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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

O Cavalo e o Burro / Miniconto


O Cavalo e o Burro / Miniconto

     Houve um tempo em que a mercearia era uma caleça. A caleça era uma espécie de carroça tendo à frente um assento de encosto móvel, geralmente de dois lugares e atrás uma capota conversível.
     Essa espécie de carroça era guiada por um condutor e a seu lado estava o vendedor, parava de porta em porta, num tempo onde as casas eram afastadas umas das outras e a cidade era um vilarejo.
     Ao ouvir as palmas no portão, a dona da casa se dirigia ao portão e o vendedor pulava da carroça para abrir essa espécie de capota conversível.
     Por dentro via-se o fundo de madeira arrumado com toalhas brancas, o que indicava o capricho da mercearia. Os produtos próprios de eram dispostos em prateleiras e os hortifrutigranjeiros em caixas especiais e, além disso estavam cobertos os pães sempre frescos e crocantes.
     Enquanto a dona de casa verificava os produtos a serem comprados, os cavalos tinham o descanso, a água e algum alimento para continuarem a jornada.
     As crianças corriam para ver os cavalos e uma e outra criança gostava de servir algum capim aos cavalos como se fosse um lazer.
     Dessa maneira seguia a vida da mercearia ambulante.
     Um dia a carroça chega sem cavalos, mas com burros.
     Como de costume, a cena se repetia e uma criança admirou-se a ver burros e correu com um ramo de capim para alimentar os burros.
     O guia da carroça desceu apressadamente e disse: Não!
     A dona da casa, incomodada, disse à criança que não incomodasse mais os animais na frente do responsável, para mostrar que sabia educar a criançada.
     O vendedor se assustou, como se o guia estivesse atrapalhando as vendas, olhando para ele com surpresa.
     Vendedor, dona de casa e criança pararam na frente da carroça, próximos aos burros, esperando por uma explicação, sendo que cada um deles tinha indagado uma questão diferente.
     O guia dos animais amarrou os burros e pediu para que todos se afastassem dos animais.
     _Um cavalo ficou doente e eu estou guiando com muita dificuldade a carroça, pois os burros não estão acostumados à jornada na cidade. Eu mesmo não me arrisco muito com eles.
     Os três ficaram sérios com a resposta, e a dona de casa terminou as compras, a criança entrou em casa e o vendedor seguiu sem dizer nada.
     Passada a semana, a carroça-mercearia chega novamente, a dona de casa vai até à carroça novamente, e a criança sai de casa sob a condição de não alimentar os animais.
     O primeiro homem a descer da carroça, dessa vez foi o guia, e saiu logo contando o que tinha acontecido:
     _Eu não falei que era perigoso? Tive que pagar um atendimento de emergência no bairro aí da frente,e  nem quero dizer mais nada. Agora, diferentemente, hoje, que os cavalos estão bem e puxando a carroça, a criança pode trazer o maço de capim que não tem problema nenhum.
     A dona da casa hesitou, mas o guia colocou um maço de capim nas mãos da criança e disse para ela que poderia alimentar os bichos sem medo.
     A dona da casa observou a criança alimentar os cavalos e, depois fez as compras.
             

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