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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Causo: Sempre a Sogra!

Sempre a Sogra!

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Estava o homem indignado conversando com o amigo.

O amigo, João, perguntou o que ele tinha de errado.

“_Minha sogra morreu e eu viajei ao interior para levar a minha mulher para as últimas homenagens. Fui triste, a minha mulher chorou baixinho durante toda a viagem. Prestei muita atenção na estrada, naquelas circunstâncias todo o cuidado era pouco. Demoramos seis horas na viagem, mas chegamos a tempo para o velório.”

O amigo interrompeu-o perguntando se ela havia deixado uma família grande e se alguém precisaria de ajuda.

“_Deixou cinco filhos, mas estão bem de vida. Nenhum é rico, mas todos podem se sustentar sem ajuda de ninguém, também não há ninguém doente. Quanto a essas preocupações todos estamos tranquilos.”

O amigo comentou que o velório por certo foi deprimente, pelos modos como o amigo se comportava, ele deduzia.

“_Deprimente? Não. Era noite quando as bailarinas chegaram. Uns olhavam para os outros se perguntando se algum deles estava envolvido com danceterias. Ninguém estava. Vieram em seis casais e dois carros. As moças vestidas a caráter, todas de vestido de baile preto; os homens de terno completo preto, camisa branca e gravata borboleta. Chegaram, e perguntaram a quem poderiam se dirigir para prestar a homenagem. O mais irritado era o Geraldo e ele disse que o assunto poderia ser tratado com ele.

O representante dos bailarinos disse que a dona Geraldina havia sido uma das melhores dançarinas do corpo de baile e mostrou as fotos dela dançando boleros, rumbas, rock’nroll, e, até mesmo lambada.

Ocorre que, nenhum de nós sabia das atividades dela como dançarina de salão, muito menos das apresentações dela junto ao corpo de baile da Danceteria Dançando Passam-se as Horas. Todos nós víamos os vestidos de baile dentro de casa, mas ela dizia que os lavava e passava para deixá-los com aspecto de novos para quem quisesse ir às festas com vestidos usados. Nós acreditávamos nela.

Houve a homenagem que era uma flor embutida numa flâmula com o nome da Danceteria.

Eles estavam emocionados e passaram a noite conosco. Eles estavam tristes, nós estávamos indignados com o segredo dela. Todos os filhos casados. Ela morava sozinha, mas nunca saiu vestida para dançar de casa.

A minha mulher ficou com pena dela ter guardado esse segredo, ela compreenderia. A minha mulher gosta de dançar.

Acabo o assunto por aqui e mantenha o respeito. Contei porque estou injuriado de ter ficado na sala de velório mais curiosa da cidade. A minha mulher me compreendeu e prometeu que não terá segredos para comigo ou para com os nossos filhos.

“Antes não tivesse ido, mas foi bom, eu e a minha mulher nos acertamos sobre muitos pontos de vista.”

João, completamente sem graça, depois de o amigo ter dito o motivo do aborrecimento, que, aliás, não era por sua causa, disse que havia se lembrado do compromisso do escritório do sócio. Ele levantou-se e foi embora do bar.

2 comentários:

Célia disse...

Ótima a independência dessa mulher que antes de ser mãe, avó e sogra é mulher com todos os seus sentidos e atributos ativos de viver a vida!
Bj. Célia.

mム尺goん disse...

bom mesmo é sentir que os sonhos não morrem....

obrigada.


beijo