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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sábado, 13 de agosto de 2016

Passeio Com Pai

Passeio Com Pai



     Boas lembranças não devem alimentar o saudosismo, mas podem ser lembradas com alegria.
     Meu pai e meu irmão iam regularmente para Balneário Camboriú para cumprir alguns compromissos.
     Certa vez, em cima da hora, o meu irmão disse que tinha uma festa e daquela vez não poderia ir junto com ele.
     Meu pai convidou a minha mãe.
     _Para aquele passeio de índio de ir e voltar no mesmo dia? Não. Se for para ir, eu prefiro que fiquemos lá por alguns dias. A Yayá vai com você?
     _Eu?
     _Você nunca foi e precisa saber como é essa viagem? Apronte-se e vá.
     O meu pai sorriu e concordou com a minha mãe.
     O meu irmão, quando soube, recomendou que eu não mudasse em nada o passeio que ele e o pai faziam. O passeio dos dois era bom. Foi muito interessante à recomendação para que eu não comesse hambúrguer, muitas vezes repetida antes da viagem.
     Eu nunca tinha viajado com o meu pai e preparei sanduíches de queijo e biscoitos do tipo ao leite para levar. Comprei também alguns chocolates e duas garrafas com dois litros de água.
     A sacola de viagem estava pronta. As recomendações do meu irmão nos pedindo que eu não mudasse nada no passeio e as bênçãos da minha mãe.
     Pegamos o ônibus na rodoviária e fomos.
     Perto da cidade de Balneário Camboriú, o motorista perguntou se o meu pai gostaria que ele o deixasse no lugar de sempre e ele disse que sim.
     O motorista parou na BR101, rodovia federal, próximo a uma das entradas da cidade.
     Eu olhei para o meu pai e perguntei onde era o ponto de táxi para nós chegarmos à nossa casa da praia.
     _Aqui não tem táxi. Eu e o seu irmão fazemos uma marcha de alguns quilômetros até lá. Eu não quis aborrecer o seu irmão e você não sabe o que é marcha.
     Eu disse a ele que tudo bem, era só ele marchar devagar.
     _Marchar devagar? Negócio feito! Vamos aproveitar e sentir o cheiro da mata nativa e respirar esse ar que não temos na cidade.
     Começamos a andar.
     Passou um quilômetro e a sacola começou a vazar. Uma das garrafas de água estourou dentro da sacola.
     Paramos no meio da estrada e abrimos a sacola. Como a água estava no fundo da sacola, os sanduíches de queijo e os biscoitos não molharam.
     _Jogue fora a garrafa, ele disse.
     Eu disse a ele que já que iríamos jogar fora a garrafa de água que ainda continha mais de meio litro, que comêssemos um sanduíche cada um, pegássemos os copos de papel e déssemos um tempo.
     _Na estrada não se pode ficar parado, é perigoso. É a gente e a estrada e o mato.
     Eu disse a ele que, por favor, segurasse a garrafa, enquanto eu comia um sanduíche.
     Ele começou a rir.
     _Pode deixar, a garrafa furada é a minha. Duvido que tenha água aqui nessa garrafa quando você terminar de comer o sanduíche.
     Comi rápido e tomei o restante de água da garrafa.
     Depois a paisagem nos distraiu e fomos conversando sobre a vida, o mato, o mar e essas tolices tão importantes na vida da gente.
     Duas horas depois chegamos a casa.
     _E agora, o que vamos fazer? Perguntei muito animada.
     A resposta foi a do passeio de índio. Tínhamos alguns compromissos e depois iríamos direto até a rodoviária para voltar à Curitiba.
     Depois de resolvidos os compromissos ele ficou pensativo e eu perguntei o que é que ele tinha.
     _Eu e o seu irmão comemos bolinho de boteco e eu tomo uma xícara de café com leite antes de pegar o ônibus, mas eu estou com você.
     Eu perguntei se o boteco era familiar.
     _Vamos ao boteco!
     Realmente eu olhei para o bolinho do boteco e não simpatizei com ele.
     Ele olhou para mim contrariado e disse que sabia que deveríamos ir a um lugar com hambúrguer.
     Eu disse que não e que ali estava ótimo, mas é que eu tinha trazido sanduíches e não os desperdiçaria.
     _Aceita um refrigerante?
     _Aceito.
     _Quer comer alguma outra coisa?
     _Eu como quando chegarmos a Curitiba.
     Esperei ele comer calmamente o bolinho e tomar café com leite.
     Depois, perguntei sobre o roteiro para chegarmos até a rodoviária.
     _Se você quer fazer conforme eu costumo, são dois quilômetros e meio até a rodoviária e, vamos a pé.
     _Marcha devagar?
     _Muito devagar.
     Caminhamos olhando o povo, as vendas, o saibro e o paralelepípedo da rua.
     Conversávamos e pensávamos um no outro e nas nossas negociações pessoais.
     Chegamos a Curitiba e a família dividiu os sanduíches de queijo restante.
     Palavra dada, palavra cumprida.
     Feliz Dia dos Pais a todos vocês!      


Obs. A doutrina que sigo ensina que podemos atender às expectativas do próximo quando solicitados a fazê-lo. Deste modo, resolvi compartilhar com vocês um dos momentos mais divertidos entre eu e o meu pai, "in memoriam".
    
    

      



3 comentários:

chica disse...

Adorei ler tuas lindas recordações. Ótimo compartilhamento nesse dia especial...Muito bom! bjs, tudo de bom,chica

Odair Ribriro disse...

Boa tarde amiga, voltando ao Blog - abraços!

Gracita disse...

Olá Yayá
Que lindas as tuas recordações. Para você um dia memorável e muito apreciado
Um feliz domingo dos Pais junto aos seus familiares
Beijos