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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

A Blusa Extrassensorial / Crônica do Cotidiano

 A Blusa Extrassensorial / Crônica do Cotidiano


     Assim aconteceu. Comprei uma blusa em promoção através da internet, mas por inúmeras escolhar do dia a dia, não pude ir pegar no dia avisado.

     Os sonhos, por vezes, são demontrações do subconsciente ao consciente, e não é a primeira vez que acontece.

     Sonhei que estava ao telefone, e ela, alguém que não vem ao caso, discutia severamente, mas sobre a blusa.

     "_Aquela blusa é como se fosse minha, se estivesse viva. Aquela blusa sou eu. Se você usar a blusa que você comprou, você será transformada no que fui e nas minhas representações sociais."

     Respondia eu, em sonho, que eu tinha comprado a blusa porque estava num preço muito mais baixo que de costume, e que precisava pegar a blusa.

     Ela me advertia que a blusa não me significava e que eu trocasse por outra peça qualquer em promoção.

     Respondia eu, que se a blusa ficasse boa, conforme a internet mostrava, eu iria usar a blusa, parecendo-me ou não com ela.

     Ela disse que poderia usar de truques, mas se eu decidisse a ficar com a blusa, que soubesse que jamais voltaria a ser eu mesma.

     Pois bem, depois do almoço, fui buscar a blusa comprada, com a consciência preocupada, mas sonho é sonho, um ilusão do inconsciente.

     Cheguei à loja e tinha um jovem na minha frente, que se demorou um pouco porque tinha dúvidas sobre trocas e meios de pagamento, e eu esperei com calma, pois faz parte da juventude aprender a fazer compras de maneira certa.

     Quando ele saiu, a atendente perguntou sobre o que eu queria, e disse que estava ali para retirar uma blusa comprada pela internet. Ela atendeu rapidamente, mas disse:

     _A senhora me desculpe, mas eram tantas as dúvidas do moço que quase me irritei, e não posso me irritat no atendimento ao público.

     Ela sabia do dever dela, e eu concordei, mas mal disfarçava a impaciência.

     Entregou-me o pacote com a blusa, abriu o pacote e eu achei um pouco maior do que eu esperava que fosse.

     Ela disse que em outra loja, há mais ou menos seis quilômetros de distância, tinha a blusa do tamanho que eu queria, com a mesma e igual qualidade oferecida pela loja.

     A blusa estava à venda na loja que ela frequentava enquanto viva.

     Tive a lívida impressão de que ela me deu uma escolha, ou me transformaria nela, ou escolheria outra blusa.

     Nada que uns vinte reais e alguns trocados não resolvesse.

     Em pensamento disse a ela e a mim mesma que não, que não queria ser ninguém que não fosse eu mesma.

     Demorei meia hora, mas escolhi outra blusa, e deixei aquela blusa, que era muito bonita, ali mesmo.

     Não quero nenhuma blusa extrassensorial comigo.

     Pé-de-Pato Mangalô três vezes! Fique com Deus! 

     

     

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