Livro de Conceitos / Reflexão
Antes de conversar sobre este livro, adianto que não sei se o lerei até o fim.
A literatura brasileira volta e meia surpreende com os seus clássicos em edições antigas.
Comprei em liquidação de livros, mas as primeiras cinquenta páginas já mexeram com a alma até um quase estresse, e vocês acharão graça agora:
O nome do livro é "O Missionário", escrito por Inglês de Souza.
Comecei a ler e a discutir os conceitos com um propósito positivo.
Desde o começo há questões fundamentais como a disciplina excessiva e a indisciplina contraditória do jovem seminarista, mas dentro ao contexto são discutidos dogmas, incluindo-se nessa discussão as consequências da malícia e dos pecados não mortais.
Certamente que há pessoas mais ilustradas no que tange a teologia, mas além da teologia, há discussões internas ao texto que se traduzem em alguma liberdade de expressão.
Trago o texto ao dia de hoje, e percebo que a tal liberdade de expressão necessita de conhecimento nos meios nos quais se está inserido, pois no momento nem cogito em usar da livre expressão para questionar a liberdade de se dizer algo a favor ou contra alguma questão sem que apareçam grupos de interesse para os questionar.
Liberdade de expressão, pelo menos para mim, não significa ousar e propositadamente errar para firmar uma posição, mas conversar sobre problemas humanos que, de fato, todos deveriam se expressar, mas que se restringem a poucas pessoas, que tenham alguma liderança dentro aos grupos de interesse de opinião.
Estamos num universo onde para que se tenha uma opinião formada sobre valores humanos de bem viver é preciso que se faça prova de títulos e documentos numa rede social robusta e compatível com tal opinião.
Esse é um valor atual, o que diz que pertencer a um grupo social forte, com um formador de opinião, é o que permite que as pessoas se insiram na sociedade, mas se perde a individualidade ao aceitar e defender ideias, que às vezes não combinam com a personalidade dessa ou daquela pessoa, mas se a pessoa não pertence a um grupo social, interativo e virtual de bom tamanho, ela se torna alguém a ser excluído da civilização.
O fato, no entanto, é de que ninguém está a salvo dos perigos comuns a toda gente, por fazer parte de um grupo, pois os grupos se desmancham na medida dos seus interesses pessoais.
Estou aqui discutindo comigo mesma as primeiras cinquenta páginas do livro, livro este que me apresenta a alguns dos meus tios-avós, professores, que leram Inglês de Souza, como que hoje lê os poemas de Vinícius de Moraes, ou os romances de Jorge Amado, e que usaram o tal livro de maneira memorável e admirável, verdadeiros formadores de opinião.
A opinião é individual e não agressiva, mas é uma expressão legítima da vontade de que a expressa, mesmo usando como subterfúgios o eufemismo.
Enquanto professores, conversavam animadamente sobre o que pensavam sobre um e outro assunto, mas naquela época o assunto não era exposto em rede social e nem alvo de grupos contrários, com interesses diversos, enfim ninguém precisava conversar com o adversário todos os dias através das redes sociais.
Neste ponto, cabe um aparte, sabendo-se que as redes sociais é controlada pelos grupos majoritários de controle das opiniões, pois ninguém irá discutir algo, quando é ciente de que o grupo contrário tem mais de vinte mil seguidores, e que a capacidade de formar opinião do tal grupo é gigante.
Por outro lado, é difícil observar um bate-papo informal sem que haja um internauta a postos para postar no grupo dele algo dito à toa numa conversa informal.
Parece que livrei do estresse das primeiras cinquenta páginas, mas o livro contém muito conteúdo, inclusive conteúdo discutível pela parte contrária, porque eu mesma seria capaz de questionar algumas frases do livro.
De qualquer forma, estou melhor escrevendo o texto e ficarei grata a quem ler este texto repleto de desabafos, obrigada.
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