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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

terça-feira, 19 de junho de 2018

Repórter Edson Prado Entrevista Vamp sem Lâmpada

Repórter Edson Prado Entrevista Vamp sem Lâmpada

     O blog chamou o repórter Edson Prado, agora trabalhando como free-lancer devido à diminuição do mercado editorial.
     O blog propôs a ele uma matéria sobre vampiros, tendo em vista que alguns colegas blogueiros insistem e, têm público certo, para os contos de terror.
     Edson disse que, para chamar atenção, fazer alguma mídia particular em cima da entrevista, ele iria entrevistar um vampiro num local sem lâmpadas.
     O blog, em princípio não concordou, afinal chamou o repórter para fazer uma matéria, mas não tinha a menor intenção de expor ninguém a qualquer risco que seja.
     Ele disse que sabia lidar com o assunto e tinha dentes de alho, apetrechos de prata e alguma segura confiança para entrevistar Vamp sem lâmpada.
     Segundo ele, Vamp é um codinome de vampiro, o qual ele não especificaria mais nada, para que Vamp dissesse o que quisesse, livre, leve e solto com os dentes de alho à mão.
     O blog, no caso a dona dele, eu mesma, pensou e decidiu permitir a entrevista.
     Passadas algumas noites, Edson Prado volta ao blog com a matéria, os dentes de alho e os apetrechos de prata.
     A primeira pergunta do blog a ele, foi exatamente essa:
     _Conseguiu fazer a entrevista sem levar nenhuma, bom, desculpem o termo, mas a pergunta foi direta: chupada?
     Ele garantiu que não e ainda mostrou o pescoço íntegro e sem marca nenhuma.
     _Como foi a entrevista?
     Ele disse que a entrevista foi ótima porque Vamp era o tipo de vampiro que deixa o sangue para o final. Ele primeiro tempera a alma antes de consumir, acha mais saboroso. Disse também que era sincero nas arguições porque singelezas não funcionam com vampiros, afinal eles são vampiros e não gente.
     _Que negócio é esse de temperar a alma?
     Ele conta que Vamp gosta de deixar a pessoa sem graça. Olha com olhar de contrariedade a qualquer objeto ou vestimenta, seja qual for.
     _Edson, por favor, exemplifique.
     Edson concordou e disse que se você usar roupa vermelha, ou é comunista ou partidária das coisas do demônio, se você usar amarelo e não for copa do mundo, resolveu ajudar a sinalização do trânsito, está com hepatite, ou fazendo campanha contra a febre amarela. Se você usar cor-de-rosa ou é infantil no sentido de deficiente ou se acha bonitinho ou bonitinha, enfim, de qualque maneira ele faz qualquer um se sentir ridículo.
     _E o que você disse?
     Ele comeu um dente de alho e não disse nada.
     Mas ele continuou o detalhamento da entrevista e perguntou o que Vamp fazia depois que conseguia deixar a pessoa sem graça.
     Vamp contou que, quando alguém se sente sem graça, ela procura melhorar e a ajuda.
     Interrompi e disse que era um absurdo, desde quando vampiro ajuda.
     Ele disse que Vamp ajuda a piorar a situação.
     _Como assim, perguntei.
     Ele disse que Vamp contou um caso em que a pessoa, no caso a vítima, se sentiu tão mal, que pensou em passar uns dias num local que desse posição social ao hóspede. Vamp arrumou um local de hospedagem num bairro nobre de uma grande cidade e a vítima, de tão aborrecida que estava consigo mesma, aceitou.
     _Vamp fez isso?
     Ele disse que Vampa ria soturna. Nesse lugar havia morcegos, mas era muito chique e elegante o local. Bastava que se cuidasse com os morcegos ao cair da tarde e aproveitar a temporada.
     A pessoa voltava pior do que estava antes de ir, se antes se sentia mal com o seu jeito de se comportar, agora tinha acrescentado alguma ansiedade e nervosismo com hora marcada.
     Eu sabia que a entrevista não era um bom assunto, mas apesar de estar aborrecida, pedi para que desse continuação.
     Ele perguntou à Vamp se havia mais algum tempero E o vampiro disse que agora era o momento de providenciar os elementos de bom gosto. Providenciava alguns telefonemas de boutiques que vendiam roupas discretas e consolava o mal estar dizendo que não havia nada que algo preto, bege e cinza não resolvessem. Se a vítima fosse mulher ele ainda aconselhava a fazer uma maquiagem supernatural preferindo a boca no tom bege-base.
     A essa altura, eu exclamei:Que horror!
     Edson disse que a ideia básica de Vamp era essa, um horror com final sangrento-chupado.
     _Ah, está bem, mas como é que o vampiro consegue isso.
     Edson disse que, aos poucos, a vítima fazia a vontade do vampiro, e mudava isso e aquilo para parecer melhor, mas o que acontecia era o inverso, a cada dia ela parecia mais abatida e fraca aos olhos de todos e criava em torno dela um ambiente triste.
     _Espera um pouco, disse eu. A vítima não percebe que está caindo nas mãos de Vamp.
     Ele disse que não percebia e se recusava a comer alho para se defender e era necessário que comesse alho, porque é o tempero que impede o vampiro de sugá-la até o final. Explicou que em determinados ambientes o alho é mal visto porque causa halitose e a vítima era inserida especialmente nesses ambientes.
     _Resuma, por favor, que eu não aguento mais essa história.
     Ele resumiu, dizendo que abatida pelo ânimo que adquirira, facilmente se deixava levar por pessoas sem escrúpulos e Vamp a dominava por completa, ou seja, unhas, cabelos, roupas, maquiagem até que por algum motivo, a pessoa desmaiasse. Vamp providenciaria o funeral.
     Perguntei se todas morriam:
     _Algumas se tornam vampiras.
     Agtadeci ao Edson e nunca mais quero saber desse assunto e até esqueci desses meus óculos chamados de "Elton John".
     Ele me deu um dente de alho e comi às pressas.     

Um comentário:

Célia disse...

Penso em comprar mais alho por aqui...
Abraço.