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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Mãe, uma História de Amor...

Mãe, uma História de Amor...

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Estando a mãe doente de uma doença progressiva e incurável, a família decidiu se livrar de um secador de cabelos antigo, sem utilidade alguma, para criar espaço e guardar a câmera fotográfica de 16 megapixels, nova, que bem poderia ficar próxima das mãos da matriarca, para pegá-la quando quisesse, sem dificuldades.

Um objeto que, antes de ir para o lixo reciclável, houve a consulta ao síndico do edifício, que por acaso se encontrava na frente do prédio no momento da chegada da filha ao local, que ficara incumbida da missão “secador de cabelos”.

O síndico disse que o objeto poderia ser colocado junto ao lixo reciclável, mas disse que a Leila, moradora de um dos apartamentos, dias atrás estava procurando um secador desses para comprar. O síndico perguntou para a Giovanna, a filha, se ela daria o objeto para a vizinha da sua mãe.

Giovanna disse que sim e pediu para o síndico intermediar a doação, entrando em contato com a outra moradora.

Leila em seguida bateu à porta do apartamento da mãe de Giovanna. Era uma senhora de cabelos grisalhos, contava que sonhara com a mãe dela, falecida, e que a mãe, em sonho, disse que chegara a hora dela ter o secador de cabelos que tanto gostava de brincar.

_Ouvi alguns sermões por conta do secador de cabelos, que de fato não era brinquedo de criança, necessitava ser ligado na tomada, era quente, e assim por diante. Posso ver o secador?

Ao ver o secador, se emocionou, da mesma marca e modelo, somente a cor era diferente. Embora prateado, tinha um friso preto de enfeite. Ganhou de presente e o levou como uma criança que ganha uma boneca desejada.

Mais tarde, ao se encontrar com o síndico Arnaldo novamente, ela o agradeceu pela gentileza de avisar e contatar a vizinha.

_Não fiz favor nenhum. A senhora saiba que a minha mulher tem um secador desses, usado, ela ganhou de presente da madrinha dela. A madrinha sempre pergunta se ela usa o secador ainda. Nós o conservamos por amor a madrinha. A minha mulher tem outro secador de cabelos, mas aquele foi especial para ela. Tínhamos filhos pequenos e ela não tinha tempo de ir ao salão; ela se arrumava em casa. Usava rolos e grampos na cabeça durante o sábado até que o cabelo secasse, queria estar bonita para visitar a minha mãe e a mãe dela no domingo. Naquele tempo era o passeio que as nossas condições permitiam, passeio que alegrava o domingo de toda a família entre visitas. Temos objetos que não vendemos, seria como vender o amor com o qual ele veio até nós.

Giovanna pensou, lembrou que a mãe não usava aquele secador de cabelos porque era pesado; ela tinha um mais novo e mais leve para se arrumar. A sua mãe não era apegada a eletrodomésticos e ela havia pedido permissão para jogar fora aquele secador.

Entrou no apartamento da mãe e sentou-se no sofá. Contou à mãe da imensa paz que sentia naquele amor que extrapolara todos os sentidos materiais da existência, era como se Deus estivesse a abraçando naquele momento.

A senhora mãe dela, reuniu forças e sorriu, dizendo à filha que não desistisse de amar nesta vida, que com tudo e por tudo que passavam, ele valia ser vivido.

16 comentários:

Imaginário disse...

Saudades, Yayá. Sempre que venho encontro coisas bonitas aqui. Hoje mesmo foi assim. Quanta coisa fica por dizer, não é mesmo? Desfiz um pouco da saudade e deixo forte e terno abraço.
Gilson.

Célia disse...

Entre sonhos e realidades segue a vida de todos nós!
[ ] Célia.

linksdistodaquilo disse...

Lindíssima história, gostei muito...

chica disse...

Linda e bem tocante história!! Coisas que acontecem...beijos,chica

jorgil disse...

Coisas inúteis para uns, podem fazer outros felizes!
saudações amigas.

Mona Lisa disse...

Bela e emocionante história de vida!

Beijos.

Ivone disse...

Yayá, como todos os seus textos esse nem poderia ser diferente, nos faz pensar em quantas coisas guardamos e que poderiam servir para outras pessoas, amei!
Abraços
Ivone

Anônimo disse...

Sim, vale viver cada segundo, Yayá. Tu és de Portugal? Veio teu comentário no meu e-mail e foi então que me dei conta...Sou meio distraída.
Um abraço querida e hoje a noite já inicio os preparativos para a festa. Deve ser muito engraçado uma festa virtual...
Beijos

Artes e escritas disse...

Marisete, que alguém veio de lá, veio. Portugal,da região de Alhos, mas isso se passou por volta de 1.700 d.c. Um abraço a você. Igualmente envio um abraço a todos que leram e comentaram, Yayá.

Evanir disse...


Como estava um pouco afastada estou tentando voltar aos poucos
novamente tentando digerir o desconforto que estou passando no momento.
Eu não posso parar muito menos desistir de lutar como sempre fiz.
E a amizade nos da força sempre para continuar nossa jornada.
Nessa rapida visite convido você a ler minha postagem
também dizer se gostou do novo visual da nossa Viagem.
Linda noite beijos no coração,Evanir.

Bergilde disse...

História triste,mas muito bem contada.
Abraço carinhoso,

silvioafonso disse...

.


Espero você hoje no Bar do
Escritor, caderno em que eu
escrevo nos dias 23 de cada
mês.

Dá essa força, vai!

http://bardoescritor.blogspot.com

Beijos,

silvioafonso






.

mfc disse...

Que conto tão lindo!
E quanta sensibilidade nestas palavras!!

Beijinhos,

Jossara Bes disse...

Olá, Yayá!

Amei o texto, mas hoje te confesso me encantou o título!
Acho que já percebeu que "meu cordão umbilical" nunca foi cortado!
Minha mãe e tudo que se refere a ela, para mim é sagrado! Inclusive as doces lembranças que tenho dela!
É por assim dizer, "Uma História de Amor"!
Tenha um lindo dia!
Beijos!

Sor.Cecilia Codina Masachs disse...

Olá mi querida Yayá. Un buen relato. El amor nos marca la vida aún con un secador de mano pesado.
Gracias
Con ternura
Sor.Cecilia

silvioafonso disse...

.


Você podia ter deixado
de vir, mas a sua gene-
rosidade a impediu que
tomasse essa decisão.
Obrigado, portanto.

Um beijo,

silvioafonso




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