A Importância do Outro / Crônica do Cotidiano
Comprei pela internet. Não serviu. Fui trocar.
Fazia tempo que não me divertia assim, com sabor de diversão.
Ao chegar próxima da loja, umas dez moças, juntas, com roupas diferentes, arrumadas, mas todas as roupas em tons de verde. Na loja mais tons de verde em jovens e senhoras.
À tarde comentei que o filme hoje foi: Cinquenta tons de verde, de abacate, periquito, folha, grama, e até musgo. Era muito verde, mas que lembrou-me Casimiro de Abreu, pois havia algo romântico naquele festival de elegantes roupas verdes, e nada daquela odisseia cinzenta, que nem assisti.
O parágrafo acima é verdadeiro, porque as pessoas estavam delicadas e verdadeiras hoje.
_As filas estão começando. Se a senhora puder evitar as compras próximas das datas das festas, melhor para a senhora e melhor para nós.
Conte um pouco mais, pedi.
_São mães e filhos, maridos e namorados, noras e genros, amigos secretos, lembranças para os conhecidos, e as lojas lotam. Fez bem em comprar antes, porque a sua troca está sossegada. Com a loja cheia de gente, é impossível dar atenção à todos.
As vendedoras se importam em bem atender aos clientes, pelo menos nessa loja.
Certamente que um atendimento seco pode ser infrutífero, comentei.
_ Não é exatamente dessa maneira. O cliente faz o nome da loja, indica a loja com valor qualitativo, produtos bons, duradouros, com preço razoável. Em resumo, o cliente bem atendido significa lucro, ou seja prosperidade para o comerciante e boas comissões para nós, vendedoras.
Acho que entendi, sorri.
_Se a senhora puder comentar sobre as vantagens, para os consumidores, de virem às compras com tempo, isso será bom.
No meio da conversa passa um casal com uma criança, e conversa de criança, além de enternecer, diverte.
_Eu soube na escola que os preços dos brinquedos são mais baratos naquela loja "x" de departamentos. Eu gostaria que vocês fossem comigo lá para verificarmos juntos os preços, assim talvez seja possível dar uma boneca de presente de Natal para a maninha.
Os pais olharam para o menino e responderam que certamente a irmãzinha do menino ganharia um presente e que eles trariam a menina para as compras também.
:O menino não continuou o assunto e apontou para a loja.
_Vamos entrar ali e ver as ofertas.
Lá foram os três para a loja, os três de mãos dadas, pai, mãe e filho. A senhora disse que era melhor comprar o brinquedo de cada um deles separadamente, pois aumentava a privacidade da família.
Ela estava certa. A vendedora também estava certa.
O pensamento do outro foi valorizado, eis a importância do outro, pensei.
Tem momentos leves e lúdicos que precisam ser valorizados, e o dia fica leve para todos.
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