Liberdade / Crônica do Cotidiano
Estava assistindo televisão e vi uma campanha bonita sobre liberdade, posto que é em prol das futuras gerações. Essa campanha previne o escravagismo e educa através das falas dos próprios jovens.
Essa tal liberdade é difícil de ser exercida.Ela é boa, se acompanhada da responsabilidade.
Eu tenho uma história que me ensinou o que é a liberdade.
Eu completei dezoito anos e não quis aprender a dirigir o veículo.
Talvez essa história seja repetida, mas contém um aspecto diferente, o aspecto da liberdade.
Não me obrigaram a tirar a carteira de motorista, mas o automóvel ficaria à minha espera, muito embora a permissão para entrar como passageira fosse óbvia.
Cheguei aos vinte e um anos de idade e ainda não queria dirigir.
Ah! Vinte e um anos e não queria dirigir.
_Muito bem. Não quer dirigir, não dirija, mas assuma.
Eu não entendi muito bem a palavra "assumir".
Não eram psicólogos, mas foram geniais.
_Assuma que você não quer dirigir perante quem te perguntar.Responda sinceramente sobre essa questão para conhecidos, amigos e adversários, se os tiver e se vierem te perguntar.
Que tarefa difícil foi essa de responder uma a uma das pessoas que eu não queria dirigir.
Eram a liberdade e a responsabilidade caminhando juntas.
Aos vinte e seis anos, um dia, após ter ido ao centro da cidade e passado em frente a uma auto-escola, voltei para casa e disse.
_Eu não sei o que aconteceu comigo, mas ao passar pela auto-escola senti uma vontade imensa de dirigir.
Era quase hora de almoço e me perguntaram a que horas a auto-escola fechava.
Era sábado e a auto-escola fechava à uma hora da tarde.
_Volte para o centro da cidade e se matricule. Se você sentiu vontade é porque está na hora de aprender a dirigir.
Com passos lentos e firmes adentrei a auto-escola e perguntei sobre as condições que não estavam escritas no cartaz de propaganda no lado de fora.
Naquele tempo eram aulas teóricas e o simulador de volante antes de sair para as aulas práticas.
Passaram-se três meses e a carteira de motorista estava nas mãos.
Eles aprontaram de novo.
_Levando-se em consideração de que ela foi carona nossa durante esses anos em que podia dirigir e não quis, pensamos que podemos obter alguma carona com ela.
_Bem que ela podia sair sozinha de vez em quando.
Enfim, a liberdade exige.
Exige que se diga não. Exige que se diga que não é isso. Exige horário adequado. Exige que se assumam fraquezas. O preço da liberdade é a responsabilidade de se assumir, de ter por adversária você mesma.
Essa história eu conto e, a partir dela, algumas conhecidas foram para a auto-escola. Elas me fizeram felizes, me fazem felizes quando as vejo passeando de automóvel por aí.
A juventude já vai longe, mas o meu "Freedom Day" para os não tão jovens está aqui.
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