A Blusa Extrassensorial / Crônica do Cotidiano
Assim aconteceu. Comprei uma blusa em promoção através da internet, mas por inúmeras escolhar do dia a dia, não pude ir pegar no dia avisado.
Os sonhos, por vezes, são demontrações do subconsciente ao consciente, e não é a primeira vez que acontece.
Sonhei que estava ao telefone, e ela, alguém que não vem ao caso, discutia severamente, mas sobre a blusa.
"_Aquela blusa é como se fosse minha, se estivesse viva. Aquela blusa sou eu. Se você usar a blusa que você comprou, você será transformada no que fui e nas minhas representações sociais."
Respondia eu, em sonho, que eu tinha comprado a blusa porque estava num preço muito mais baixo que de costume, e que precisava pegar a blusa.
Ela me advertia que a blusa não me significava e que eu trocasse por outra peça qualquer em promoção.
Respondia eu, que se a blusa ficasse boa, conforme a internet mostrava, eu iria usar a blusa, parecendo-me ou não com ela.
Ela disse que poderia usar de truques, mas se eu decidisse a ficar com a blusa, que soubesse que jamais voltaria a ser eu mesma.
Pois bem, depois do almoço, fui buscar a blusa comprada, com a consciência preocupada, mas sonho é sonho, um ilusão do inconsciente.
Cheguei à loja e tinha um jovem na minha frente, que se demorou um pouco porque tinha dúvidas sobre trocas e meios de pagamento, e eu esperei com calma, pois faz parte da juventude aprender a fazer compras de maneira certa.
Quando ele saiu, a atendente perguntou sobre o que eu queria, e disse que estava ali para retirar uma blusa comprada pela internet. Ela atendeu rapidamente, mas disse:
_A senhora me desculpe, mas eram tantas as dúvidas do moço que quase me irritei, e não posso me irritat no atendimento ao público.
Ela sabia do dever dela, e eu concordei, mas mal disfarçava a impaciência.
Entregou-me o pacote com a blusa, abriu o pacote e eu achei um pouco maior do que eu esperava que fosse.
Ela disse que em outra loja, há mais ou menos seis quilômetros de distância, tinha a blusa do tamanho que eu queria, com a mesma e igual qualidade oferecida pela loja.
A blusa estava à venda na loja que ela frequentava enquanto viva.
Tive a lívida impressão de que ela me deu uma escolha, ou me transformaria nela, ou escolheria outra blusa.
Nada que uns vinte reais e alguns trocados não resolvesse.
Em pensamento disse a ela e a mim mesma que não, que não queria ser ninguém que não fosse eu mesma.
Demorei meia hora, mas escolhi outra blusa, e deixei aquela blusa, que era muito bonita, ali mesmo.
Não quero nenhuma blusa extrassensorial comigo.
Pé-de-Pato Mangalô três vezes! Fique com Deus!
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