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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Continuando a Vida / Crônica de Supermercado

Continuando a Vida / Crônica de Supermercado

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A vida continua, apesar das dores e perdas. Todos nós perdemos os nossos entes queridos e, como disse o padre, a vez da perda chega para todos os viventes, sem distinção.

Até é saudável procurar sair, retomar a rotina e seguir em frente.

Desta vez fui ao supermercado olhar os ovos de páscoa coloridos para me distrair, muito mais do que pensar em chocolate, se bem que não é um mau pensamento.

Havia uma demonstradora de bombons e ela me ofereceu um para degustar. Aceitei, comi vagarosamente para sentir a maciez do bombom que eu não havia comprado ainda. Nesse ínterim o corre-corre das moças que penduram os ovos na armação própria acima das nossas cabeças.

_O que foi? Perguntei.

As duas moças que chegaram junto à demonstradora dos bombons contavam com ar ofegante:

_A senhora não viu?

Eu não tinha visto nada e a demonstradora também, estávamos entretidas no bombom. Dissemos que não tínhamos visto.

_O homem, o homem!

Olhávamos agora interessadas na história a seguir.

_Um homem veio até a garota que pendurava os ovos e bateu nela. Ela caiu, bateu a cabeça no carrinho de compras. Parece que passa bem, mas está machucada.

A demonstradora perguntou se ela tinha avisado o gerente.

_Ainda não! O homem saiu dali e bateu na moça da outra marca. Ele disse que queria acabar com a Festa da Páscoa. Disse também que odiava a Páscoa, essa desculpa para vender chocolates em forma de ovo. Ele batia e sorria, como se estivesse cumprindo a sua obrigação.

A demonstradora disse para que elas procurassem o gerente imediatamente. Todas elas estavam arrumadas com o uniforme das suas marcas, todas elas corriam o risco de apanhar.

A essa altura o meu bombom perdeu o sabor, engoli depressa o que restava ao paladar e saí dali.

Comprei o pão e iria comprar o leite, quando dois seguranças andaram pelos corredores na busca do tal homem.

Fui para a fila do caixa depressa. Não comprei nada além dos pães.

Gostei de chegar a minha casa. Tem história que deixa a gente atordoada. Uma moça machucada, a outra levando bofetes de um louco que odiava a Festa da Páscoa.

Por certo, os seguranças pegaram o homem e tomaram as providências, mas foi um fato absurdo acontecido perto de mulheres e crianças desprevenidas.

A velha máxima: “Tem gente para tudo nesse mundo”, continua valendo, essa é a realidade.

7 comentários:

Mona Lisa disse...

Tem gente fanática!Infelizmente!

Paga sempre o inocente!

Adorei o texto.

Beijinhos.

Célia disse...

Sabe, Yayá... cada vez mais vejo que o número de desorientados mentais está aumentando...Esse com certeza ainda não passou por perda de entes queridos... Só assim iria ver o que é sofrimento!
Bjs, e fique bem. Célia.

Edum@nes disse...

Neste mundo continua
Gente que com esperança vence
De noite ilumina a lua
De dia o sol aquece!

A pesar das dores e perdas
O destino manda seguir em frente
Por vales e montes sobre as pedras
Com ou sem destino caminha a gente!

Boa noite para você,
amiga Yayá.
Um abraço
Eduardo.

Ivone disse...

Boa noite Yayá, a máxima continua valendo mesmo, "Tem gente para tudo nesse mundo".
Quando estamos distraídos é que mais acontecem coisas esquisitas assim, ficamos às vezes sem saber o que pensar né mesmo?
Estava com saudade, grande abraço!

Ivone

Artes e escritas disse...

Edumanes, obrigada pela sua compreensão.
Ivone, não achei a situação esquisita, achei que era uma situação que deveria ser resolvida e eu não importunei, saí e deixei que os seguranças agissem; gente demais atrapalha. Um abraço a vocês, Yayá.

Bergilde disse...

A insegurança hoje mais que nunca foi tão percebída.Sociopatas caminham ao lado da gente e nem percebemos pois podem ser alguém que até conhecemos.Você agiu muito bem sem se meter nesta confusão. Pena desta funcionária do local.Devemos mesmo estar muito atentos!
Abraços meus,

Unknown disse...

Yayámiga

Estou mesmo de volta depois do pesadelo de dez meses com a recaída da puta da depressão bipolar.

Agora que estou a melhorar a estabilizar-me, QUERO-TE DE VOLTA À NOSSA TRAVESSA onde sinto a tua falta, palavra de honra. Espero-te, como sempre te esperei

Qjs

H