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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

domingo, 8 de junho de 2025

Mal Comparando / Comentário

Mal Comparando / Comentário


     Eram grilos que saltitavam na cabeça.

     Os grilos diziam as mais variadas esquisitices.

     Os grilos moravam na alma, e o corpo era uma sutileza de Deus.

     Ninguém mandava no próprio destino e nem fazia o que dava na cabeça, ideias que vieram fortes nos anos 2.000, mas já éramos quarentões.

     Aos quarenta anos o desino é como se apresenta aos nossos olhos,e a gente lida com ele.

     Os grilos é que eram bons de se conviver, pois traziam a alma exposta a desconhecidos que queríamos conhecer, e que geravam histórias incríveis, como a da moça muito bem nascida e que passara a infância e a juventude comendo , conforme ela confessava: um pão francês com um copo de leite e uma fruta pela manhã, arroz e feijão contados com legumes e um pedaço de proteína, uma fruta às três da tarde e uma sopa antes de deitar, o doce era o açúcar do leite e um bolo simples, quando fosse permitido. Acreditem , esse era o grilo dela, só dela, e a gente chorava com ela e com respeito à sua dor.

     Naquela época os gtilos eram os grandes amigos, porque eram compartilhados.

     Os grilos ajudavam a ser e existir.

     Essa era a tribo, a minha.

     No entanto o grilo da música continua na minha cabeça, tão velho quanto eu. Eutre eu e o grilo e o gtilo e eu.

     O mundo era mais intelectual, e outras tribos eram enfadonhas e sem sentido.

     Os outros grilos amadureceram, mas não mudaram exatamente de opinião, pois ninguém faz o próprio destino e ainda é tolice pensar assim. Ponto de vista é pessoal.

     Destino são as circunstâncias do seu nascimento e livre-arbítrio é a oportunidade de escolher de acordo com a consciência de cada um, e assim as coisas acontecem.

     Enquanto cristâ, tenho o livro de boa ajuda, e o utilizo.

     Alguém já imaginou ter uma escova de dentes e não utilizar? E mesmo assim conseguimos cáries.

     A Bíblia é a higiene da alma, não custa nada dar uma olhadinha nela volta e meia.

     Hoje em dia se conversa menos, e os grilos "são" pelo celular. Haja paciência para digitar as refeições de década descrita acima. O grilo dormiria na metade da descrição e as impressões da alma ficariam resumidas num Aff! bem desenhado e colorido.

     Os grilos fazem falta, pelo menos a quem aprendeu a conviver com eles sem cobrar deles um tempo para serem deletados.

     Ouvi uma música, cujo refrão, irônico, me fez rir, mas é a época, preciso encontrar a autoria, mas deixo escrito aqui, e por enquanto:

     "Coração, se você me deixar, ensina a minha alma a te esquecer".

     Eu gostaria de saber como é que um bicho grilo sobrevive sem a impressão subjetiva da emoção.

     Nessa comparação de épocas, estou gostando de envelhecer, e de permanecer com um grilo aqui e outro ali.

     Grata pela leitura.  

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