Atônitos
/ Crônica do Cotidiano
Estou
atônita, a rua está atônita, os pensamentos estão procurando uma razão para o
que presenciamos.
Um homem,
de mais ou menos quarenta anos, conforme os comentários chegaram até mim.
Ele
caminhava pela calçada em frente a uma loja de som, quando, segundo comentam –
o verbo está no presente, porque naquela rua o dia hoje será esquisito, colocou
uma das mãos em uma das orelhas e tombou.
Chamaram
o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Emergência) e o pessoal do SAMU chamou
o IML (Instituto médico legal).
“Coração
parado.” Mal súbito ou um enfarto ou qualquer coisa assim.
Uma moça
me convidou para ir ver a cena. Não! Vamos deixar o pessoal trabalhar
sossegado.
O
trabalho por ali foi prejudicado, não havia condições para mais ninguém manter
o foco.
Deus
mandou um telegrama urgente para aquele cidadão, morreu.
Sentei
numa panificadora por ali, tomei café sem querer tomar café, para deixar o
tempo de o susto passar.
Alguns
estavam parados com o olhar longe, pensando na morte.
Dois
idosos conversavam muito nervosos, dizendo da necessidade de se cuidar da saúde
para que essas coisas não aconteçam a eles.
Caminhei
mais um pouco. Era hora de voltar para casa.
Olhei
para um conhecido, que estava disposto a repetir a história e disse que sabia,
já haviam me contado.
_Usaram
desfribilador (acho que é assim que se escreve) e de nada adiantou. O coração
estava parado. Chamaram o IML para fazer o reconhecimento do homem e os exames
necessários para descobrirem a causa da morte.
Ele me
contava enquanto ambos olhávamos para os policiais que colhiam depoimentos
sobre o acontecimento em frente à loja de som.
Interessante é que estávamos entre estranhos, mas o comportamento era
igual.
A rua
estava de luto por aquele desconhecido que morreu de maneira extremamente
natural.
Quem era
e o que fazia por ali, não se sabe. Provavelmente a família sabe por que as
horas já se passaram entre o que soubemos e o texto.
Termino o
texto pedindo a Deus que conforte os familiares daquele homem que passava em
frente à loja de som.
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