De Costas para a Sereia / Crônica do Absurdo
Se olhar para a praia e ver algo que não seja mar, areia, ou caranguejo, senta-te de costas, é a tua imaginação.
Senta comigo, que frase maravilhosa!
Tomar café da manhã com a Argentina e aprender a apreciar bagel, um pãozinho salgado com linguiça calabresa picada por cima.
Foram dezenas de empréstimos de luz e de amizade com desconhecidos.
Na esquina do mundo éramos dezenas de solitários em família.
Alguns moradores de rua passavam para nos observar,e na rua ele pediu trocado a um homem, e este homem lhe deu cinquenta, sob o olhar estranho da esposa.
Os pastores repetiam sem para que se não amássemos uns aos outros, a nossa açma não descansa, e na rádio se falava sobre a vingança como perniciosa, pois nunca satisfaz a alma, e sempre se quer mais, enquanto que a benevolência sacia e nos faz andar por outros caminhos.
Já, o canto da sereia e as possíveis formas avistadas seriam mortais, que não a deixássemos cantar, e muito menos que se virasse e nos visse.
A argentina estava sozinha e observava o mar sozinha, precisava das algazarras do pátio.
Não era um navio, mas estávamos em um mesmo barco naquela varanda do mundo.
Era uma estranha sensação familiar, e de boa fé nas coisas que a natureza e as cidades podem oferecer.
A familiaridade era tanta, que me chamaram a atenção quanto a calça de linho que vesti pela manhã, advertindo-me que parecia um pijama panamenho e masculino, e que se não era isto, que trocasse de roupa. Amei, e coloquei um vestido.
Difícil é experimentar tudo isso e dizer que nada mudou.
O ser humano pode ser ótimo, mas depende dele querer ser melhor.
Grata pela leitura.
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