a pena.
     Era impossível não se emocionar, cantar dentro do ônibus pelos caminhos do Vesúvio, a fez lacrimejar e sentir um nó na garganta de saudade da infância, mas nada que a macarronada não entrasse saborosa.
     A influência grega, como a ninfa em Pompéia, a conversa amigável e a história não entendida da divisão do Império Romano em dois estilos, o italiano e o espanhol, e nem mesmo o apóstolo Paulo poderia explicar, mas está escrito na Bíblia, e por ele: "Da Espanha, chego a Roma." Algo interessante para os teólogos de plantão.
      Dois países num só lugar e tratados pela população como dois países: Roma e Vaticano. Que ninguém seja imbecil de ir ao Vaticano sem a guia credenciada por aquele país. Obedece quem tem juízo. Avise aos demais sobre isso. Irlandeses avisados. A isso se chama ética.
     Conversar com quem não se conhece, mas tem que conversar, como é que se vai conhecer os outros. Si, chiaro. Todos conversam muito. A educação de casa ajudou muito a conversar e falar e falar e falar.
     Gaia não gritava desde a juventude, reaprendeu a gritar, a dizer não e a sair sem dar satisfação.
     Tratada como gente da terra, pelo sobrenome, embora questionada pela escrita distorcida ao longo de dois séculos: Por que? Para que não fossem confundidos com os que são da Itália. Adiantou? Não, não adiantou, tem razão.
     A brincadeira no aeroporto, a aeromoça escrevendo o nome na forma original. Não, não pode, tem que ser abrasileirado, conforme está escrito no documento para o embarque.
     Sabe o que aconteceu? Sabe porque está no Brasil? Um engano. Sim, sei.
     Sabe quem te rouba? Agora sei. Sabe que o seu nome é italiano? Agora sei. Sabe que parte da sua educação é original da Itália? Não sabia, pensava que era brasileira.
     Gaia voltou ao Brasil, feliz por se conhecer, por saber do seus porques.
     Na saída do avião, um dos membros da tripulação, ao ver Gaia sentada, esperando os passageiros saírem antes dela, não percebeu que ficara sentada no avião já vazio, disse Arrivederci Roma, volte.
     


     
    

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