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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Cálculos e Mais Cálculos / Reflexão


Cálculos e Mais Cálculos / Reflexão

     Em meio às palestras, formulo pensamentos, particulares, mas razoavelmente formulados.
     Sobre a desconstrução e o resgate:
     Penso em Stonehenge, as pedras em formato circular. Mudaram as pedras de lugar. O valor cultural não se perdeu, mas a originalidade não existe mais. Reconstruíram o formato e o valor arqueológico, e tudo foi calculado com a exigência energética das pedras e do local de modo que o sol se posiciona da mesma forma sobre elas.
     Sob o meu leigo ponto de vista, o valor é turístico, arqueológico, energético, mas eu me pergunto se seria sobre tais anotações a construção da validade das pedras em local escolhido pelos povos antigos.
     Posso afirmar que valores culturais não retrocedem ao ponto anterior à desconstrução. Os valores culturais se perdem, ou mesmo se transformam, aprimorados ou modificados.
     Penso no exemplo da Inglaterra, porque, aqui no Paraná, estado do Brasil onde fica a cidade de Curitiba, encontra-se o Parque Estadual de Vila Velha, com formações rochosas de milênios, o qual é preservado através de regulamentação para turistas que por ali queiram passear. Eu nunca entrei no Parque Estadual de Vila Velha, mas o avistei de longe, durante um passeio ao interior do estado.
     O ser humano, cria a partir do que existe, e as pedras não foram colocadas pelos homens, portanto de lá não saem, a menos que se transformem e pedregulhos, o que certamente causaria uma comoção jamais vista.
     Um ambiente reconstruído pode ter todos os recursos necessários para fazer um cenário, mas não se torna realidade. Isso significa dizer que ao reconstruir o que foi desconstruído, contrói-se uma Disneylandia, mas não a realidade de Walt Disney.
     Geralmente o resgate e a reconstrução das preciosidades de uma cultura é feita por pessoas cujo saber cultural ultrapassa até mesmo o saber médio especializado. Detalhes não são relevados a um segundo plano, mas reconstroem  em acordo com a sua visão de ideal.
     Enquanto observadora do progresso citadino, observo que a sensação difere do original para a reconstrução perfeita do ser humano. No caso das Pedras de Stonehenge, o que era rústico ficou elaborado, com demonstrações dos cálculos da relocação, e ainda atrai muitos turistas. Local que também não conheço.
     O que sei é que até mesmo as exposições de quadros feitas em museus diferentes transmitem sensações diferentes.
     Essa experiência eu devo contar porque é curiosa e cultural.
     Um museu da cidade passou por reformas e os quadros foram relocados para outro museu. Aconteceu, que na época, eu havia visitado anteriormente o museu e, depois, por motivos escolares, tive que voltar às mesmas obras, que estavam relocadas em outro museu.A distância de alguns meses entre essas visitas compuseram a primeira diferença óbvia, eu contava com seis meses a mais de existência, e embora sendo a mesma pessoa, eu tinha mais aprendizagem escolar, já sabia dividir e multiplicar, digamos dessa maneira.
     A sensação de contato com as mesmas obras de arte foram outras, os espaços retangulares e os corredores entre as salas de exposição chamavam a atenção. O espaço e a arte fizeram muita diferença nessa observação, desde a iluminação até a disposição das obras, que estavam na mesma ordem, porém em alturas diferentes daquelas do outro museu. Enfim, foi uma primeira visita ao museu com as mesmas obras vistas no museu anterior.
     Depois de pronta a reforma do museu onde estavam aqueles quadros, houve uma reinauguração do museu e uma nova visitação. Fiz a terceira visitação ao museu. Desta vez, com a família.
     Quando questionada sobre o que tinha achado do museu novo, respondi:
     _Essa é a terceira vez que vejo os mesmo quadros em espaços diferentes, com novas impressões.
     Como eu já conhecia os quadros, observava atentamente a reação dos meus familiares perante as obras de arte. O pior da história foi que eles gostaram da exposição e do museu reformulado e eu tive que voltar ao museu uma quarta-vez. Fui irônica e disse que qualquer dia eu poderia mostrar o museu para qualquer pessoa que se interessasse na arte da região.
     Simplesmente, eu não voltei a ter a sensação de nenhuma das visitas anteriores ao museu.
     Ou seja, o tempo, o espaço e a percepção não voltam a ser como eram antes, mesmo que se modifiquem ao gosto de um curador de obras de arte.
     Compartilho essa reflexão com vocês, espero que apreciem.
     
     

Um comentário:

Giancarlo disse...

"Un ambiente ricostruito può disporre di tutte le risorse necessarie per creare uno scenario, ma non diventa realtà"...concordo con te.
Buona giornata