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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Sem Escolha

Sem Escolha

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Errou a sala. Com o livro na mão por acaso. Encontrou o professor de literatura.

_Estou contente em vê-lo.

Ele ficou satisfeito em rever o aluno.

Entre amenidades, lembrou que estava com um livro, cujo tema havia sido matéria de aula.

_O senhor lembra-se deste livro?

O professor olhou admirado para o livro:

_É o tema da aula de hoje. Os meus alunos atuais debaterão o livro hoje. Você quer assistir a aula conosco.

Bem que ele queria, mas tinha um compromisso dali a dez minutos.

_Se você não pode hoje, volte outro dia. Quero saber o que você pensa do livro hoje, agora que é adulto.

Ele agradeceu, olhou no relógio e saiu apressado. Teria pela frente uma discussão filosófica sobre escolhas.

A mestra começou o tema:

_Parte das coisas da vida você escolhe e parte lhes é impostas. Não digo das coisas óbvias tais como ambiente familiar e as relações interpessoais. Eu digo de propósitos interrompidos por fatores alheios e distintos daqueles óbvios com os quais todos convivem. Não sabemos a que propósitos tais coisas acontecem e a probabilidade de virmos saber se há propósito nisso é ínfima. Quando se consegue saber, muito tempo depois do acontecido é sorte, ou, melhor dizendo, esclarecimento do espírito.

A palestra foi muito interessante e prosseguiria em acordo com o cronograma pré-estabelecido.

Nesse interregno de tempo, enquanto trabalhava, chegou o comunicado da chefia:

”Em virtude das chuvas, aqueles cujas casas não foram atingidas pelos alagamentos, estão automaticamente escalados para o plantão. A empresa avisa que contatou com a seguradora e está providenciando o auxílio necessário de acordo com os contratos.”

Qual foi o tema da palestra? Perguntou-se, buscando uma resposta.

Não haverá nova palestra para ele. Tem muito a ser feito pela empresa e pelos colegas cujas casas foram alagadas.

A palestra foi uma preparação e, mesmo, compacta e por continuar, indicou a ele todo um questionamento, que deveria ser pensado em particular, por ele. Sem continuações, sem escolhas, a sós.

Por que e para que aconteceu a coincidência com ele?

No momento em que essas coisas acontecem, sobram perguntas, mas, depois da palestra, o ponto de vista dele estava modificado.

Aconteceu e seguiria sem questionar as suas novas tarefas.

Um comentário:

Sor.Cecilia Codina Masachs disse...

Hola Yayá, cuando somos jóvenes nos preguntamos muchas cosas, aún no hemos aprendido las lecciones más importantes de la vida, ya de adultos no nos preguntamos casi nada. La vida ya nos ha enseñado a relativizar.
Te dejo un beso de ternura.
Sor.Cecilia