Ponto de Vista de Joana
Joana tinha dezesseis anos e trabalhava o dia inteiro. Era digitadora. Naquele tempo era permitido menor de dezoito trabalhar oito horas por dia.
Não tinha hábito ruim ou vícios. Dizia saber tudo de certo e errado que havia nessa vida.
A mãe era uma espécie de "Lampiona", esse gênero feminino de Lampião, mas que se achava a lei.
A despeito de tudo e de todos era se achava a lei. Não dava chance para ninguém.
Tinha com ela uns dizeres muito próprios:
"_Essa gazeteou a aula e não fez nada que eu pudesse castigar. Que seja doméstica até aprender a estudar. "
Mas também se achava no direito de punir.
"_Ah, gazeteou a aula e tomou cerveja. Esse eu conserto. Coloco cachaça no copo dele e ele chega em casa mal. Dentro de casa é que ele vê o que é bom para isso."
"_Unhas compridas? Ah, vou colocar no flanelógrafo que unhas compridas são sinônimos de papel higiênico."
Uma moça corrigia a outra e mais outra e, ao final todas estavam de unhas curtas, ou, quase todas. Havia aquela que diziam que eram limpas desde o berço, o que a magoava, mas criava oportunidade para outras punições para a falta de boas maneiras.
Cresceu levou a vida desse jeito. Leva consigo uma raiva de tudo o que é errado.
O lado bom de Joana foi que ela ensinou às moças em volta a não dizer palavra má, pois só de saber de algum comentário mau, ela punia e punia das maneira que achava certo, sem consultar ninguém.
No entanto, das moças que cresceram e viveram os seus destinos, de Joana todos ainda conservam temor. Apenas temor, e mais nada.
Joana nada sabe de coleguismo, ou das pequenas alegrias da mocidade.
Ela não perdia aula e trabalhava oito horas por dia aos dezesseis anos. Não ria, punia.
Também não entrou para nenhuma atividade que pode punir, mas pela lei.
Esquisita essa vida de Joana.
Um comentário:
È,,, Joana sempre foi mal humorada. Assim é a vida, cada um tem sua forma de viver.
Gostei do seu conto.
Um abraço.
Élys.
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