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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

O Meu Melhor Natal


O Meu Melhor Natal
     Apresentado o Intermezzo opus 142 nº 2 de Schubert, o que se deu Há pouco tempo, lembrei-me do melhor Natal da minha vida, até hoje.
     Naquele tempo existiam radiola (móvel de madeira com toca-discos em três velocidades, a saber: 33, 45 e 78 rotações acrescida de rádio Am e som de alta fidelidade), vitrolas portáteis e, rádios movidos à pilha.
     A radiola era para os discos dos adultos e, para dizer de mim, naquela época eu não queria comprar discos. Eu pedi com insistência um rádio de pilha pequeno, portátil e colorido.
     O meu pai perguntou à minha mãe sobre o presente do menino, porque ele não havia pedido nada de Natal.
     A minha mãe disse a ele que escolhesse um presente de Natal.
     Fomos ao centro da cidade e eu pedi para ver os rádios de pilha. O meu pai e o meu irmão ficaram me observando.
     De repente, o meu irmão pediu um rádio de pilha.
     A minha mãe perguntou o motivo pelo qual ele havia se decidido a querer um rádio de pilha.
     _Questões de futebol entre eu e o pai.
     Ganhamos rádios de pilha coloridos.
     O primeiro jogo de futebol a seguir do Natal foi ouvido naquele rádio de pilha com os dois fazendo estardalhaço na sala.
     Eu ouvia música clássica num fone de ouvido de uma orelha só. O fone de ouvido era monocórdio, pois o som estereofônico veio tempos depois. Na hora em que ligavam a televisão eu estava com eles, mas com o fone de ouvido numa das orelhas.
     Foi o melhor Natal da nossa vida familiar, o mais feliz.
     Todos souberam na família.
     Depois, muito tempo depois, quando o som estereofônico já existia, uma parente, cuja semelhança comigo eram os cabelos, com uma idade que eu ainda não alcancei, e do nada e por nada, trouxe um rádio de pilha novo, mas guardado por anos a fio, pois ela nunca havia ligado o rádio pequeno, em tons de preto e mármore, e me deu de presente de aniversário.
     Fiquei emocionada e o pai e a mãe com as respectivas vozes embargadas, agradeceram e perguntaram por que tamanha gentileza para comigo.
     _Eu sei que ela gosta de rádios de pilha, mas eu não quero que ela perca a capacidade de ser feliz e fazer os outros felizes. Ela me fez feliz naquele Natal.
     Apesar de todas as dificuldades que as pessoas possam atravessar na existência, eu gostaria de dividir com vocês essa mensagem que ela deixou para a humanidade.
     Quanto ao rádio de pilha que ela me deu, eu ouvi canções até que um dia, o rádio se desmontou e não teve conserto. Depois dele é que comprei um pequeno rádio estereofônico.

     

Um comentário:

Célia disse...

Momentos de ternura familiar são mesmo inesquecíveis!
Abraço.