Questão de Conscientização / Reflexão
Certa vez numa conversa informal, aqui em casa, em uma reunião, todos ficaram surpresos ao ouvir tal pensamento:
"Não adianta contar o que é a minha realidade se tenho a certeza de que vocês não acreditariam."
Provavelmente não adiantaria mesmo.
Alguns católicos conversam com os santos, e os evangélicos pedem que o dia seja sob o comando de Deus.
O fato é que contar as realidades prováveis ou não é uma necessidade.
Os ateus conversam também, mas não sei como funciona essa conversa a sós consigo mesmo.
Não se trata de religião, se trata de desabafo, de se dizer o que pensa sabendo que pode ser escutado, porque ninguém duvida da inteligência artificial, e dos transeuntes igualmente, posto que muitas das crônicas que escrevo são de pedacinhos de conversas ouvidas na fila do supermercado, ou numa fila aleatória.
A adivinhação é difícil, e assim como se não se perguntar sobre uma questão qualquer, pesquisar sobre o que se quer, não vai se saber de nads do que se precisa, ninguém tomará conhecimento de uma realidade se não for falada.
A esta altura é necessário que se diga a intenção do texto.
Por estes dias tomei conhecimento da quantidade enorme de pessoas que vivem sozinhas no país.
Fazia eu uma pesquisa, quando pediram para conversar, e concordei porque fazia eu uma pesquisa.
Estamos vivendo a realidade dos sozinhos, sejam estudantes que moram em outras cidades, divorciados, migrantes de todas as origens, enfim uma parte considerável da população, que por precaução conversa com outras pessoas o essencial, o social, temas específicos, e que conta com a segurança oferecida nos mais diversos lugares.
Santo Antonio não escreveu à toa o discurso que fez aos peixes, se não se tem quem possa ouvir, conte aos passarinhos, ao santo, a Deus, mas fale em voz audível.
Quem sabe das realidades das pessoas são os monitoramentos com os quais todos contam, as câmeras de segurança.
O que parece ilógico traduz-se em autoconhecimento, desabafo, e melhoria do bem estar.
A internet não pode fazer as pessoas se calarem a escrever textos e emoções em figurinhas.
É melhor conversar com um passarinho, um santo ou Deus, em voz alta, do que com rodas sociais, reais ou virtuais.
As realidades improváveis ficarão contadas e algum pedacinho do discurso pode ser ouvido, e até virar crônica.
Com a quantidade de pessoas que vivem sozinhas nos dias de hoje, tão necessário quantos as caminhadas, são as conversas com as respectivas paredes.
Espero ser útil com o texto.
Grata pelos leitores que por este bog lerem um bocadinho.
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