Felicidade Fabricada
Suzana fora advertida para que não seguisse o caminho daquele jeito. Fora avisada que aquele caminho a faria desviar-se dos seus objetivos. Antes que pensem em plágio, aviso que o conto não é baseado em histórias infantis.
Suzana comprava remédios no Paraguai e os trazia ao Brasil para vendê-los. Nenhuma advertência foi ouvida. A moça era muito ambiciosa e desprezava todos os que estavam em volta dela.
Essa história começa no final, onde o caminho não tem volta.
No princípio ela fora vista mentindo para uma amiga. Dizia que os remédios a deixariam melhor para os estudos.
A amiga Sílvia não comprou e comentou que preferiria estudar do seu jeito, mesmo tirando notas abaixo das colegas que se sentavam nas carteiras da frente e tiravam nota dez. Para ela, importava o que conseguia saber com a mente aplicada aos estudos. Artifícios para estudar seria um apoio do qual ela temia depender, e dentro deste raciocínio preferia tirar notas dentro da média, afinal, não sentia necessidade de ser a melhor aluna da sala.
Suzana era diferente, queria ser a melhor aluna da sala, queria o dinheiro das vendas para pagar o melhor colégio, gostava de saber mais que os colegas de sala.
Quando há vendedor, é porque existe o consumo e a clientela.
Certo dia, a professora de história avisou a turma para que não comprassem os medicamentos vendidos aleatoriamente próximos à escola. A filha da professora havia tomado e passado mal; agora faltavam as aulas da escola e todos na casa da professora ficaram muito aborrecidos com o fato. Não seria pelo fato da mãe ser professora que a filha devesse ser exemplo de notas altas. Cada um é cada um e, por certo, a filha dela tinha a sua própria vocação. A professora se dizia arrependida de ter colocado a filha para estudar no colégio onde lecionava.
Os alunos, sabendo o nome da vendedora, foram conversar com Suzana, mas de nada adiantou.
_Ela não soube usar a medicação. Eu ensino a maneira correta para que se estude a noite inteira e não me responsabilizo por quem não segue as minhas recomendações.
Ao ouvir o argumento de Suzana, um dos seus colegas disse a ela que não acreditava que ela usasse os remédios que vendia.
Suzana disse que usava e pediu ao colega que visse as suas notas.
O fato era que Suzana começou a tirar notas altas a partir do momento no qual passou a estudar durante a noite. Às vezes ficava dois ou três dias sem dormir bancando a venda no horário fora da escola, o estudo e a frequência às aulas. Nesses dias ficava irritadiça e o seu olhar denunciava a noite mal dormida.
Sílvia era uma aluna de notas médias, sem notas excessivamente baixas e sem notas altas.
Suzana queria mais fregueses para compensar o seu uso de medicações irregulares.
Sílvia disse não à Suzana, mas ela foi às outras escolas e vendeu o seu produto para estudantes que queriam uma competência sobrenatural nos estudos.
Terminado o curso, cada um deles seguiu a sua vocação.
Suzana também seguiu a sua vocação, mas não mais dispensava os seus medicamentos. Quando deu por si, estava dependente das medicações que ela vendia aos colegas. Inteligente, foi ao médico, que substituiu a medicação, a dependência das novas substâncias dependeria das reações do organismo dela.
De efeito colateral em efeito colateral, o organismo de Suzana se fragilizava.
Por volta dos quarenta anos era uma profissional realizada, pena precisar de tantos remédios. O sucesso profissional não compensava a vida que levava agora, mas foi ela quem quis esse começo de carreira.
Sílvia não teve tanto sucesso na vida profissional quanto Suzana, mas também não sofreu o que Suzana sofreu.
Não eram amigas, não seria possível. Melhor para Sílvia que assim tenham se sucedidos os acontecimentos. A vida não paga o sucesso do profissional.
4 comentários:
As drogas são assim e criam dependência. Também por cá existem muitas situações parecidas e que como essa acabam mal.
A nossa força interior, a fé e o nosso caráter são os melhores remédios (drogas) para nossa vida. Felicidade fabricada é felicidade mentirosa, por exemplo, o álcool.
Bj. Célia.
Pena que pessoas como a Suzana não tenham noção que fazem mal aos outros e a si mesmos, desnecessariamente.
Abraço.
"Muletas químicas", podem até iludir por algum tempo. Mas, logo cobram alto tributo. Cemitérios, presídios e hospícios, costumam estar cheios de gente que se drogou de ilusões.
Um grande abraço.
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