Propósitos
Analisar as canções,
E refazer orações,
Dia de ser e extravasar
Com cuidado as emoções,
As letras, contradições
Do tempo e seu palavrear
Oriundo das gerações,
De gostar ou desgostar.
É um blog com artes e contos, crônicas, comentários, imagens e, arteiros em geral
Propósitos
Analisar as canções,
E refazer orações,
Dia de ser e extravasar
Com cuidado as emoções,
As letras, contradições
Do tempo e seu palavrear
Oriundo das gerações,
De gostar ou desgostar.
Invernal
Dança no tempo
O pensamento,
Como a saudar,
Mas ainda é lento,
Tudo a seu tempo,
E a se pensar,
Azul nevoento,
Sol por brilhar.
Demais
Retrospectiva,
Se não me engano,
Ao próximo ano,
E a perspectiva
É que ainda há pano
E pouco plano;
Há a expectativa
De um quotidiano.
Climática
Estranho tempo,
Mas diz que esfria,
E penso vento,
Não tanto vento,
Porque chovia
Há pouco tempo;
Rápido é o tempo,
Ano, mês, dia.
Talento de Supermercado / Crônica de Supermercado
Ontem fui ao supercado. Com a lista de compras em mãos, verifiquei que algumas luvas para lavar louças estavam sem preços, e muitos produtos não estavam nas prateleiras, praticamente vazias.
Na saída reclamei no balcão de atendimento ao consumidor.
_Quanto ao preço, vou comunicar ao setor responsável pela colocação dos preços nas prateleiras.
Agradeci e ouvi um garoto dizer que os clientes de ontem não imaginariam a semana passada.
_Levaram tudo¹ Estamos sem verduras e frutas, as prateleiras de panetones estão vazias, e além de recompor as prateleiras, vamos reorganizar a seção de aves, que entraram em promoção. Até amanhã é para estar pronto e arrumado, mas somente depois do almoço, quando os caminhões do hortifrutigranjeiro tiverem passado por aqui.
Voltei hoje à tarde. Nem todos os produtos estavam no lugar, e o que tinha já tinha acabado.
Parece que a humanidade que mora na cidade está consumindo mais alimentos frescos do que de costume. Eu também.
Fui noutro supermercado e voltei de mãos vazias.
Fui num terceiro supermercado.
_Onde estão os congelados, perguntei.
Ela me olhou e disse que o que eu queria ou estava naquela fila ou necessitaria esperar pela reposição de alimentos.
Passava eu pela geladeira dos congelados, quando uma jovem reclamou da falta de preço no congelado que ela gostaria de comprar.
Começamos a conversar e contei sobre a reclamação que fiz noutro supermercado.
Ela começou a recitar os que estavam precificados.
Quando ela disse o preço do congelado que eu queria, eu a interrompi:
_Onde está, onde está?
Contei que não havia encontrado em nenhum outro supermercado, porque o estoque estava zerado.
Ela achou o congelado, em final de estoque sob outros congelado, e me entregou o congelados.
Procuramos juntas o preço do congelado que ela queria, Não havia nenhuma etiqueta indicativa de preço indicando o produto.
Não me contive:
_Moça, a sua reclamação da forma como o fez, muito me ajudou a encontrar o congelado.É uma questão de talento saber reclamar de forma a beneficiar outros consumidores que estão no mesmo momento fazendo compras.
Recitar em voz alta os produtos e os respectivos preços de uma prateleira foi uma questão de criatividade.
Agradeci sinceramente, mas ela voltaria às compras somente após o congelado que ela vai comprar tiver o preço fixado na estante dos congelados.
Lápis e Borracha
A cidade esvazia,
E o som é recatado,
Ouvindo a sinfonia,
Sensível nesse dia
De ouvido compartilhado
E atento. Notaria
Quem ouve a melodia,
O lápis e o anotado?
Amor Maior
Não se amarga
A tristeza,
Porque parca
É tal barca
À grandeza
De um rio. Abarca
Um deus-arca
E o põe à mesa.
Consciência da Luz
A paciência
De seguir
É a consaciência
Divertir
Pela ausência
De convir
À cadência
Ao surgir
A existência,
Vem luzir
A experiência
Do devir.
Divinal
Filosofia oriental
Veio bem neste Natal,
Sem querer perfeição
Na razão bem e mal
De história desigual,
A comemoração
Se faz espiritual,
Sensível percepção.
Congestionamento Feliz
Pressa para o Natal,
Quanta gente e alegria
Nesse tempo imparcial,
Mas o diferencial
É uma esperança, é o dia,
Refrescante e frutal
Comemorado igual,
Tão pleno, que sorria.
Iluminação
Traços de vento
Ficam visíveis
Soltos no tempo
Seco e poeirento
De umbrais incríveis
D'um céu sedento;
O alumbramento
Dos mais sensíveis.
Outro Tempo
Racionalização
Da alma? Perda de tempo,
E ainda bem, a razão
Não entende o contratempo
Sem metrificação.
Som desse entendimento
Barroco, de emoção
Divina, é a compreensão
Da sinfonia ou invenção
De voz e de andamento,
E a diferenciação
Da alma é ser o seu tempo.
Parece Fake, Ah / Crônica do Cotidiano
O fato é que acabo de voltar do centro da cidade, onde fui avisada de que recolherão os enfeites de Natal, ainda à venda, no final de semana.
Algumas lojas já retiraram das vistas do consumidor os enfeites de Natal.
Pode-se comprar online, para quem não teve tempo de comprar um enfeite.
Como bem disse, Paulo na carta à Timóteo:
2 Timóteo 4, versículo 2 - "Que pregueis a palavra antes, a tempo e fora do tempo."
Aprender a ser feliz é uma arte, e até o dia 6 de janeiro é possível montar um enfeite de Natal na sua casa, e até mesmo no dia 6 de janeiro, pode-se montar e desmontar o enfeite, se for válido para lhe trazer alguma alegria de viver.
Parece fake ou exagero, mas ouvir que enfeite de Natal é para as lojas centrais e populares porque os enfeites não tem nada a ver, é difícil.
E vou montar quando quiser, ou puder.
Mas vende, disse o vendedor de outra loja, e vão perder de ganhar algum bônus, e eu também, ficou sério.
Escrever desestressa, e permite um certo alívio.
Grata pela leitura.
Irreverente
Diferente,
Mas igual,
Se o normal
Fosse quente,
Não casual
Num jornal
Que é pra gente
Cultural.
Temática Alma
E eu aqui lendo poema
Para me surpreender
Com a estante de ser
Sem ter ido ao cinema,
Mas para deixar ver
O que a alma quer preencher,
E fazer novo o tema,
Sem porquês pra entender.
Interagir
Todo dia é diferente,
Se está frio ou se está quente,
Questão da percepção
Que refere ao somente,
Cada instante da gente
Merece esta atenção,
Porque é ele referente
À palavra em doação.
Iluminações
Iluminar
E decorar
Até esse tempo
Onde buscar
O bem estar
É passatempo
De se gostar
De um pensamento.
Gostei da Imaginação / Crônica do Cotidiano
Gostei daquele casal, da sinceridade deles.
Somos educados, e ao abrir a porta do elevador, em geral oferecemos para os demais que estão aguardando o elevador, para aproveitarem e subirem ou descerem, quando o mesmo chega e abre a porta automática.
A moça, muito simpática e sincera:
_A senhora nos desculpe, mas vamos começar a discutir e costumamos discutir nos corredores, porque o lar é feito para que se tenha paz.
O marido olhou para mim e corroborou:
_Sim, nós precisamos discutir.
Eu disse a eles para que ficassem à vontade, muito embora a travessura fosse para todos.
Todos em meio àquelas invenções tão artísticas como se estivéssemos dentro de uma obra de arte.
Cada um no seu quadrado. Em cada quadrado uma dificuldade.
Não contarei as minhas, mas na hora, ninguém se conteve e todos disseram das suas.
No meu quadrado vinte e cinco graus centígrados no ambiente com direito a aquecedor.
No quadrado vizinho, dezessete graus centígrados de temperatura ambiente, sem aquecedor, mas com ventiladores extras.
A cada pessoa, dificuldades diferentes.
Penso que há formas de interação entre as pessoas de formas exóticas, pois todos conversávamos sobre dificuldades diferentes.
Havia um espaço de interação social, mas achei melhor voltar ao meu quadrado quando começou a discussão sobre a audiência da rádio gospel, em meio as dificuldades deles, no quadrado deles.
Pensei que a conversa não deveria se dar de maneira alguma.
No entanto, a melhor parte do local eram as interações sociais, os salgados e os artigos do supermercado, e as dificuldades.
Na saída do lugar, que parecia uma realidade virtual, perguntavam sobre as dificuldades, e se divertiam com as respostas.
Desestressada, gostando que a rotina esteja a meu lado na semana.
Boa semana para todos.
Conversa
Pergunta histórica é fato
Onde não se paga o pato
Pelo que não aconteceu,
Onde a conversa é aparato
Da palavra, elo imediato,
E que ainda não se esqueceu
Do que era real e sensato,
E era noite ou anoiteceu.
Necessário
Leva tempo
O espelhado
Nesse vento
Onde o acento
Pesquisado
Em dia lento,
Volta ao tempo
Bem calçado.
A Importância do Outro / Crônica do Cotidiano
Comprei pela internet. Não serviu. Fui trocar.
Fazia tempo que não me divertia assim, com sabor de diversão.
Ao chegar próxima da loja, umas dez moças, juntas, com roupas diferentes, arrumadas, mas todas as roupas em tons de verde. Na loja mais tons de verde em jovens e senhoras.
À tarde comentei que o filme hoje foi: Cinquenta tons de verde, de abacate, periquito, folha, grama, e até musgo. Era muito verde, mas que lembrou-me Casimiro de Abreu, pois havia algo romântico naquele festival de elegantes roupas verdes, e nada daquela odisseia cinzenta, que nem assisti.
O parágrafo acima é verdadeiro, porque as pessoas estavam delicadas e verdadeiras hoje.
_As filas estão começando. Se a senhora puder evitar as compras próximas das datas das festas, melhor para a senhora e melhor para nós.
Conte um pouco mais, pedi.
_São mães e filhos, maridos e namorados, noras e genros, amigos secretos, lembranças para os conhecidos, e as lojas lotam. Fez bem em comprar antes, porque a sua troca está sossegada. Com a loja cheia de gente, é impossível dar atenção à todos.
As vendedoras se importam em bem atender aos clientes, pelo menos nessa loja.
Certamente que um atendimento seco pode ser infrutífero, comentei.
_ Não é exatamente dessa maneira. O cliente faz o nome da loja, indica a loja com valor qualitativo, produtos bons, duradouros, com preço razoável. Em resumo, o cliente bem atendido significa lucro, ou seja prosperidade para o comerciante e boas comissões para nós, vendedoras.
Acho que entendi, sorri.
_Se a senhora puder comentar sobre as vantagens, para os consumidores, de virem às compras com tempo, isso será bom.
No meio da conversa passa um casal com uma criança, e conversa de criança, além de enternecer, diverte.
_Eu soube na escola que os preços dos brinquedos são mais baratos naquela loja "x" de departamentos. Eu gostaria que vocês fossem comigo lá para verificarmos juntos os preços, assim talvez seja possível dar uma boneca de presente de Natal para a maninha.
Os pais olharam para o menino e responderam que certamente a irmãzinha do menino ganharia um presente e que eles trariam a menina para as compras também.
:O menino não continuou o assunto e apontou para a loja.
_Vamos entrar ali e ver as ofertas.
Lá foram os três para a loja, os três de mãos dadas, pai, mãe e filho. A senhora disse que era melhor comprar o brinquedo de cada um deles separadamente, pois aumentava a privacidade da família.
Ela estava certa. A vendedora também estava certa.
O pensamento do outro foi valorizado, eis a importância do outro, pensei.
Tem momentos leves e lúdicos que precisam ser valorizados, e o dia fica leve para todos.
Proeza
Quando entender não é ouvir,
Nem dizer, a estranheza
É a palavra dormir,
Normal na natureza,
Dia e noite e seu devir
Feito em sons, gentileza
Da expressão do sentir
Sem dizer ou sorrir.
Humana é o verbo arguir,
Mesmo a escrita a reveza
Com a intenção de influir,
Onde enender é a proeza.
E a Gente Corre da Chuva
A nuvem era escura,
Mas vento não havia,
Nem seca, nem frescura
Era um céu sem ranhura,
Sem noite e sem o dia
Que já fora à candura
De dormir, sem quentura,
Pôr-do-sol não se via
Era céu de aventura,
Que abafava a verdura
E de si se escondia
De uma lua meia-cura,
Um céu de cobertura,
Que o povo via e corria
Ao ônibus com leitura,
Letreiro de fissura
Acesa e luzidia,
Realidade mais pura,
E a noite vem e sua,
Sem lua ou ventania,
De pensamento nua,
Que essa gente segura,
Porque amanhã é outro dia,
Que se faz e se apura.
Mentalização
Teclas puladas,
Por que teimar?
Ir devagar,
Mas bem pensadas.
Lidas, aladas,
Recomeçar
Esse teclar,
Meio desligadas,
Mas continuadas
Mesmo a suar
Sentir o soar,
Mentalizadas.
Bucólico Lugar
O que interessa
Na arte sem pressa
É emocionar
E imaginar.
Em toda peça,
O que se apreça
Sem se pensar
É o divagar
Numa travessa,
Remessa
De ser e estar
C'oa alma a pairar.
Brandura
O que é preciso
É o caminhar
Sem ser conciso,
Ver um sorriso
Por despertar,
Ainda impreciso,
Num improviso,
A alma abrandar.