Bolo
de Fubá / Crônica do Cotidiano
Estamos
quase em junho e começam a aparecer os quitutes típicos e, modéstia à parte, eu
conheço a padaria onde se vende o melhor bolo de fubá da cidade. Exagero?
Depende do paladar de cada um e, para o meu paladar, é o melhor bolo de fubá da
cidade.
Fui até a
padaria e pedi um café com bolo de fubá (milho).
Logo em
seguida chega uma moça e olha para mim. Estou mostrando o meu contentamento com
o bolo de fubá com café.
A moça
olha para a balconista e pergunta se o bolo é tão bom como parece ser a me ver
comer com satisfação.
Chamou?
Chamando ou não chamando eu disse a minha opinião sobre a qualidade do bolo: _É
o melhor bolo de fubá da cidade.
A moça
sorriu para mim, mas perguntou à balconista se o bolo não engordava e a
balconista respondeu:
_O bolo
não engorda. Quem engorda é quem come o bolo.
A
balconista disse a frase e riu-se por não se lembrar de onde foi que aprendeu
algo tão inteligente.
A moça
olhou para mim e perguntou se era muito bom mesmo.
Eu disse
que era e que cada vez que eu vou àquele bairro, eu passo lá e peço café com
bolo de fubá.
A moça
pediu um pedaço de bolo para levar e a balconista disse a ela que ela voltaria
lá, porque realmente o bolo é bom.
Por acaso, na padaria havia jovens de uma
cidade das redondezas. Um deles,
imponente, disse que foi à praia durante o feriado passado e ficou indignado
com o pessoal do hotel que havia reservado para ele e a sua esposa um quarto
com vistas para os fundos do hotel.
_Eu exigi
um quarto melhor. Sou do interior, mas sei o que é bom. Disse a eles para que
não pensassem que eu era matuto. Pedi um quarto de vista para o mar e disse que
vista para a piscina não me interessava. Eu tenho piscina em casa. Aí eu
mostrei quem eu era. O dono do hotel conseguiu um quarto com vista para o mar e
eu passei o feriado com vista para o mar.
Mas os
outros jovens adultos também eram da cidade pequena de onde vinha o jovem. Eles
não viajaram durante o feriado e se reuniram e fizeram uma festa.
O jovem
perguntou se a festa estava boa e eles disseram que estava e, concluiu que o
feriado, por certo, tinha sido bom para todos eles.
Um deles
virou-se para o jovem e disse:
_Para nós
foi. Agora, você querer se arriscar a ser apanhado por um tsunami, não foi
muito bom. De frente para o mar, o que é isso? E, se, por acaso o mar resolve
se encrespar você é o primeiro a ir com o mar?
Ele
engoliu em seco. Depois de tanto esforço por conseguir um quarto com vista para
o mar. Mas não respondeu, murmurou a palavra tsunami várias vezes e não
encontrou resposta.
Nisso
acabou o café e o bolo. A moça pegou o pacote dela com café e bolo de fubá e
foi ao caixa.
Entrei na
fila.
Todos os
presentes conseguiram essas alegrias que só existem nas cidades pequenas.
A gente
precisa disso também.
Um comentário:
Nunca comi bolo de Fubá, nem sei se existe aqui em Lisboa, mas pelo que conta deve ser muito gostoso.
Engraçada a conversa dos jovens do interior, o que lhes veio à mente não foi o amigo ter o prazer de poder observar o mar da janela , mas o risco de estar junto ao mar...
Adorei ler.
Beijinhos
Maria
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