Algo Pitoresco
Pediram ao guia turístico para que tirasse uma fotografia.
O guia erguia o dedo e baixava o dedo indicador e não tirava a foto.
Com o rosto atento, mas impassivo, pedia para que mativessem a posição da foto. No entanto nada dizia.
Ele sorria, os fotografados sorriam.
O guia era educado e ninguém quis dizer nada, obedecendo ao sorriso que o guia fazia.
Passados alguns minutos, viu-se o flash acender e sabiam que a foto estava tirada.
Quando se aproximaram do guia, ele estava um pouco pálido ao devolver a máquina fotográfica.
_O aborígene, o aborígene, repetia.
_Que aborígene, perguntaram os fotografados.
Ele ainda meio pálido respondeu:
_Do meio do nada ele veio rapidamente e ficou ao lado de vocês para a foto.
_E como foi que nós não vimos?
Ele respondeu aos turistas que o problema foi esse. Eles não viram.
Na primeira fotografia ele caminhava em direção aos turistas e na segunda fotografia, ele postou-se ao lado dos turistas.
Observando a foto em detalhes, o aborígene sorria do outro lado do escudo. Para não ser visto ele carrega uma tela colorida do tamanho de uma porta. Esse escudo colorido faz com que o aborígene não seja percebido.
Descalço, com duas faixas brancas em cada lado do rosto que realçava a cor negra, sem cocar e com um sorriso de pasta de dente, ele veio para a foto.
Se com a mãoi esquerda, ele segurava esse escudo colorido, na direita, ele segurava algo parecido com um bilboquê, para quem não sabe o bilboquê é um brinquedo de madeira antigo.
O fato é que ele quis tirar essa fotografia ao lado de turistas, com sorriso e trajes típicos que não pareciam indígenas, mas de alguma tribo africana.
Resta dizer que ele quer ser encontrado e quer mostrar que é bom, embora com atitude defensiva de escudo e bilboquê?!
Bom, nesse caso, significa dizer que não come carne de gente, não rouba ou é violento. Afinal, nem foi visto pelos outros partícipes da fotografia.
Deve estar perdido. Deve ter visto os turistas na loja de artesanato indígena.
Um dos turistas havia dito que não comprava o artesanato pontiagudo de madeira porque certamente precisaria de autorização para levar em viagem.
O aborígene provavelmente quis dizer que queria encontrar alguma autoridade, pelo menos é uma hipótese plausível, tendo em vista o sorriso observado atrás da lateral do escudo.
Não se sabe qual reação o aborígene teria se os turistas ficassem assustados. Nem os turistas e nem o guia turístico, que demorou a dizer que havia fotografado até que o aborígene se afastasse dos turistas.
Enfim, algo pitoresco.
Um comentário:
Puxa, bota pitoresco mesmo! Imagino a situação!rs Cada uma!! beijos, chica
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