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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

A Polêmica Midiática / Comentário

A Polêmica Midiática / Comentário

     Engana-se quem pensa que este é um texto sobre notícias falsas, vulgo fake news, ou adjacências.

     Quero externar um ponto de vista sobre a modificação cultural devido às mídias existentes.

     Sou do tempo em que a televisão começou no país. Contavam mesmo que eu era uma bebê atenta à televisão durante o dia e acordava com qualquer música à noite.

     Vieram as novelas televisivas que modificaram a cultura, a partir do momento que o papel do vilão ou vilã era mais importante do que o papel do mocinho ou da mocinha. Atrizes chegaram a dizer que fazer um papel de vilã garantia convites para mais uma novela, mas a mocinha, por ter papel de final feliz, tinha que ficar fora das novelas por um tempo.

     Criou-se a imagem midiática de que a vilania seria possivelmente sinônimo de sucesso financeiro na vida pessoal.

     A televisão alcançou, mas também diga-se, inteirou a cultura nacional. Há um filme chamado "Bye, Bye, Brasil" estrelado por Fábio Júnior, que demonstra a pasteurização dos costumes como fator de unidade.

     Os fatores de integração tradicionais como os costumes e a linguagem tiveram que suportar essa invasora chamada televisão com ideias bastantes diferentes a respeito de família, das festas populares e das interações culturais.

     Posso exemplificar com um exemplo bastante simples, a boa educação dizia que uma criança de bom comportamento não pedia aos pais presentes, eles que dessem os presentes conforme quisessem. Para que muitas crianças brincassem haviam as brincadeiras de pega-pega, cabra-cega, e jogos com bolas. A televisão trouxe a publicidade e com ela, as vontades, as exigências infantis, às vezes dispensáveis.

     As escolas acabaram por substituir as mães, e às igrejas cabe a educação familiar. Sinceramente, eu nem sei como é que dão conta de tanta gente que pede orientação, pelo fato de que os genitores não tiveram tempo de fornecer a educação básica quanto ao comportamento.

     Até exagero e digo que a sociedade de hoje é o subproduto da televisão de ontem.

     Há excesso de ideologia, idolatria, e orientações consideradas corretas, quando melhor seria que houvesse educação em casa.

     Há cidades, principalmente no interior do país, onde os seus cidadãos, sem valores de educação apropriada quanto à mentira, o engano e as falácias sobre certo e errado, estão se tornando opressoras, e isso não é culpa de ninguém, mas de um aprendizado televisivo de novelas, onde um controla o que o outro vê e ouve, sem realmente prestar atenção no fato de que se isolam dia a dia pelo comportamento adotado como sendo bom, quando prejudica toda a cidade.

     A individualidade cada vez mais se transforma num bom alvo de crítica, quando deveria ser um fator de aprendizado, respeitado como experiência de vida.

     Os grupos de internet onde se tomam decisões reais, estão se transformando em nichos de raiva provenientes da frustração individual na vida real, mesmo nas mídias sociais.

     Penso que, se decidirem por continuar nesses caminhos de audência de valores necessários à civilização, o futuro será dividido em grupos, mas com o problema consistente e real de que não existem líderes suficientes para todos esses grupos, o que é ambiente propício para todo e qualquer bandido.

     Respeitar os valores da sua educação é que é fundamental, sair para se divertir, quando for possível (estamos em tempos de pandemia), é bom, distrai, e também cria oportunidades para quem vive do entretenimento.

    Eu tinha uma conhecida para a qual assistir brigas era passeio de domingo. Eu sempre recusei esse tipo de convite. Garanto a todos que foi a melhor decisão da juventude, a de nunca sair com a finalidade de assistir brigas juvenis, com acirramento, torcida, vencedores e vencidos. Esporte é melhor que isso e qualquer partida de vôlei e basquete pode ser mais divertido, mesmo para quem não é adepta de esportes, meu caso.

     Peço que reflitam sobre o texto, e que possam melhorar o futuro.             

Um comentário:

Jaime Portela disse...

Concordo com praticamente todo o conteúdo do seu magnífico texto.
Em três ou quatro décadas muitas coisas mudaram, umas para melhor e outras para pior. E a TV teve uma grande influência no pensamento e atitudes da sociedade. E mais recentemente são as redes sociais a "formatar" os comportamentos das pessoas, principalmente as mais jovens. E podemos estar certos que outros fenómenos sociais vão surgir, trazendo consigo muitos males e benefícios para a humanidade.
Gostei muito do seu texto, para ler, reler e reflectir.
Bom fim de semana, querida amiga Yayá.
Beijo.