Dias Icônicos / Crônica
Como bem dizia uma certa tia, pode dizer a verdade porque ninguém acredita.
Tal frase não esquecerei.
Por ser de outro modo de ser, o que é natural e saudável, conto esta história.
Era um desses dias de feriado, exatamente como hoje.
A mãe gostava de filmes, ele gostava de rádio, desestressando a semana com o futebol.
Naquele dia, não.
Perguntou à esposa em tom sério e um pouco austero.
_Você continua gostando dos enlatados? Seja sincera, que eu preciso te dizer algo.
A mulher, respondeu que continuava gostando dos enlatados tanto quanto ele gostava dos jogos de futebol.
Ele pediu que ela o aguardasse um pouco, pois iria ao banheiro antes de terminar a conversa. Pediu para que as crianças o aguardassem junto à mãe.
Enquanto ele foi ao banheiro, ela murmurou:
_Será que ele enlouqueceu?!
Postou ao lado dos filhos e disse que gostava dos enlatados e continuaria gostando dos enlatados, o que era o apelido dos filmes americanos da época.
Ouviu-se abrir a porta do banheiro e todos olhavam com expectativa, para ver o que ele faria ou diria.
Lá apareceu ele com os cabelos molhados, puxados para frente, meio que esticados com um pente, e disse.
_Se você gosta de enatados, cá está o seu marido, um parente do Jerry Lewis, que ele insistia em soletrar como se fosse o w um v.
Ela, começando a rir disse que pensava que ele tivesse enlouquecido, mas agora o vendo vestido e imitanto o ator Jerry Lewis, tinha certeza.
Ò que é isso? Por favor, pense nas crianças, exclamou.
Ele respondeu que era pelas crianças que fazia o que fazia, pois lhe havia sido feito um pedido especial, e o pedido era que conversasse com as crianças sobre Richard Nixon, o problema americano.
Estupefata, pediu a ele que continuasse.
_ Nixon tende a ser mais imortal que o Elvys Presley, porque continuarão as suas ideias.
A esposa pediu a ele que não se metesse em aventuras.
Ele deu uma gargalhada gostosa.
_Pode deixar, mas disseram que disso depende o futuro.
As imitações do Jerry continuaram até que as crianças gravassem na memória essa ideia.
Por diversas vezes ele pediu as crianças que contassem a ele o que ele tinha dito.
Foram tantas as respostas certas, que num dado momento, uma das crianças perguntou se ele poderia voltar a ser o pai normal de todo dia.
Ele, feliz, disse que ele esbravejava durante as partidas e que isso era feio.
_Mãe, não tem jeito, hoje o pai quer bajulação.
A mãe sorriu, pediu para que elese comportasse normalmente, mas perguntou o motivo daquilo.
_Se este conhecimento puder ajudar a eles, me basta.
Depois, um lanche para todos.
Feriados são icônicos, nunca iguais, mas de bom proveito.
Grata pela leitura.
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