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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sábado, 24 de setembro de 2022

Rápidas e Sinceras / Crônica de Supermercado

 Rápidas e Sinceras / Crônica de Supermercado


     De vez em quando vou a supermercados distantes, e hoje especificadamente para sair com o tempo bom, porque para amanhã já tem previsão de chuva.

     Enquanro passeio, fui olhar os esmaltes para unhas, e até mesmo cheguei a gostar de uma cor e pensei em comprar, mas apareceram duas senhoras, que ao me observarem, trocaram ideias a meu respeito, e uma delas foi explícita se dirigindo a mim:

     _Dizem que mulher velha não deve ter cabelo comprido, mas ela está bem. Disse isto para a senhora ao lado dela.

     Coloquei o esmalte que iria comprar da cesta e o coloquei na prateleira novamente.

     Olhei para a senhora de cabelo grisalho, presos com um elástico, e perguntei se ela estava se referindo ao meu cabelo.

     _Sim, estou. Eu fui muito criticada porque tinha cabelos grisalhos compridos até a altura da cintura, e cortei, mas eles não estão curtos. As pessoas com as quais convivo me disseram que fica estranho uma mulher velha ter cabelo comprido, mas ficam bem na senhora.

     _ O meu cabelo é mais curo do que na altura da metade das costas, mas também refleti junto a ela que o cabelo é dela e ela escolhe como uasá-lo, inclusive disse que se ela quisesse poderia escolher tingir o cabelo na cor que lhe aprouvesse. Disse também que não existe convenção para corte de cabelo em acordo ao tempo vivido.

     Desejei boa sorte e boa vontade para ter o cabelo que ela achasse ideal, e me dirigi às compras necessárias.

     Comprei o que precisava e fui ao caixa.

     Apareceu uma moça, atendente, preocupada com ela mesma, e disse:

     _Acho que não estou bem, tendo em vista que não tenho sede e nem fome, mas um cansaço muito grande me atinge neste momento.

     Parada eu estava, mas olhei para frente em direção nenhuma, com receio de algum comentário sobre a moça, e senti medo sobre o que pudessem dizer a ela, mas a suavidade foi imediara, na voz de uma colega dela:

     _Só você? Parece que fizemos o melhor, suamos até a exaustão, esta semana era como se fosse indispensável o esforço até o limite, algo que não foi usual.

     Sou obrigada a concordar, foi a sensação da minha semana ter que fazer sem parar, pausar para o almoço e recomeçar a me mexer, até o dia acabar, e sequer pensar se era necessário ou não, como se fosse uma pressa de que a chuva acabasse.

     O que foi que aconteceu com a gente, pensei. Depois de compartilhar a sensação com essa gente desconhecida, foi que me dei conta da busca de um preciosismo musical apenas pela busca, mas ciente de que não era necessário, e sem saber se foi de utilidade ou aprendizado tanta insistência num mesmo compasso.

     Delas não sei porque não as conheço.

     De onde vieram essas impressões e sensações iguais, com palavras sinceras e rápidas, mas não se permitindo buscar desculpa ou obrigação para as sensações comuns, é o que teremos para pensar sem definir tempo fixo, o que seria telepático se não fosse presencial, e o se neste caso real.

     Grata pela leitura!  

     Ela parece ter gostado do que eu disse, posto que continuou olhando o meu cabelo colorido e não natural, mas parece que ela ficou se imaginando com cabelo colorido.

     Ela se sentiu altiva, fez uma postura perfeita e concordou com um menear de cabeça.

       

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