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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sábado, 10 de fevereiro de 2024

Algumas / Microcrônica


 Algumas / Minicrônica


     Algumas. Entre elas, eu, todas sessentonas, mas à vontade.

     Duas amigas, e entre elas perguntavam se me conheciam de algum lugar.

     Passei por elas e disse bom dia.

     Disseram bom dia, mas ficaram intrigadas.

     Penso que ela desejavam encontrar alguma conhecida, nada além disso.

     Olhei na vitrine um vestido bonito, florido, e embora de cores fortes, chamava a atenção pela graça e leveza.

     A meu lado uma senhora disse ao filho, que o vestido era bonito, mas deveria ser caro, pela marca e qualidade da confecção emprestadas ao amarelo e branco.

     Ao ouvir a frase, entrei na loja e procureia etiqueta do vestido.

     Imediatamente, ela e o filho entraram na loja, e de fato, era um vestido de algodão que custava mil reais.

     A senhora começou a conversar comigo, contando que o filho queria dar um vestido a ela, mas aos sessenta anos tal vestido não fazia o menor sentido.

     Apareceu a vendedora e nos chamou para ver as promoções.

     Olhei e não me interessei por nada.

     A senhora olhou e procurou algo da promoção, contando a história dela:

     _Lá em casa quem entende de moda é ele. Ele é estilista e está se saindo muito bem. Quer me agradecer pela educação comprando um vestido de marca, mas eu não quero que ele gaste muito comigo.

     Hora de sair da loja, desejei boas compras a mãe e filho e fui ver vitrines.

     Pensei em ir até a livraria, mas quando passei em frente à livraria, estava uma senhora, e ela me olhou e olhou para a frente dos pensamentos dela. Deixou claro que os seus cabelos brancos estavam em outro lugar e com outros pensamentos. Estava tá entretida consigo mesmo e tâo à vontade naquele banco de madeira do shopping, que me afastei e deixei-a a refletir. Se tirasse uma fotografia, poderia se dizer que era a da pensadora.

     Não quis café, quis refrigerante.

     Tomei-o gelado.

     Era o meu momento de pensar que foi bom estar com elas, cada uma dentro da sua realidade, mas todas usufruindo um bom momento de liberdade, dizendo ao mundo que têm sessenta e que querem curtir, seja um refri, uma rusga amorosa com o filho, um pensamento solto sem querer dar satisfação a ninguém, ou procurando conhecidos ou trocar ideias avulsas.

     Deixar a rotina por alguns minutos, não mais, mas em busca de bons momentos.

     Bom feriado aos leitores.          

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