Boca da Verdade / Conto
A lenda diz da Boca da Verdade, aquela que devora a mão daqueles que mentem. Existe um lugar onde se tiram fotos com a mão na Boca da Verdade, é uma igreja de rito grego, fica em Roma, na Itália.
As pessoas vão até lá e tiram fotografias para que a verdade seja dita.
Foi assim que aconteceu com Jorge. Conseguiu a fotografia.
Depois da foto foi até uma cafeteria no centro da cidade.
Encontrou-se com Silvana, que pediu um minuto para ir à toalete e voltaria para conversar com ele.
Quando Silvana volta, Jorge pede um minuto, mas para ir buscar uma nota fiscal que havia ficado na loja.
Silvana concordou e, observando que havia uma garrafa de água sobre a mesa, pediu uma também. Enquanto aguardava a vinda da sua água mineral, olhou para a garrafa de água mineral e pensou:
_Não é possível que ele esteja querendo contar que fez amizade com aquela moça, cujo nome era a marca da água mineral.
A água mineral de Silvana veio e era de outra marca e com gás.
Jorge chega e olha a marca da água mineral de Silvana e demonstra pouco caso pela marca de água mineral dela.
_Ah, Jorge, você sabe o que aconteceu. Tudo bem que era caso de vida ou morte, mas o que aconteceu foi grave. A mãe dela, mulher sem atrativo fíco algum, pois até pode se dizer que era feia e empertigada, irritante na fala e nos gestos, estava nervosa, foi até à casa dos seus pais e pediu para conversar com o seu pai sobre a situação que ela enfrentava. A esposa ofereceu à ela a sala de visitas, separada dos cômodos, mas a mulher disse que não era necessário. Depois perguntou à mulher se havia algum espelho na casa onde pudesse se ver, pois não queria demonstrar abatimento pelo sofrimento. A esposa prontamente mostro-lhe o espelho da penteadeira dela no quarto de casal, foi quando ela se olhou no espelho, começou a chorar e se jogou na cama em prantos. A esposa correu até a cozinha para pegar um copo com água para acalmá-la. Ela conversou e se acalmou, mas pediu para conversar ali mesmo porque não queria que os filhos do casal a ouvissem. A esposa concordou, mas foi cuidar das crianças. De vez em quando olhava pelo buraco da fechadura do seu próprio quarto e via o marido, sério e aborrecido, em pé e distante daquela mulher que estava confortavelmente sentada na cama do casal. O marido orientou a mulher como proceder, mesmo achando estranha aquela situação. Acalmou-se e foi embora, também séria e sem choro. Você tem pena da filha dela e eu tenho pena de você.
Jorge se irritou:
_A moça é boa! Você é que é teimosa.
Não adiantava conversar com Jorge, estava certo que estava certo, mas errava.
O motivo daquele sofrimento, provavelmente real, era a própria mulher que se causava.
A verdade, às vezes é incompreensível.
A fotografia na Boca da Verdade fez Jorge ser verdadeiro, mas de que adiantava ser verdadeiro, se errava?
Silvana disse que para ela bastava saber dessa história.
Um comentário:
Interessante. Um conto envolvente. Já há algum tempo, também escrevi lá no blog sobre "a boca da verdade" e o meu post de hoje fala sobre verdade e mentira.
Te convido para ler: 😎 Nem verdade nem mentira, muito pelo contrário.
Um abraço. Tudo de bom.
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