A Conexão
Aquele pedaço de sabonete derretido embaixo do chuveiro me era estranho, pois não se parecia com nenhum dos sabonetes das saboneteiras. Peguei um pedaço de papel para retirá-lo do piso. foi aí que descobri que não era nenhum sabonete, era de plástico.
Olhei para cima e observei o chuveiro devidamente engatado por um caninho de metal. o conector era aquilo que eu encontrei no piso embaixo do chuveiro.
Contei a história para alguns conhecidos e disse que iria comprar um conector novo para o chuveiro. Arrumei, do meu jeito, troquei a peça e parece que tão cedo não derrete.
Assim como essa peça derretida, tenho certeza que a gente não percebe tudo o que está acontecendo a nossa volta.
São diálogos truncados, são definições desconhecidas, são novidades que a gente tem que aprender e, por último, são as incompreensões quando dizemos que não temos habilidade suficiente para certas atividades.
Nascem assim os desencontros. Nem todos os desencontros se resolvem. É a tal da incompatibilidade de gênio. Ora, sem afinidades, não há conversa que dê certo e isso é normal.
Para a conhecida, o negócio do chuveiro e a frase: Parece que não veem que não vai dar certo, deixou-a surpresa.
Ainda no mesmo dia, depois de comprar o conector, encontrei-a novamente na ida ao supermercado.
_Tudo bem? Comprei o conector por um real e setenta e cinco centavos aqui no bairro.
Ela contou que os pães estavam saindo do forno e que estava contente com a compra.
Em comum, temos as compras e temos assunto agradável.
Esse é um bom diálogo.
Se eu não conseguisse descascar os fios e colocar o conector com a chave de luz desligada, eu teria que chamar um técnico para trocar o conector do chuveiro. É difícil dizer isso, mas tem tarefas que a gente não consegue fazer, mesmo que seja simples.
Parece que tem gente que não entende que, pode haver uma impossibilidade, que não é má vontade.
É a impossibilidade espiritual, aquele dom ao qual, não temos a graça de ser capacitados.
Nem tudo depende do esforço pessoal, há coisas e atividades, cuja aversão é da natureza do ser em particular; há outras cujo esforço compensa e há outras, ainda, as quais fazemos facilmente.
Com os diálogos e as pessoas, é mais ou menos do mesmo jeito.
Quem diz os nossos limites para certas aptidões somos nós mesmos.
O mundo anda em confusão ultimamente, seja em consequência dos conflitos bélicos, seja pelos conflitos pelo prazer de ganhar uma conversa, ou, dominar o adversário.
Vamos começar por respeitarmos a nós mesmos, depois pratiquemos esse respeito com o próximo; consigamos um limite nas discussões.
Um comentário:
Excelente texto reflexivo que nos leva a analisar que monopolizar atitudes não é o correto. Delegar, pedir ajuda e respeitar individualidades é minha luta constante!
Abraço.
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